Dezoito anos

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SARAH


Quatro meses passaram depois de todo aquele drama e eu estava trabalhando na mansão de Stephen.

Maria e eu pegamos uma boa intimidade, eu amo ela. Me ensina e aconselha em tudo.


Já a Rosa, por outro lado, me trata com frieza e até meio com ciúmes. Não sei do que exatamente.

Meu quarto era nos fundos da mansão, "simples" como o de qualquer empregado da casa, mas, o mais bonito em que já permaneci. Maria e eu, éramos as únicas que dormiam no trabalho.

Ela dormia aqui apenas na semana, em suas folgas e fins de semana passava na casa dela. Eu pelo contrário, vivia enfiada em meu quarto, a não ser quando Gui vinha. De resto, não saía pra nada, a não ser trabalhar durante o dia e estudar a noite.

Mas era melhor assim, do que dando de cara a todo instante com Stephen pela madrugada ou nos fins de semana.


Em certos momentos ele me causava arrepios, e por algum motivo, eu não consigo me concentrar em muita coisa quando estamos muito perto.

Ele é bem gentil comigo e algumas vezes  me chama pra comer com o mesmo e até pra jogar o vídeo game que ele tanto gosta.

Pra falar a verdade de um mês pra cá estamos mais próximos, por mais que o homem quase não pare aqui e quando está, fica nos cantos falando baixo e brigando no celular com alguém.

Mas, quando me vê, vira uma flor, por trás de todo aquele jeito de gente ruim que ele tem. Vem se mostrando ao meu ver, uma pessoa bacana.


Uma coisa que me machuca demais, é a distância do Gui. Ele descobriu aonde eu estava, ligou pro orfanato e veio atrás, eu adorava os fins de semana em que ele vinha.

Passávamos juntos, claro que sempre como amigos com benefícios. Porém, estávamos estranhos, não sei se pela distância ou por outra coisa, mas, sempre que ele vem me ver, nós ficamos cada vez mais longe. Acho meio egoísta querer que eu espere por ele todas as vezes.


...


Trabalhei durante o dia em absoluto segredo sobre meu aniversário. Não queria que Maria se preocupasse com nada e eu nem sentia tanta alegria em comemorar essa data.

Afinal, abandonada há dezoito anos atrás não é uma coisa legal de se lembrar toda hora.


Assim que o relógio marcou também dezoito, eu tomei meu banho para ir a aula e fui me trocar.

Vesti uma calça jeans rasgada e um moletom preto, calcei um ténis branco e peguei minha mochila.

Fui pra sala e vi Maria vindo em minha direção, se despediu com um abraço apertado, me disse pra ter juízo e por fim me parabenizou.

Olhei e sorri torto.


— Como sabe ? —


— Não adianta esconder nada de meus olhos. Meu coração sente e eu apenas investigo, e seu patrão também adora dar uma investigada — Deu risada e me entregou uma caixinha. — Até segunda — Saiu fechando a porta.

Abri a caixinha e pude ver um lindo cordão de ouro com um pingente de flecha. Coloquei em meu pescoço e sai apressada ainda boba com o presente.


As aulas demoraram uma eternidade pra passar e assim que o último sinal tocou, eu sai do colégio pelo portão principal.

Dei de cara com uma pequena aglomeração de alunos admirando alguma coisa.

Passei por aquele pessoal e vi Stephen encostado em sua lamborghini, com os braços cruzados, me encarando fixamente.

Caminhos Cruzados.Onde histórias criam vida. Descubra agora