Os rebeldes

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Abri os olhos, confusa. Eu estava em um abrigo? Como eu cheguei ali?

Havia um guarda olhando preocupado para mim com uma bandana azul amarrada no pescoço como um lenço. Seus olhos eram negros e familiares.

— Não se mexa, você se machucou feio na cabeça. Acho que levou uma pedrada.

— Cadê todo mundo?

Ele olhou em volta.

— Por aí. Você está com fome? Acho que posso fazer alguma coisa. Macarrão com queijo é uma boa pedida.

Espera aí. Armas, bandanas, querer atirar em mim...

— Vocês são os rebeldes. Você é um deles — falei gelada.

— Sou — afirmou com um sorriso de quem pede desculpas. — A propósito, se eu fosse você nem perderia meu tempo gritando. Ninguém vai ouvir.

— Obrigada pelo aviso.

Eu estava mesmo tendo uma conversa super normal com um cara que me queria morta?

O rapaz parecia saber o que eu estava pensando.

— Não se preocupe, eu nunca iria querer mal a você, Alexia.

— Mesmo? Porque eu tenho a impressão que amarrar alguém na cama não é exatamente "não querer mal".

Ele sorriu.

— Realmente, você é filha dele. Não acho que sua mãe tivesse esse humor ácido. A minha não tinha.

— Desculpe, eu estou meio confusa, senhor rebelde. Do que você está falando?

Ele riu.

— Senhor rebelde? Gostei. — Seus olhos negros brilharam. — Meu nome é Henry. Henry Piper.

— Piper? Esse também é meu sobrenome — ei, eu sei que não devemos falar com estranhos, mas quais eram as minhas opções? Não era exatamente como se eu pudesse fugir.

— Eu sei, eu sou seu irmão. Acho que você estava meio chapada quando falei isso da primeira vez.

— Meu irmão chama Patrick e tem cinco anos. Acho que você está me confundindo com alguém. Ou eu estou realmente muito chapada e dormi por uns vinte anos e você mudou de nome. — Olhei atentamente para ele. — Não foi isso que aconteceu, né?

— Não. Pelo que me lembro, Patrick tem olhos azuis assim com os seus e da sua mãe. Eu fui o filho que pegou os olhos do pai — Ele sorriu. Tinha um bom humor impressionante para um rebelde assassino. — Antes que você pergunte: eu sou o bastardo filho mais velho.

— Bastardo?

— É, nosso amado pai pegou a minha mãe e a descartou grávida, como um objeto usado. Depois se casou com a sua mãe e ela teve você e Patrick.

Ele deu de ombros como se coisas assim acontecessem o tempo todo.

— Olha aqui, meu pai não é exatamente um exemplo da boa conduta, mas não acho que ele pudesse fazer isso, pelo menos não antes de... — de ficar doido quando minha mãe morreu.

Ele me olhou infeliz.

— Antes de se tornar um bêbado? Ele nunca foi do tipo que se segura.

— Como você...?

Ele sorriu tristemente.

— Eu lamento pelas suas costas. Eu estive lá, eu observei de longe todas as vezes, mas nunca tive peito suficiente para proteger você.

Uma nova princesa para uma nova Illéa [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora