STEPHEN
Abri meus olhos e a sala ainda estava escura por causa das janelas fechadas.
Me levantei sentindo minha cabeça doer e rodar, coçei os olhos e fui andando até o banheiro, fiz minha higiênie e como não tinha escova minha ali, joguei anti-séptico bucal com pasta na minha boca e fiz gargarejo. Enxáguei com água e me virei vendo minha calça jeans.
Olhei pro cesto de roupas e em cima estavam minhas chaves, carteira e celular, me lembrei automaticamente que sai de casa com uma arma na cintura.
— Merda, ela viu...— Sussurrei e sai do banheiro com o celular na mão, abri meu Whatsapp e tinham algumas mensagens da Maria.
Algumas eram de ameaças a outras de preocupação, ela havia mandado no começo e no meia da madrugada. Respondi me desculpando primeiramente e disse que logo estaria em casa.
Bloqueei o celular e fui pra cozinha.
Abri a geladeira vendo bolo de chocolate, peguei ele, o leite, uns ovos e bacon.
Liguei a torradeira e coloquei os pães de forma, fuçei o armário e peguei uma frigideira. Fritei o bacon e os ovos, coloquei nos pratos junto com as torradas e deixei na mesa. Peguei o leite e botei pra ferver.
Estava distraido com tudo e quando me virei novamente, vi Sarah escorada no batente da porta, me olhando.
— Bom dia... —
SARAH
Acordei com um cheiro de bacon incensando o apartamento. Levantei e fui pro banheiro, sai e me direcionei a cozinha.
Vi Stephen apenas com um calça de moletom fazendo o café e respirei fundo.
Fiquei parada só observando e lembrando de algumas coisas, ele se virou meio perdido.
— Bom dia. Oque sujar, vai limpar — Falei séria e andei até o armário, abri a gaveta pegando dois lugares americanos e coloquei embaixo dos pratos.
Me sentei e ele terminou de fazer o chocolate quente.
— Sarah...— Colocou as xícaras na mesa e sentou a minha frente. Respirou fundo parecendo criar coragem pra alguma coisa e eu o encarei. — Vamos conversar ? —
Dei de membros.
— Vamos...vamos deixar tudo as claras e bem explicado —
— Tem sido difícil sem você...eu só sei beber e fumar, eu não durmo direito e toda noite entro no quarto que era seu e fico lembrando da gente.
Quero te pedir desculpas, eu notei sua indiferença...isso me doeu muito, mas, estou pedindo perdão por ter sido um idiota, desculpa por tudo que fiz e falei pra você aquele dia, o jeito que te mandei embora...só me desculpa — Suspirou.— Sabe, aquelas palavras doeram muito. Ontem, quando te vi, lembrei de tudo, desde o dia que te vi a primeira vez, até o momento que bateu a porta.
Stephen, você me humilhou, me disse aquilo tudo e pouco tempo depois aparece onde eu trabalho e justo quando eu tava disposta a te esquecer —Suspirei.
— Eu acho...acho não, tenho certeza, que você também estava comigo por um tipo de interesse. Mas eu nunca tive nada além de amor e sexo pra te oferecer. Então obviamente você estava atrás de sexo —
— Sarah...claro que não, você sabia que...— O interrompi, ele precisava ouvir.
— Eu não terminei Stephen.
Você me chamou de VAGABUNDA. Eu, por acaso te dei motivos pra isso ? Mesmo que tivesse dado, quem tem que achar algo sobre meu carácter sou eu mesma —Engoli seco e continuei.
— Você insultou um bebê, que ainda estava minúsculo e sem defesa alguma, cara. Você me decepcionou, me humilhou, e ontem apareceu lá...tomou um porre e depois fez o show.
Eu te trouxe pra cá e oque vi ? Uma arma na sua cintura —Ri sem humor.
— Agora, juntando as peças, você disse lá no bar que não para de mexer com coisas erradas. Você acha que tinha alguma moral pra me tratar do jeito que me tratou ? Você me expulsou de maneira grotesca em plena madrugada, e não teve a compaixão de pedir ao motorista pra me trazer aqui, ou pra qualquer outro lugar seguro.
Você só olhou para sua dor...sabe, eu fiquei tão arrasada com aquilo tudo —Os olhos de Stephen estavam caidos, mas nao paparam de me encarar um minuto se quer.
— Mas, eu me levantei, fui cuidar da minha gravidez e arrumar um sustento, porque até o pai dela resolveu desaparecer. A minha única esperança naquele momento, quando leu a notícia, sumiu.
Não se preocupe, já te desculpei, eu não guardo rancor de ninguém, por mais que a vida me incentive a ser assim, eu não consigo — Sorri. — Porém, não posso mais me desrespeitar, e vou fazer de tudo pra que minha filha sinta orgulho da mãe que ela vai ter —A essa altura nós dois já choravamos.
— Filha ? É uma menina ? — Ele sussurrei em meio as lágrimas e olhou minha barriga.
— Sim —
— Parabéns...e novamente...me perdoa, Sarah. Eu não posso viver sem você, a cada dia que passa, eu me sinto mais infeliz sem você do meu lado. Todos os dias, a minha consciência me martiriza e me cobra oque fiz, Sarah. Eu não aguento mais viver sem você — Passou as mãos na cabeça. — Volta...por favor, volta comigo, Sarah, eu faço oque você quiser —
Funguei e joguei meu cabelo pra trás.
— Oque eu quiser ? — Ele balançou a cabeça e se aproximou.
— Oque você quiser Sarah, oque você quiser...— Segurou minha mão e se ajoelhou espera do por uma resposta.
— Começa me explicando oque é isso, de mexer com coisas erradas e eu vou pensando no seu caso — Suspirei olhando a mão dele, ainda usava a aliança de compromisso que me deu.
Pareceu repensar.
— A faculdade de medicina dura sete anos e meio, fora o estágio, e a formatura, que aconteceu depois. Resultando em oito anos — Limpou o rosto. — Eu começei a mexer com isso depois que experimentei a maconha de um colega, o Edu. Ele disse que era de um primo dele, eu pedi o contato e ele passou —
Permanei em silêncio.
— O cara estava produzindo um pouco, pra ver se gerava algum ganho, e era da boa, ele ficou devendo pra um homem da pesada e me perguntou se eu queria comprar o negócio dele. Achei arriscado, mas eu não pensava direito na época, e simplesmente comprei.
Ele me ensinou tudo e depois, aquele homem o matou.
Edu estava precisando de trabalho pra pagar a faculdade, eu contratei e ele me ensinou muita coisa também —Aquilo do podi ser brincadeira.
— Já estou há seis anos, só que não é apenas maconha, tem metanfetamina, cocaina, e mais um monte de coisas.
Eu já tinha dinheiro quando começei, oque fiz foi triplicar tudo. E nesses seis anos, eu vi que quem mexe com isso, não fica só nisso. Não dá, aparece um monte de coisas no caminho e você tem que eliminar essas coisas —Seus olhos estavam vidrados nos meus.
— Eu sempre me senti só, meus pais viviam fora de casa. Porém, meu pai sempre foi mais presente que minha mãe, ela só pariu e jogou pra coitada da Maria, que sempre me amou.
Sim, eu sempre fui filhinho de papai, sempre tive tudo mais facil, mas eu decidi que isso iria mudar e conquistaria meu dinheiro apartir dali, por conta própria. Medicina... —Riu balançando a cabeça.
— Eu sempre me esforcei muito, eu amo bebês e a forma inexplicável como ossos se criam dentro de um outro corpo. Por isso, escolhi obstetria, na verdade sempre amei medicina, e agora eu digo que conquistei minhas coisas. Sem a minha mãe ficar fora vinte quatro horas e chegar me dizendo que era pro meu bem, pra eu ter tudo que queria —
Apertou meus dedos.
— Quando você apareceu, Sarah...eu tive a mágoa que sentia dela, amenizada do meu peito, essa solidão você arrancou com um beijo só —
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Caminhos Cruzados.
Любовные романыSarah foi abandonada na porta de um orfanato poucas horas após o nascimento. Cresceu vendo seus amigos sendo adotados e ela sempre sendo devolvida. Traumas foram criados e tristezas enraizadas, sentimentos persistentes de abandono a cercam. Pouquís...