Bernardo já estava há muito tempo sem sentir a sensação de outro corpo sobre o seu. O último corpo com quem teve contato foi o de Abner; aquele corpo lupino esbelto, com músculos esguios, levemente cheios, e com fantásticos encaixes para com o seu corpo gordo e largo. Eles tinham um encaixe que apenas eles entendiam. Agora tudo o que sobrara fora a lembrança de um corpo que já esteve junto ao seu. Somente em seus sonhos ainda podia senti-lo, o aperto do corpo dele no seu, mas quando acordava era só ele mesmo abraçado ao travesseiro.
Nas primeiras semanas, se guardou, segurando seus desejos para que seu amor líquido fosse despejado no íntimo de Abner, o que não era pouco. Estava na expectativa de que acontecesse algo e ele voltasse logo. Mas julgou que estava esperando demais e brincou com seu membro, imaginando o lobo-guará engolindo ele em seu íntimo. E isso, no final, fez a maior meleca. Esse processo se repetiu por muito tempo.
Ele teve que se satisfazer sozinho, sempre imaginando Abner em cima dele, sentado em seu membro, e massageando seu corpo gordo. O lobo-guará adorava o seu corpo, o tamanho, o formato. Bernardo sabia que seu corpo gordo de urso era o que o esbelto lobo-guará mais amava.
Mas a relação deles não era só isso. Eles gostavam de ficar próximos um do outro, sentir a presença um do outro. Por poucas vezes não houve sexo e eles conseguiam se satisfazer somente com a presença um do outro; só que viam um grande desperdício ficar apenas naquilo, por isso, fodiam a maioria das vezes.
Sozinho na cama, Bernardo estimulou seu membro, massageando-o, movendo sua mão em movimento rítmico, acariciando sua barriga e seu peito com a outra mão. Imaginava Abner engolindo seu membro com a traseira, sentindo aquela carne macia pressionada em seu quadril conforme o íntimo do lobo-guará abraçava seu membro. Amava-o, o urso sentia isso, tanto que o queria para si. Amava o lobo-guará e não queria admitir. Abner havia ido embora antes que pudesse confessar algo mais profundo a ele. Bernardo teve espasmos de prazer quando seu membro liberou o amor líquido de seu corpo, espalhando-o em sua barriga. Era um líquido branco, espesso e iria deixar cheiro em breve. Espalhou todo o amor líquido pelo seu corpo, imaginando Abner ali com ele. Mas ele não estava lá.
A frequência de seus desejos diminuiu com o passar do tempo, mas não desapareceu. Uma ou das vezes na semana ele se satisfazia manualmente, imaginando Abner. Às vezes, lembrava-se do primeiro macho com quem teve uma relação sexual e como seria se tivessem outra novamente depois de anos.
Quando os meses viraram anos, Bernardo questionou-se se Abner ainda se lembrava dele. Apesar de parecer, não foram poucos anos. Depois da última ligação de Abner, não houve mais retorno e Bernardo não conseguia mais mandar mensagens e nem telefonar para ele, o que o deixava preocupado. O que havia acontecido com Abner? Será que estava bem? Será que o pai dele fizera alguma maldade com ele?
A mãe dele não tinha contato com ele, nem com o pai dele. Sua mãe, Dona Benta, lhe avisou que seria uma perda de tempo ir até cidade em que o lobo-guará estava só para tentar encontra-lo.
Os meses foram passando e Bernardo se sentia vazio por não receber mais informações de seu lobo-guará. Queria saber se ele estava bem. Se ele estava vivo. Sua mãe ursa veio até ele e conversou que talvez houvesse a possibilidade do lobo-guará nunca mais voltar, mesmo se tivessem prometido alguma coisa um para o outro. Bernardo se recusou a aceitar que Abner não voltaria.
Dona Benta veio com um balde de água fria e o jogou sobre seu filho. ― Quanto tempo vocês não se falam, meu filho?
― Três anos e meio!
― Três anos e meio! ― repetiu ressaltando. ― Você não acha que isso já é tempo demais? Acho que é melhor seguir a vida, não acha? ― ela dizia.
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Bernardo e Abner
RomanceEm busca de conseguir algum dinheiro, Abner, um jovem lobo-guará, sai à procura de um emprego e acaba fazendo amizade com seu vizinho, Bernardo, um urso adulto, que demonstra um interesse no jovem lobo-guará além da amizade e um fim de semana pode s...
