Beijos e cicatrizes

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No dia seguinte eu mal tinha ido para o Salão das Mulheres quando uma criada me chamou para fora.

— Eu não tenho tempo — Caleb falou meio esbaforido. — Preciso estar na reunião do comitê de infraestrutura em cinco minutos, mas preciso sair do castigo senão não vou conseguir me concentrar em nada.

Revirei os olhos.

— Que tal um lugar menos público?

Ele sorriu puxando-me pelos corredores.

— Por mim, até no inferno.

— Idiota — murmurei sorrindo.

Caleb me levou até uma espécie de sala cheia de quadros, telas e tintas. O ateliê do palácio.

— Agora...

Caleb riu, provavelmente da minha expressão ansiosa.

Ele se inclinou para me beijar. Foi exatamente como os poucos beijos que já havíamos trocados: suave, incerto. Porém, bem no fim Caleb me puxou contra ele, os dedos passeavam em minha cintura, meu rosto, meu pescoço. Ele parecia estar em toda parte, e eu correspondia como se fosse a primeira vez que fazia aquilo, como se fosse tão certo quanto respirar.

— Wow — disse meio sem fôlego, afastando-me gentilmente dele. Caleb tinha um sorriso abobalhado no rosto.

— Decididamente eu não vou conseguir me concentrar no trabalho hoje. A culpa é toda sua, senhorita. Ninguém mandou ser tão perfeita.

Eu ri, ainda meio aérea.

— Ah, cale a boca! — falei lutando contra o desejo de passar a mão a mão contra sua boca que estava toda borrada de batom.

Não deu certo, eu tive que ajudá-lo. Imagina ele chegasse na reunião daquele jeito! Eu provavelmente não estava muito melhor, mas não me importei.

Caleb riu, beijou minha mão e saiu.

Nos dias seguintes eu praticamente não vi Caleb durante o dia, uma vez que ele precisava resolver coisas de príncipe e eu de Selecionada, eu passava a maior parte do tempo com Georgie e Paige e toda noite Caleb aparecia pontualmente às onze de noite só para desejar boa noite e me beijar delicadamente nos lábios.

E toda noite eu ia dormir sorrindo feito uma idiota.

Dessa vez, no entanto, eu tinha um plano.

Eu estive ruminando muito sobre um assunto que Caleb tinha mencionado de brincadeira: confiança. Não pude parar de pensar que ele confiava bastante em mim para contar-me aquela história sobre porque a rainha estivera chorando, contar que haviam ainda descendentes dos Illéa vivos... Caleb não parava de dar sinais de sua confiança em mim, e o que eu tinha dito ou feito que mostrava que confiava nele? Nada.

Aquilo estava me corroendo.

— Alexia. Ainda vestida? — perguntou franzindo as sobrancelhas.

— Pois é. Eu quero conversar com você um assunto.. delicado. Se importa de entrar?

A confusão em seu rosto era hilária, se eu não estivesse tão nervosa provavelmente teria rido da cara dele.

Caleb entrou e olhou em volta procurando alguma coisa.

— O que houve?

— Eu... você confia em mim, certo?

— Certo. E...?

— E eu também confio em você, então resolvi... provar.

Caleb se animou.

— Mesmo?

Uma nova princesa para uma nova Illéa [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora