Seu aniversário estava chegando novamente. Já faria um ano desde que conhecera Abner. E muitos meses desde que ele partira. E alguns poucos mais desde que ele parou de fazer contato. Sentia falta dele. Queria ele de volta. Mas quanto mais os dias passavam, mais os meses passavam e a expectativa de volta ficava cada vez menor. Não houvera mais ligações e a ultima não fora muito animadora, o que o deixou preocupado quando a ouviu.
Deixou o telefone ligado em seu bolso, apenas esperando que ele ligasse e dissesse um "feliz aniversário".
Assim como no ano passado, Bernardo fez um churrasco e convidou os vizinhos que moravam na casa à frente. Questionou sobre Abner, mas a mãe dele não deu uma resposta concreta, apenas suposições. Abner também não estava mantendo contato com sua mãe. O que deixou Bernardo ainda mais preocupado.
Havia também alguns de seus amigos do trabalho. O guaxinim também estava entre eles. Não havia contado nada sobre sua íntima relação com Abner. Também não fora babaca de contar aos outros o que Lucas havia lhe dito. Bernardo podia reparar nele e via um guaxinim bonito, magro e baixo, o menor do grupo. Apesar de ser desleixado, conseguia ser bonito. Se ele fosse mais arrumado talvez conseguisse um par para si, comentaria isso com ele assim que estivessem a sós.
Lucas havia vindo de moto e ficou meio bêbado, o que deixou o urso preocupado com seu estado psicológico para tomar o volante da moto. Deixou-o passar a noite em sua casa com autorização de sua mãe.
Os outros tinham vindo de carro com Lobato. O urso pode perceber que ― sem que os outros percebessem ―, o guaxinim olhava de forma apaixonada para o lobo sempre que conseguia e, quando alguém virava os olhos para ele, dava um jeito de desviar o olhar e fingir que estava distraído. Pelo menos pareceu que ninguém mais havia notado.
O que ele queria com o lobo cinzento? Namoro ou sexo? Obviamente um seria consequência do outro, mas a ordem em que as coisas se colocariam definiria sua futura relação. Pela conversa e pela expressão física de Lobato, nada indicava homossexualidade nele. Seria bom que Lucas mantivesse isso em mente para não se decepcionar em uma tentativa frustrada.
Todos foram embora tarde da noite, ficando apenas Lucas dos convidados que vieram. Bernardo deixou com que ele dormisse em sua cama enquanto ele mesmo dormiria no sofá. Não queria dormir junto com o guaxinim para não deixar as coisas embaraçosas, nem que o baixinho criasse alguma expectativa a mais em relação ao urso.
Perguntou-se se ele teria algum fetiche em machos mais altos. Se fosse o caso, não seria bom ficar tão perto dele como ficava de Abner, até porque estava se guardando para quando Abner voltasse. Mas que sentia vontade em outros machos, isso não negava, mas então a imagem de Abner voltava à sua mente e o desejo se desfazia. E Lucas era pequeno para que tentasse alguma coisa. Não pequeno demais, mas ele não suportaria como Abner suportava. Ou talvez suportasse, já que o desejo de consumo dele era o Lobato, um lobo pouco mais baixo que Abner, mas com o formato físico quase como o de Bernardo.
Não demorou muito para que o guaxinim caísse no sono em sua embriaguez. Bernardo deitou-se no sofá com um ventilador soprando vento em sua direção, refletindo o que teria acontecido a Abner.
Para sua surpresa, o telefone tocou, mostrando o nome ABNER em verde. Atendeu rapidamente com o "Alô!" saindo apaixonado.
― Feliz aniversário ― falou seu lobo-guará, feliz, mas havia um fundo de tristeza ali.
― Obrigado! Há quanto tempo, meu amigo ― falou o urso.
― Pois é! Meus tios e avós estão melhorando.
― Isso quer dizer que você já pode voltar ― um sorriso se alargou na boca de Bernardo, mas o silêncio de Abner dizia o contrário. ― O que aconteceu?
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Bernardo e Abner
RomanceEm busca de conseguir algum dinheiro, Abner, um jovem lobo-guará, sai à procura de um emprego e acaba fazendo amizade com seu vizinho, Bernardo, um urso adulto, que demonstra um interesse no jovem lobo-guará além da amizade e um fim de semana pode s...