Acordou sobre uma cama macia e quente. Estava seco e tinha um cheiro gostoso. Os lençóis o envolviam deliciosamente. Eram macios, aconchegantes e quentes no ambiente fresco.
O leão estava sentado em uma cadeira acolchoada, esperando que o guaxinim acordasse. Quanto tempo estivera ali? Já era tarde? Ou será que era cedo? Ele estava nu na cama, o que o deixou sobressaltado. Contudo, a coberta sobre seu corpo lhe cobria a nudez. Onde estavam suas coisas? Provavelmente no armário, teria que busca-las, mas como iria até lá sem roupa?
Leo estava usando um short curto, exibindo sua barriga arredondada. A juba enorme, penteada e arrumada deixava-o um macho muito bonito. Os braços fortes, cruzados sobre o peito, flexionavam o peitoral.
Lucas sentiu uma tremenda dor de cabeça, o que o fez não se preocupar de início no local onde estava. Só conseguiu identificar o leão sentado frente à cama, esperando que acordasse.
― Bom dia ― disse o leão. ― Você dormiu bem.
O grande leão levantou-se da cadeira acolchoada e foi até a lateral da cama, onde havia uma mesa de cabeceira meio alta, com uma jarra de água e um remédio. Lucas pegou o copo com dois comprimidos dentro se dissolvendo. Ele conhecia o som, a cor, o gosto e o cheiro do remédio para ter certeza que não era nocivo ― apenas para tratar a sua ressaca.
Foi empurrado gentilmente para o lado para que o leão pudesse sentar na cama. E mesmo sentado podia sentir a imponência de seu corpo, contudo, ele não estava imponente, apenas nostálgico como uma criança que encontra um amigo.
― Eu me lembro de você ― falou o leão. ― Você trabalhava em uma pousada e pedi para que ficasse comigo por alguns dias. Voltei lá alguns meses depois e descobri que foi demitido.
― O chefe descobriu ― informou Lucas, tomando a água com os remédios, engolindo e entregando o copo ao leão, que o pegou e deixou sobre a mesa de cabeceira.
― Entendo ― murmurou o leão. ― Deve ser difícil descobrir que seu funcionário se relaciona com seu parceiro comercial.
― Você estava vendendo alguma coisa para ele?
― Sim! A sauna que nós ficamos ― falou o leão. ― Eu verifico a estrutura de tempos em tempos ― revelou. ― Fico surpreso que nunca tenha me visto lá.
― Você não é mecânico ― apontou.
― Sim ― disparou o leão. ― Nas horas necessárias, mas naquele caso, eu tinha meus empregados para fazer a manutenção.
Havia coisas que Lucas queria perguntar a ele. Coisas que queria dizer a ele. Coisas que queria fazer com ele. Mas seu coração estava partido com a última aventura e a foto de perfil de mensagens dele mostrava-o com outro macho.
― Você... ― não conseguiu terminar e o leão estava com a atenção voltada para ele, esperando que concluísse.
― Sim?
Houve uma longa pausa e um silêncio constrangedor, o que impediu o guaxinim de fazer qualquer pergunta.
― O que fez da vida desde então? ― o leão quebrou o silêncio com a pergunta.
Lucas contou a partir do ponto em que fora despedido, das dificuldades que teve para achar um novo emprego, dos amigos que fez e o que o levou a procurar por um macho.
― Entendo ― murmurou o leão. ― Você tentou me procurar depois de nossa aventura? ― o leão exibia um sorriso animador em seu rosto.
Pensou que poderia ter uma relação com o grande felino novamente. ― Não! Mas no tempo que passei com você, eu tive a melhor transa da minha vida ― confessou o guaxinim, fazendo o leão rir alegremente, colocando a mão grande no ombro do guaxinim e o acariciando.
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Bernardo e Abner
RomanceEm busca de conseguir algum dinheiro, Abner, um jovem lobo-guará, sai à procura de um emprego e acaba fazendo amizade com seu vizinho, Bernardo, um urso adulto, que demonstra um interesse no jovem lobo-guará além da amizade e um fim de semana pode s...