16: O guaxinim na sauna (terceira parte)

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Acordou sobre uma cama macia e quente. Estava seco e tinha um cheiro gostoso. Os lençóis o envolviam deliciosamente. Eram macios, aconchegantes e quentes no ambiente fresco.

O leão estava sentado em uma cadeira acolchoada, esperando que o guaxinim acordasse. Quanto tempo estivera ali? Já era tarde? Ou será que era cedo? Ele estava nu na cama, o que o deixou sobressaltado. Contudo, a coberta sobre seu corpo lhe cobria a nudez. Onde estavam suas coisas? Provavelmente no armário, teria que busca-las, mas como iria até lá sem roupa?

Leo estava usando um short curto, exibindo sua barriga arredondada. A juba enorme, penteada e arrumada deixava-o um macho muito bonito. Os braços fortes, cruzados sobre o peito, flexionavam o peitoral.

Lucas sentiu uma tremenda dor de cabeça, o que o fez não se preocupar de início no local onde estava. Só conseguiu identificar o leão sentado frente à cama, esperando que acordasse.

― Bom dia ― disse o leão. ― Você dormiu bem.

O grande leão levantou-se da cadeira acolchoada e foi até a lateral da cama, onde havia uma mesa de cabeceira meio alta, com uma jarra de água e um remédio. Lucas pegou o copo com dois comprimidos dentro se dissolvendo. Ele conhecia o som, a cor, o gosto e o cheiro do remédio para ter certeza que não era nocivo ― apenas para tratar a sua ressaca.

Foi empurrado gentilmente para o lado para que o leão pudesse sentar na cama. E mesmo sentado podia sentir a imponência de seu corpo, contudo, ele não estava imponente, apenas nostálgico como uma criança que encontra um amigo.

― Eu me lembro de você ― falou o leão. ― Você trabalhava em uma pousada e pedi para que ficasse comigo por alguns dias. Voltei lá alguns meses depois e descobri que foi demitido.

― O chefe descobriu ― informou Lucas, tomando a água com os remédios, engolindo e entregando o copo ao leão, que o pegou e deixou sobre a mesa de cabeceira.

― Entendo ― murmurou o leão. ― Deve ser difícil descobrir que seu funcionário se relaciona com seu parceiro comercial.

― Você estava vendendo alguma coisa para ele?

― Sim! A sauna que nós ficamos ― falou o leão. ― Eu verifico a estrutura de tempos em tempos ― revelou. ― Fico surpreso que nunca tenha me visto lá.

― Você não é mecânico ― apontou.

― Sim ― disparou o leão. ― Nas horas necessárias, mas naquele caso, eu tinha meus empregados para fazer a manutenção.

Havia coisas que Lucas queria perguntar a ele. Coisas que queria dizer a ele. Coisas que queria fazer com ele. Mas seu coração estava partido com a última aventura e a foto de perfil de mensagens dele mostrava-o com outro macho.

― Você... ― não conseguiu terminar e o leão estava com a atenção voltada para ele, esperando que concluísse.

― Sim?

Houve uma longa pausa e um silêncio constrangedor, o que impediu o guaxinim de fazer qualquer pergunta.

― O que fez da vida desde então? ― o leão quebrou o silêncio com a pergunta.

Lucas contou a partir do ponto em que fora despedido, das dificuldades que teve para achar um novo emprego, dos amigos que fez e o que o levou a procurar por um macho.

― Entendo ― murmurou o leão. ― Você tentou me procurar depois de nossa aventura? ― o leão exibia um sorriso animador em seu rosto.

Pensou que poderia ter uma relação com o grande felino novamente. ― Não! Mas no tempo que passei com você, eu tive a melhor transa da minha vida ― confessou o guaxinim, fazendo o leão rir alegremente, colocando a mão grande no ombro do guaxinim e o acariciando.

Bernardo e AbnerOnde histórias criam vida. Descubra agora