STEPHEN
Abri os olhos com dificuldade e tentei me mexer, olhei para todos lados e meus braços estavam presos.
Que porra está acontecendo ?
Tentei me lembrar de alguma coisa, mas as únicas imagens que me vieram a mente, foram no aeroporto, a Sarah com os olhos arregalados, um cara chegando e mais nada.
— Ei... a-alguém aí ?? — Chamei baixo e com dificuldade.
Comecei a observar tudo atentamente, com certeza, aquilo não era a porra de um quarto de hospital, pelo jeito eu tava fudido.
Um cara entrou no quarto e sorriu se aproximando.
— Hora, hora, olha quem acordou. A bela adormecida tatuada —
Tentei puxar minhas mãos de novo, obviamente foi em vão.
— Quem é você ? — Engoli seco.
— Sabe, você é muito inteligente.
Pesquisou a vida de todos, buscou a fundo quem poderia te tornar um alvo caso o pai ou parente morresse. Matou quem precisava, sem ferir terceiros, você é um ótimo atirador, um ótimo matador, um ótimo traficante. Cara, você ajuntou uma pequena tropa, só com os melhores e acabou com uma das melhores máfias do país.
Eu diria que você é foda, se você não tivesse cometido um pequeno erro, não sei se por digamos..."conhecer" a história dele por cima apenas. Mas, pecou na hora de ir a fundo, listou apenas um filho pequeno, uma mulherzinha fútil e gastadeira que nem se preocuparia em procurar o assassino do marido, e só isso. Achou que estava bom, só não viu que ele tinha um filho...
Um filho, que inclusive acha a sua namorada muito linda —— Você, é filho do Raul ? — Tentei tirar minhas mãos outra vez do que me prendia. Comecei a ficar puto, odiava ficar preso a qualquer coisa. — Se falar dela mais uma vez, vou arrancar os seus dentes, um a um —
— Não seja mal educado, eu não terminei ainda. Você não imaginou que fora do casamento oficial, ele visitasse um filho quase todos os dias. Não imaginou que esse filho sabia dessa vida do pai, e admirava ele — O infeliz socou meu estômago. — Não imaginou que eu iria atrás de você, porque subornei um aliado seu e que por ele, eu saberia de todos os seus passos, até sua chacina naquele prédio.
Eu cheguei até ele, só ofereci muito dinheiro, ele se abriu como uma puta e me disse tudo.
Eu poderia ter impedido aquilo, mas acho que sempre tive vontade de matar meu pai, só não obtive coragem. Ai você fez isso, só que por outro lado, eu também amava aquele babaca.
Porém, você matou não só meu pai, mas matou o Yan também. Por um erro pequeno, como o seu, eu fiz um cálculo errado de dias, Infelizmente meu namorado estava lá, e a culpa foi sua ! —Perdi o fôlego por um tempo, ele tinha força e sabia usar.
— Acha que depois do que ele fez, eu ia deixá-lo viver ? —
— CALA A BOCA !! Ele não podia morrer — Me desferiu outro soco. — Você os tirou da minha vida e eu vou tirar elas da sua, depois, vou te matar —
Comecei a tossir.
— Me mata logo...mas não encosta nelas. Se não, você vai se arrepender — Tentei me soltar de novo. — Me tira logo daqui, seu filho da puta ! —
— Claro que vou. Eu vou te colocar em um lugar melhor, bem melhor...pra mim. Mas antes que eu me esqueça, é hora do seu remédio — O vi fazendo uma mistura com remédios e sugou lentamente com uma seringa.
Se aproximou e eu me debati. O que quer que fosse aquilo, foi aplicado direto no meu pescoço e meu corpo foi se relaxando involuntáriamente.
— A propósito, prazer, eu sou Wayan, seu pesadelo... —
— Eu...— A partir dali, apaguei.
Não sei ao certo quanto tempo havia passado, mas acordei sentindo meu corpo doendo pra porra. Com certeza eu já não estava mais deitado, olhei pra cima e estava preso em um gancho de carne, dei risada da ironia dos fatos, eu adorava fazer isso com quem já estava pra morrer, agora eu estava num daqueles. Aquele ditado é verdadeiro, "aqui se faz, aqui se paga".
Comecei a observar o lugar. Era uma espécie de quarto, ou porão, não podia ser um galpão, era muito pequeno pra isso.
Havia uma poltrona uns dois metros a minha frente, uma luz meia sola e uma mesa com muitos utensílios. Tesouras de carne, facas, cordas, correntes, balde, até uma pia e um latão com fogo baixo, um grande erro, qualquer movimento errado e aquilo incendiária o lugar.
Pelo jeito, muita coisa me esperava.Levei meu pensamento na Sarah e na Linda, talvez pensar em me livrar dali pra encontra-lás, me faria raciocinar melhor.
Vi em alguns cantos pequenas luzes e soube que estava sento vigiado. Não demorou para que alguém entrasse ali outra vez e era o tal Wayan.
— Pra um cara tão grande, você ficou dopado muito tempo — Sentou-se na poltrona e ficou me observando por bastante tempo, até que perdi a paciência.
— Vai ficar me olhando por quanto tempo mais ? Começa logo, pra eu poder te matar mais rápido — Forcei o corpo pra cima e voltei a ficar ajoelhado instantâneamente. — Você atirou nas minhas costas quantas vezes ? —
Perguntei sentindo o reflexo da dor.— Eu ??? — Sorriu. — Eu não atirei em você, eu MANDEI. É bem diferente, mas na suas costas, foi apenas um tiro. Porém pegou um local muito delicado, e na sua perna...bom, você quase ficou sem ela —
— Por quanto tempo fiquei apagado ? —
Passei a analisar cada movimento dele, eram previsíveis pra um cara tão cheio de si.— Um mês e duas horas — Se levantou. — Não se preocupa com data de vôo pro caribe. Você não vai chegar lá tão cedo quanto pensa — Colocou um marcador de gado no fogo e pegou uma corrente fina.
— Faz oque quiser comigo, só não toca nelas. Por favor eu te imploro — Sim, eu já estava implorando, não era por mim, era por elas, e eu não me importava de descer até o último nível.
Puxei as mãos de novo tentando me soltar. Aquilo não tinha resultados, mas se eu usasse bastante força era bem capaz de acabar soltando algum parafuso.
— Já vai começar ? — Deu risada e rasgou minha camisa, enrolou a corrente na mão. A única coisa que não estava perfeita pra ele, com certeza era meu sorriso. Na situação em que me encontrava, ainda tinha espaço pra tirar uma com aquele filho da puta. — Não sei, estou pensando em como e por onde começar — Rodeou e me chicoteou com a corrente. — Que comecem os jogos —
Fechei os olhos.
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Caminhos Cruzados.
RomanceSarah foi abandonada na porta de um orfanato poucas horas após o nascimento. Cresceu vendo seus amigos sendo adotados e ela sempre sendo devolvida. Traumas foram criados e tristezas enraizadas, sentimentos persistentes de abandono a cercam. Pouquís...