Bem vindo à família

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— Obrigada Belmout Bar! Tenham uma boa noite! — gritei enquanto as  luzes do palco se apagavam e as cortinas se fechavam à nossa frente com  os gritos da plateia. Virei-me para meus colegas de banda.— Ufa, esse  foi cansativo.

— Sem essa, Lexi. Foi tudo incrível. — Ethan tentou  me animar passando os braços em volta de mim. Eu amava cantar mas tinha  um sério problema com público grande e aquele era provavelmente o maior  show que fizemos.

— De toda forma, vamos sair para beber alguma coisa? Minha garganta parece o deserto.

—  Se a sua parece o deserto como está a minha? Eu que estava cantando! —  falei rindo para Kim, o terceiro e último membro da nossa banda e quase  namorada de Ethan. — Não dá hoje.

— Seu irmão? — Minha amiga  pareceu solidária. Ela tinha quatro irmãos, porém sempre se condoía com a  situação da minha família porque éramos pobres e ela não.

— Yeah.  Deixei o Jay tomando conta dele, mas você sabe como é, odeio abusar. E  hoje vai ser um dia de cão lá em casa porque só tivemos esse show.

Kim sacudiu a cabeça, revoltada.

— Não deixe o seu pai te arrasar, amiga. Qualquer coisa você pode morar lá em casa.

Eu guardei meu violão e pus a bolsa dele nas costas.

—  Ah tá que a sua mãe vai deixar — brinquei mandando beijos de despedida  para eles de forma desnecessária. Kim e Ethan já estavam longe para mim,  na bolha super-romântica que sempre ficavam quando achavam que ninguém  estava vendo.

Felizmente o Belmount era perto o suficiente para ir andando: menos dinheiro para eu gastar.

Quando entrei na rua estreita onde morava não fui para a minha casa e sim a dos nossos vizinhos da frente, os Steelway.

Eu  já era tão de casa que como sempre nem bati, só entrei. E lá estava meu  irmão Patrick brincando com Jay, meu vizinho e melhor amigo.

— Cheguei.

— Lexi! — Patrick gritou e se jogou em cima de mim. — Como foi o show? Tinha muita gente? Você trouxe alguma coisa para mim?

Ri um pouco.

—  Calma, gafanhoto — brinquei afagando o cabelo de Patrick. Eu entreguei a  ele um pirulito gigante e cor-de-rosa e ele gritou de alegria, correndo  para nossa casa à toda. Jay virou para mim com um sorriso brilhante.  Era quase como se ele fosse o irmão.

— Hiperativo, não?

— Nem me diga. Mas não consigo imaginar minha vida sem Patrick.

— Ele tem muita sorte de ter você. — Seus olhos desviaram por um momento. — Mas e o show?

— Ah, Jay! Foi maravilhoso. Tinha tanta gente que eu até pensei em fingir um desmaio.

Ele riu e me abraçou.

— As pessoas devem ter ido à loucura quando ouviram a sua linda voz.

—  Quase isso — falei tirando o cabelo do rosto para não ter que olhá-lo.  Odiava quando ele dizia esse tipo de coisa. — Cadê os seus pais?

—  Em uma galeria de arte no centro. E só voltam às oito. — Ele acariciou o  meu cabelo. Sua voz ficou mais macia — Que tal ficar aqui? Podemos  assistir algum filme.

— Adoraria — respondi igualmente suave,  fechando os olhos por um instante. Olhar para aqueles olhos de ouro  derretido não fazia maravilhas pela minha concentração. — Mas não  posso.Tenho que ir.

Entreguei uma nota de dez dólares para ele.

— Que isso?

— Seu pagamento por cuidar do Patrick.

— Alexia — começou —, eu não quero seu dinheiro. Gosto muito de seu irmão.

—  E ele gosta de você, mas isso não muda o fato de que eu me sinto  péssima por abusar da sua boa vontade. E nem perca seu tempo protestando  porque mesmo que eu leve esse dinheiro de volta eu vou enfiar ele  embaixo do seu travesseiro quando você estiver dormindo.

Jay suspirou e olhou para mim.

— Tem jeito de discutir com você?

— Não. Nós vamos ensaiar na casa da Kim amanhã, às quatro, e eu quero que você vá comigo. Não quero ficar segurando vela.

— Isso é um encontro?

Fiquei vermelha e resolvi evitar a pergunta.

— Por favor? Se você for pelo menos podemos segurar vela juntos, em vez de eu ficar com vontade de me atirar do telhado.

Ele riu.

— Eu estarei lá, mas já vou dizendo que quero mais do que só ficar segurando a vela dos outros.

Ri um pouco de nervoso, mas acabei cedendo. Me despedi dele com um beijo na testa.

Me arrastei para casa tentando aproveitar os poucos momentos que eu teria antes de chegar lá e começar o inferno.

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Olá, leitor (a) que parou por aqui para dar uma chance para a minha primeira história, seja muito bem-vindo (a)! Espero que tenha gostado desse capítulo! Nos vemos no próximo!

~ Beijinhos de luz

Uma nova princesa para uma nova Illéa [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora