SARAH
Um mês e meio se passou e minha barriga cresceu bastante. As estrias apareceram e os enjoos e mal estar diminuíram consideravelmente.
Comecei a organizar o enxoval da neném e graças a Deus e ao aumento que John me deu, consegui alugar um apartamento.
Há dois dias, estou morando sozinha, Maria estava toda boba, mas, inundou o apartamento dela de lágrimas.
Mesmo com poucos móveis, eu preferi sair de lá. Sempre serei muito agradecida a toda bondade que ela me fez e ainda faz, mas, ela precisava de privacidade e eu, voar.
Agora, o estou focada em arrumar o quarto pra chegada da minha filha.
Lá no Pub tudo continua normal, John pelo que entendi, estava prestes a voltar com a Rana, eu não liguei. Já era esperado, e eu que não ia interferir. A história deles é antiga, fico muito feliz por eles.
Marvin tentou umas investidas, mas ele é muito galinha.
Quanto a Stephen, não o vejo desde o dia que foi na casa da Maria chapado de maconha. Pelo que ela me disse, ele estava bem focado no hospital. As vezes lembro da gente, mas logo passa, me doi lembrar de todo aquele amor.
...
— Tchau, John. Tchau, Marvin — O Pub estava fechando por já ser bem tarde.
A noite estava fria, então resolvi chamar um carro pra me levar em casa. Assim que sai do Pub o carro parou, entrei dando boa noite pro moço que estava dirigindo e ele respondeu apenas o mesmo.
Me deixou em casa e eu paguei a corrida. Desci do carro me lembrando das escadas e subi morrendo até meu andar.
Abri a porta e fui direto me sentar no sofá puxando ar. Quando finalmente o recuperei, me levantei animada e já que eu não ia conseguir dormir mesmo, resolvi abrir algumas coisas que comprei pra casa.
Fui colocando tudo nos lugares apropriados.
Abri a cortina da sala, era uma blecaute cinza, toda maravilhosa. Peguei uma cadeira e subi na mesma, segurando a cortina. Após colocar, observei ela atentamente, vendo como havia ficado linda.
Desci da cadeira pisando no plástico em que a cortina veio enrolada e acabei deslizando. Cai batendo minhas costas com força no chão.
— Merdaa !! — Levantei calmamente, bufando de raiva e me certifiquei que estava tudo bem com minha barriga.
Bom, pelo visto não tinha dado em nada, resolvi me aquietar e ir dormir.
Tirei a bagunça da sala e coloquei uma camisola, fui me deitar e depois de um tempo peguei no sono.Acordei um tempo depois, sentindo uma dor aguda no pé da barriga.
Passei a mão me sentando e vi a cama e minhas pernas manchadas de sangue. Entrei em desespero no mesmo instante, peguei meu celular e liguei pra Maria.— MARIA, MARIA, POR FAVOR, PEDE PRO PAULO ME BUSCAR, EU TÔ SANGRANDO, TÁ DOENDO MUITO. ME AJUDA, EU VOU PERDER A MINHA FILHA —
— Menina, calma, eu vou acordar ele e vamos, se acalma. Não se desdespera, vai dar tudo certo, tenta se acalmar —
Eles não demoraram a chegar e me levarem ao hospital, eu sentia como se fossem cólicas menstruais. Porém, com o triplo de dor e muito sangue descendo sem controle.
Assim que chegamos, me levaram pra emergência obstétrica.
STEPHEN
Eu estava me esforçando ao máximo pra sair daquele meio ruim.
As coisas não estavam legais, mas sempre me chamavam pra resolver algo, tanto na máfia, quanto na fabricação.Porém, eu preferia trabalhar no hospital ultimamente, como estou mais atento e focado em tudo aqui, passei a cobrir o plantão da emergência obstétrica e do pronto atendimento.
Eu começei a pegar plantão num outro hospital algumas vezes por semana e lá no se sempre, continuei com a agenda normal.
Fiz isso pra me ocupar melhor e me distanciar mais ainda do Cortez e da minha própria fabricação de drogas.
Mesmo que eu fosse perder muito dinheiro, ainda continuaria rico, então não me importava.
Nesse um mês e meio que passou, eu acompanhei Sarah e a gravidez, pelas redes sociais dela. Queria estar presente em sua vida, mas, é como a mesma disse, ela nunca me pediu aceitação sobre a gravidez e eu não tinha o por que me intrometer.
...
Já eram três da manhã de uma sexta e as coisas estavam calmas, fui tomar café e logo voltei, conversando com Marcos.
Um amigo que fiz aqui no novo hospital.
Passei pela sala de espera com ele e vi Paulo com sangue na roupa e Maria chorando.
Fui mais que depressa até eles, estranhando a presença dos dois a essa hora.
— Maria ? Paulo ? Vocês estão bem ?
Paulo, o que aconteceu ? —— Filho...A Sarah. Ela me ligou desesperada, nós trouxemos ela o mais rápido possível.
Stephen, ela tá perdendo a criança, ajuda ela ! —— A Sarah ? Ela tá aqui ? — Não esperei resposta e corri pra emergência.
Vi alguns médicos em uma das salas e perguntei sobre uma moça específica, me informaram a sala cirúrgica.
Entrei paramentado e vi Sarah já meio apagada, tomei o lugar de um dos enfermeiros e sendo mais preciso, fiz o necessário para que ela e a filha ficassem bem.
Entrei na sala de espera um bom tempo depois e vi Maria toda agoniada. Assim que me viu, ela e Paulo vieram correndo.
— Como minha menina está ? Me diz por favor que tá tudo bem — Colocou as mãos na cabeça esperando resposta.
— Ela está bem, mas, a gravidez dela acaba de se complicar.
Sarah tem que repousar muito, nada de peso, nada de nervoso, nada de ficar abaixando muito. Por que se houver uma próxima vez, pode não ser só o feto a vir a óbito.
Agora, ela está dormindo e tomando soro, foi pro leito vinte e sete, se quiserem ver ela, fiquem a vontade — Maria me abraçou e Paulo me agradeceu.Foram pra lá e eu me sentei passando as mãos no rosto meio preocupado.
SARAH
Abri meus olhos com dificuldade e por mais que o quarto estivesse escuro, pude ver Maria cochilando em uma poltrona.
Passei a mão na minha barriga e chamei a senhora a minha frente. Não obtive resposta.
Respirei fundo vendo um prendedor medindo meus batimentos pelo dedo e um acesso pra soro em minha mão.
Fiquei quieta um tempo, sentindo algumas lágrimas descerem me lembrando claramente do que aconteceu.
A porta foi aberta calmamente e Stephen passou por ela, vestido num uniforme azul bebê e jáleco branco.
Veio em minha direção ascendendo a luz me fazendo fechar os olhos por um instante.
Senti meu corpo todo tencionar.
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Caminhos Cruzados.
RomanceSarah foi abandonada na porta de um orfanato poucas horas após o nascimento. Cresceu vendo seus amigos sendo adotados e ela sempre sendo devolvida. Traumas foram criados e tristezas enraizadas, sentimentos persistentes de abandono a cercam. Pouquís...