11: Novos trabalhos

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Logo após o avião pousar, pai e filho foram para o lado de fora, onde o primo Téo os esperava com seu carro. Era um modelo antigo, usado, mas serviria para guardar as malas grandes que o pai havia colocado as roupas do filho.

Eles se cumprimentaram e o primo pode ver o descontentamento em seu rosto. Ninguém estava feliz com a situação dos tios e avós, mas precisavam lidar com isso.

― Você vai ajudar bastante ― falou o primo. ― Ninguém pode ajudar muito sem tempo disponível. Alguém tem que trabalhar para pagar as contas em casa.

É! Abner também tinha seu emprego, o primeiro com carteira assinada, depois de muito tempo, e seu pai nem se importava. Não ficava feliz, nem esboçava um sorriso, a não ser para caçoar dele.

Conforme Téo dirigia pela cidade em direção a casa onde morava a família de lobos-guará, seu pai lhe instruía do que devia ser feito, como devia ser feito e quando. Não poderia haver muitos erros. Não poderia haver atrasos.

Chegando em frente à casa, Téo parou o carro. Pai e filho tiraram as malas do porta-malas e entraram. Era uma casa grande, com um portão alto de ferro enferrujado pelo tempo. O muro ia até a altura do ombro com barras de ferro se elevando ao alto, era maior que um urso ― o pensamento o fez se lembrar de Bernardo. O quintal era grande para crianças poderem brincar. Lembrava-se de brincar ali com seus primos, mas isso fora há muito tempo. Agora que eram adultos, o quintal já não parecia mais tão grande assim. A porta de madeira abriu sem fazer rangido, o que fez Abner estranhar já que se lembrava dela rangendo toda vez que era aberta ou fechada e o som reverberando pela casa como uma assombração. A sala era bem grande para uma família inteira conseguir fazer uma festa, o que lembrou a sala da casa de Dona Benta, que era bem grande também. A cozinha ficava bem ao fundo, seguindo por um corredor com a porta do banheiro de um lado, a cozinha ― se seguisse reto ―, e outro corredor ao lado. Nesse outro corredor dava entrada para as portas dos quartos. Seis quartos de tamanhos razoáveis, com espaço suficiente para três pessoas em cada quarto. Em um deles, Abner ficaria.

Seu pai e seu primo levaram suas coisas para o quarto em que ele viveria. Os acompanhou para ver como era seu quarto. Havia somente duas camas, o que queria dizer que somente dois lobos-guará dormiriam ali. Ele e o primo Téo ― foi-lhe explicado depois. Além das camas, havia dois armários de gavetas, um deles era destinado a Abner. No teto, um ventilador de ferro estava pendurado; para os dias quentes. A janela de vidro e ferro deixaria a luz do dia entrar e iluminar o quarto, contudo, como já estava noite e não havia sol...

― Vamos ver seus tios e avós ― falou seu pai assim que deixaram suas coisas sobre a cama que seria dele agora.

Encaminharam-se a outro quarto, onde dois lobos-guará repousavam, assistindo TV, sem nenhuma outra diversão a ter. Uma haste de ferro segurava uma sacola de plástico com soro dentro, um tubo ligava o saco ao braço de sua tia Du. Seu tio Hélio se encontrava da mesma forma, deitado na cama ao lado.

Ao verem a entrada do sobrinho pela porta, ambos os tios se levantaram, mas se limitaram a ficar somente sentados às camas, esperando que o sobrinho viesse até eles. Ambos os tios tinham um enorme sorriso no rosto. Apesar de não querer ir morar lá, não era insensível a ponto de não dar um abraço em seus tios que já não via há tanto tempo.

― Como está?

― O que fez de bom?

― Como foi de viagem?

― E as namoradinhas?

E fizeram essas perguntas que somente os tios sabiam fazer, fazendo-o rir e responder da forma que conseguia responder. Disse que estava namorando, contudo, mentiu o gênero da pessoa que estava namorando, de macho para fêmea, para que ninguém fizesse um alarde sobre isso.

Bernardo e AbnerOnde histórias criam vida. Descubra agora