Capítulo 15

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Aquele semana havia sido confusa. Pete sentia falta de sua cama e de Bowie. O sofá do hospital era um tanto desconfortável. Porém, tiveram alguns momentos bons em meio o caos que se formara. Pete pôde conhecer sua avó e recuperar um pouco do tempo que havia perdido. Escutou várias histórias sobre sua infância, fazendo-o lembrar de sua mãe e de como a amava. Sentia falta dela muitas vezes, principalmente por não se lembrar muito. Mas agora estava se sentindo mais leve, podia saber que ela realmente fora uma pessoa incrível e que o amou muito.
Sobre tempo perdido, pôde também recuperar o que perdeu com Patrick. Conversaram muito. Era mais tempo do que haviam tido em todos os meses que moravam juntos. Os assuntos eram tantos que quase não ficavam quietos. Ele pensava que seria impossível achar o ruivo mais incrível. Bem, estava errado. A cada minuto sentia uma admiração maior.
Depois de longos dias, ela foi liberada, e como o homem precisaria ficar duas semanas internado, decidiram que era melhor voltar ao apartamento definitivamente. As despedidas foram longas. David teve que prometer ao filho que ligaria todos os dias dando notícias sobre como estava. Pete teve que prometer à sua avó que a visitaria o mais rápido possível. Cada um seguia seu caminho, mas, desta vez, para se encontrarem novamente.
Agora os jovens decidiam como voltariam para sua casa. Estavam exaustos, mas já que não havia necessidade extrema como no outro dia, Pete estava hesitante se deveriam pegar um carro. Toda a adrenalina do outro dia tinha terminado, não sabia se poderia fazer aquilo de novo. Estava inseguro mais uma vez. Sentia como se estivesse a ponto de explodir.
- Ei, se lembra do que aconteceu naquele dia, certo? Você dormiu naquele carro. Sei que estava exausto e preocupado e... tinha muita coisa acontecendo. Mas você conseguiu, Pete. Sei que acha que não é capaz. Mas você é. Não tem problema se quiser evitar um carro novamente, entendo como é difícil. Eu só... não quero que pense que não consegue. Você é forte.
As palavras de Patrick o destruíram por dentro. Estava sem ação, então apenas se jogou nos braços do mais baixo e apertou-o com força contra seu peito. Era uma sensação estranha ter alguém para se apoiar. Sentiu tanta falta daquele sentimento. Parecia que estava se afogando lentamente durante todos aqueles anos e agora finalmente tinha uma pessoa para puxá-lo de volta à superfície.
- Eu consegui - sussurrou.
- Sim, você conseguiu.
- A doutora Nicholson vai ficar orgulhosa de mim.
- É, ela vai - sorriu, acariciando seus cabelos levemente.
Era mais um dos casos em que achariam que eram um casal. No entanto, não podiam estar mais longe de ter um relacionamento. Bem, pelo menos era o que imaginavam.
- Então, vai tentar o carro?
- Sim.
O ruivo sorriu mais ainda, fitando os olhos esverdeados do outro.
- Obrigado, de verdade.
- O prazer é todo meu.
Era impossível que alguém fosse tão perfeito como Patrick naquele instante. Cada pequeno detalhe de seu rosto se encaixava perfeitamente. Sua voz suave e melódica trazia as palavras perfeitas para que ficasse bem. A forma que segurava seu corpo como se fosse feito de vidro, parecendo capaz de protegê-lo de qualquer coisa do mundo era perfeita. Tudo era perfeito, sem exceções.
- Vou chamar um táxi, ok? Nós vamos ficar bem.
Soltou-o, começando a se afastar lentamente. Parecia que a cada passo tornava mais difícil de respirar. A distância nunca fez bem a eles. Parecia ficar pior quanto mais juntos ficavam. Estavam condenados a presença um do outro. Não podiam escapar. As vezes parecia sufocá-los. Mas sabiam que poderiam se encontrar em casa e rir de Bowie sem parar. Poderiam ser simplesmente felizes, como desejavam há tanto tempo.
- Vamos? - o mais novo perguntou, guiando-o até um carro.
- Vamos.
A viagem foi mais assustadora do que esperava. A adrenalina e o desespero faziam um pouco de falta. Houve um momento em que foi necessário pedir para o motorista reduzir a velocidade, o que lhes custaria mais, porém, não se importavam se significasse parar com a falta de ar e o coração acelerado.
Quando o homem que dirigia começou a xingar pessoas de outros carros, foi praticamente impossível permanecer normal. Tentou olhar ao redor e se distrair, mas não conseguia. A voz de seu pai ressoava em seus pensamentos sem parar. O barulho dos carros se chocando voltava a sua mente claro como nunca.
Estava mal até sentir algo cobrindo sua mão.
- Vai ficar tudo bem, ok? - Patrick sorriu, levemente acariciando sua mão com o polegar.
Respirou fundo, focando na sensação de calma que o gesto lhe trazia. Era como se o mundo ao seu redor tivesse parado de existir. O barulho da rua, as pessoas passando, o motorista que acelerava mais do que deveria, nada parecia ter importância. Sabia que não teria conseguido fazer aquilo sem ele. Mas havia feito. Estava conseguindo. Uma grande parte de si estava orgulhosa dos seus feitos. Finalmente estava vencendo seus medos. Sentia que tinha o dever de dar um pouco de crédito a si mesmo. O ruivo fora apenas o empurrão que precisava para tentar e o suporte para que não desistisse.
Gostaria de permanecer daquela maneira para sempre, porém, o toque de seu celular o despertou para a vida real.
Sorriu, vendo que a foto do contato era uma que Andy havia enviado dois dias atrás, de Joe deitado no sofá com Bowie dormindo sobre seu cabelo.
- Hey, Hey Wentz!
- Trohman, como vai?
- Eu tenho que te fazer uma proposta, bro.
- Estou com um pouco de medo agora, mas pode falar.
- Tem uma garota que trabalha comigo e ela... disse que gostaria de sair contigo.
- Oh...
- Ah, não ser que claro você tenha algo com o Patrick. Quer dizer, me falou que eram só amigos, não sei se ainda está assim - acrescentou rapidamente.
- Nós... - fitou o rapaz que olhava para o lado de fora atentamente.
O sol refletia levemente em seu rosto fazendo com que parecesse radiar. Talvez radiasse naturalmente. De qualquer maneira, ficava muito lindo.
- Somos amigos. Só amigos.
Engoliu em seco, sentindo o peso de suas palavras. Sabia que era verdade. Bem, ao menos, era no que tentava acreditar.
- Ótimo, vai querer sair com ela?
- Claro, claro.
Ela poderia ser a sua chance de um final feliz. Poderia ser por quem se apaixonaria e finalmente esqueceria dele. A pessoa certa para ele.
- Pode ser sábado? Assim vai ter um tempo para recompor as energias antes.
- Sim.
- Vou mandar o número dela se quiser mais alguma coisa. No geral vocês vão se encontrar sábado à noite. Depois combinem os detalhes.
- Tudo bem.
- Ah, vocês vão formar um casal lindo!
- Joe - riu.
- Você merece isso, cara.
- Obrigado.
- Ok, agora preciso voltar ao trabalho antes que meu chefe me mate. Se cuida.
- Até mais, Trohman.
- Descansa bastante antes do seu eeeeencontrooo.
Encerrou a ligação, rindo do jeito do amigo.
- Boas notícias? - Patrick disse, exibindo um sorriso digno dos anjos.
- Uh, sim...
Bateu o celular contra a perna, tentando pensar em como não deixar a situação constrangedora.
- O Joe me arrumou um encontro com uma colega dele.
- Oh...
O sorriso dele vacilou por não mais que dois segundos. Qualquer um não teria notado, exceto por alguém que conhecesse bem suas expressões faciais.
- Isso é muito bom. De verdade, muito bom.
- Sim, é...
Ficaram em silêncio, cada um submerso em seus próprios pensamentos. Seus sentimentos se misturavam, formando uma tempestade dentro deles. Sabiam o que precisavam sentir, mas seus corações pareciam não escutar suas mentes, recusando-se a aceitar que estava terminado de uma vez por todas. Haviam dito aquilo mais vezes do que poderiam contar, no entanto, esta era real. Aquela podia ser a chance de Pete de seguir em frente. Não iria desperdiçar por nada. Nem mesmo pelo cara mais perfeito do mundo.

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