Psicológico

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SARAH

O movimento do Pub essa noite estava bem acelerado. Meus pés já estavam começando a inchar e aquela velha náusea apareceu, pelo cheiro do Martine.

Entrei na cozinha para tirar meus trinta minutos de descanso e John colocou o prato com um lanche enorme na mesa, que havia no canto da cozinha.

— Mais já ? — Dei risada e ele só balançou a cabeça com um olhar murchinho. — John....não estou há muito tempo aqui, pra conhecer vocês tão bem. Mas sei que você não está legal. Oque aconteceu ? —

John abaixou o fogo da chapa e me olhou.

— Minha ex...me ligou faz uns dez minutos, ela tá levando meu filho pro hospital. Disse que ele estava com muita febre, já faz uns três dias —

Mordi meu lanche e tomei um gole de suco, enquanto ele falava.

— Mas, por que ela não o levou antes ? —

— Porque ela é uma irresponsável, Sarah, ela o deixa com a mãe que já tem idade avançada e fica o dia inteiro perambulando em shopping, com as amigas, com o dinheiro da pensão e sei lá de onde ela arruma mais dinheiro —

Bufou.

— Sabe, ela nunca cuidou bem dele e até pouco tempo atrás, eu morava em um apartamento de um quarto só, tinha espaço apenas pra cama, não tinha como levá-lo pra morar comigo. Se eu não tivesse juízo, já teria matado ela —

— Calma...imagino como esteja John. Mas, por que não trás seu filho pra morar com você agora ? — Abocanhei novamente o lanche o deixando pela metade.

— Por mais que eu tenha espaço agora, minha casa vive uma bagunça e eu só poderia olhá-lo de dia. Ele não tem onde ficar a noite —

Se virou novamente trocando os hambúrgueres e aumentando o fogo da chapa.

— Eu não sou aquele tipo de babaca que paga a pensão e acha que ela gasta os milhões. Até porque eu realmente sei que ela gasta, não invento.
Eu dou a pensão, ajudo com muito mais grana, remédios, roupa, leite, fralda e tudo que ele precisa, é minha obrigação e responsabilidade, eu sou o pai. Mas e ela ? Oque ela faz ? —

— Sobre a casa, eu te ajudo no fim de semana a organizar. Se quiser, é claro. E se tiver muita coisa, damos um jeito pra deixar o mínimo possívei pra você conseguir manter, tudo limpo.
Sobre a noite, não fica caro pagar uma pessoa pra olhá-lo, só durante o período que não pode —

— Bem pensado, e eu aceito sua ajuda —
Sorriu em forma de agradecimento.

Assim que terminei o lanche corri novamente lá pro atendimento.

Marvin me passou algumas das comandas pedidas e foi trocar o som. Colocou a música "I hate u, I Love u - Gnash e da Olivia o'brien".

Sim, o Marvin estava querendo fuder meu psicológico com essa música, era triste e melancólica e era oque eu estava sentindo e tentando esquecer ao mesmo tempo.

Mais cedo vi numa rede social, um story do Stephen com a ex e aquilo me incomodou muito. Mas já não era da minha conta, mas ouvir essa música é lembrar daquilo, não me fez bem.

Fuzilei Martin com o olhar e o mesmo sorriu de onde estava. Continuei preparando as comandas e assim que terminei a última, um "hemingway champagne"  Marvin me pediu pra levar até a mesa dezessei, no fundo do Pub.

— Aqui está, senhor —

Encarei o homem destraido e travei, era Stephen, era a primeira vez que eu o via desde que ele me expulsou.

Que coincidência infeliz.

Ele carregava uma aparência cansada, estava com a barba por fazer e muitas olheiras. Me encarou e ficamos calados por alguns minutos, eu não sabia oque fazer, se corria ou se desabava na frente dele.

— Err...bom...s-se precisar de algo é só c-chamar —

Sai praticamente correndo sem ouvir a resposta, deixei a bandeja no balcão e corri pro banheiro.

Me debrucei sobre a pia tentando respirar normalmente, senti as lágrimas rolarem copiosamente em meu rosto.

Ouvi alguém bater na porta me chamando pelo nome, era Marvin. Cobri minha boca com a mão deixando que as lágrimas continuassem descendo.

— Sarah, você está bem ?? — Bateu mais uma vez.

Eu não respondi e ele pareceu estar bem  preocupado, pois insistia cada vez mais na porta.

— Sarah, abre, oque tá acontecendo ? Sei que você tá aí. Tá passando mal ?  Eu posso ajudar ? —

Percebi que ele não ia sair, respirei fundo pra não responder com voz de choro e me aproximei da porta.

— Eu tô bem, volta pra lá que eu já vou — Tentei falar o mais normal possível e e Marvin parou de insistir.

Lavei meu rosto e engoli toda a vontade que tinha de continuar chorando, eu precisava ser forte.

Enxuguei o rosto e respirei fundo, abri a porta e voltei pra lá, Marvin se aproximou perguntando o por que eu estava com aquela cara.

— É a única que tenho, né ?. Foi só um enjoo, já passou —

— Doce como um limão. Se alguém mexeu com você, é só me dizer, okay ? —

Concordei pensando na possibilidade de fazer ele jogar Stephen pra longe, mas preferi me calar.

Continuei trabalhando, mas estava completamente fora de ordem.


Bercebi que John também havia notado e ficou de olho pra ver se via algum movimento estranho, também vi ele alertar Marvin.

Eles eram dois bobos quando queriam me fazer rir, mas sabiam cuidar quando era preciso.


STEPHEN

Resolvi beber fora hoje, já que era minha folga.

Sai de Uber pra não dar merda na volta, parei frente ao bar que eu gostava de ir antigamente e assim que pedi uma bebida fui me sentar no fundo do Pub.

Logo começou tocar a pior música para oque eu estava sentindo. Respirei fundo e peguei meu celular respondendo uma mensagem do meu pai.

Estava distraido, rolando o feed numa rede social, quando ouvi aquela voz, a voz que não saiu um só segundo da minha cabeça.

Levantei o olhar rápidamente e Sarah estava parada bem na minha frente, com um avental azul marcando sua barriga, que estava até que bem desenvolvida, eu subi novamente os olhos para os dela, a encarando.

Nós dois ficamos calados e ela falou algumas coisas que não entendi bem pelo nervosismo e saiu rápidamente.

Peguei o drink e virei de uma vez sentindo minha garganta pegar fogo.

Não demorei a chegar no meu quinto drink e Sarah não veio mais me servir.

Eu observava ela atendendo as outras mesas e as vezes olhava em minha direção, eu nem disfarçava, continuava a observá-la.

Ela estava de vestido, meio curto aliás, com certeza estava ficando apertado, a barriga bem diferente do que era quando eu fiz aquela merda, ela as vezes ficava meio desnorteada, sei que era de nervoso.

Mas eu não conseguia simplesmente pagar a conta e sair, meu corpo se recusava a levantar.




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