Aqui se faz, aqui se paga.

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Stephen - Abri os olhos com dificuldade e tentei me mexer, olhei pros lados e meus braços estavam presos.
Que porra está acontecendo ?.
Tentei me lembrar de alguma coisa, mas as únicas imagens que me vieram a cabeça, foram no aeroporto, a Sarah com os olhos arregalados, um cara chegando e mais nada.
- Ei... a-alguém aí ?? -.
Falei baixo e com dificuldade.
Comecei a observar tudo atentamente, com certeza aquilo não era a porra de um quarto de hospital, pelo jeito eu tava fudido.

Wayan - Entrei no quarto e Stephen estava acordado.
Sorri e me aproximei.
- Hora, hora....olha quem acordou. A bela adormecida tatuada -.

Stephen - Tentei puxar minhas mãos de novo quando vi um cara entrar e se se aproximar.
Obviamente foi em vão.
- Quem é você ? - .
Engoli seco.

Wayan - Sabe, você....é muito inteligente.
Pesquisou a vida de todos, buscou a fundo quem poderia te tornar um alvo caso o pai ou parente morresse.
Matou quem precisava, sem ferir terceiros, você é um ótimo atirador, um ótimo matador, um ótimo traficante. Cara, você ajuntou uma pequena tropa, só com os melhores....e acabou com uma das melhores máfias do país.
Eu diria que você é foda, se você não tivesse cometido um pequeno erro, não sei se por....digamos "conhecer" a história dele por cima apenas. Mas pecou na hora de ir a fundo, listou apenas um filho pequeno, uma mulherzinha fútil e gastadeira que nem se preocuparia em procurar o assassino do marido, e só isso. Achou que estava bom, só não viu que ele tinha um filho.....
Um filho, que inclusive acha a sua namorada muito linda -.

Stephen - Você, é filho do Raul ? -.
Tentei tirar minhas mãos outra vez do que me prendia.
Comecei a ficar puto, odiava ficar preso a qualquer coisa.
- Se falar dela mais uma vez, vou arrancar os seus dentes, um a um -.

Wayan - Não seja mal educado, eu não terminei ainda.
Você não imaginou que fora do casamento oficial, ele visitasse um filho quase todos os dias. Não imaginou que esse filho sabia dessa vida do pai, e admirava ele..... -.
Soquei forte o estômago de Stephen.
- Não imaginou que eu viria atrás de você, porque subornei um aliado seu. Que por ele, eu saberia de todos os seus passos, até sua chacina naquele prédio.
Eu cheguei até ele, só ofereci muito dinheiro, ele se abriu como uma puta e me disse tudo.
Eu poderia ter impedido aquilo, mas acho que sempre tive vontade de matar meu pai, só não obtive coragem. Mas você fez isso, que por outro lado, eu também amava aquele babaca.
Porém, você matou não só meu pai, mas matou o Yan também. Por um erro pequeno, como o seu, eu fiz um cálculo errado de dias, Infelizmente meu namorado estava lá, e a culpa foi sua -.

Stephen  - Perdi o fôlego por um tempo, ele tinha muita força.
- Acha que depois do que ele fez, eu ia deixá-lo viver ? -.

Wayan - CALA A BOCA !!!.
Ele não podia morrer. -.
Dei outro soco nele.
- Você os tirou da minha vida, e eu vou tirar elas da sua, depois, vou te matar -.

Stephen - Comecei a tossir.
- Me mata logo....mas não encosta nelas. Se não, você vai se arrepender -.
Tentei me soltar de novo.
- Me tira logo daqui, seu filho da puta ! -.

Wayan - Claro que vou.
Eu vou te colocar em um lugar melhor, bem melhor....pra mim. Mas antes que eu me esqueça, é hora do seu remédio -.
Fiz uma mistura anestésica e suguei lentamente com a seringa.
Me aproximei dele e o mesmo começou a se debater tentando se soltar. Apliquei direto na veia e ele foi se acalmando aos poucos e logo apagou.
- Pode entrar !! -.

Eduardo - Entrei no quarto e Stephen tava apagado.
- Pois é, mesmo amarrado, ele banca o machão -.
Dei risada e encarei Wayan.
- Vamos logo, antes que ele acorde -.

                                ***

Stephen - Abri os olhos sentindo meu corpo doendo pra porra. Com certeza eu já não estava mais deitado, olhei pra cima e estava preso em um gancho de carne, dei risada da ironia dos fatos, eu adorava fazer isso com quem já estava pra morrer. Agora eu estava aqui, aquele ditado é verdadeiro, "aqui se faz, aqui se paga".
Comecei a observar o lugar. Era uma espécie de quarto, ou porão, não podia ser um galpão, era muito pequeno pra isso.
Havia uma poltrona uns dois metros a minha frente, uma luz meia sola e uma mesa com muitos utensílios. Tesouras de carne, facas, cordas, correntes, balde, até uma pia e um latão com fogo baixo, um grande erro, qualquer movimento errado e aquilo incendiária o lugar.
Pelo jeito, muita coisa me esperava.
Levei meu pensamento na Sarah e na Linda, talvez pensar em me livrar dali pra encontra-lás, me faria raciocinar melhor.

Wayan - Vi por uma das câmeras que o convidado de honra tinha acordado e fui direto para lá.
Entrei no porão e desci as escadas, aumentei a luz e Eduardo ficou de longe, para que Stephen não o visse por enquanto.
- Pra um cara tão grande, você ficou dopado muito tempo -.
Me sentei na poltrona e fiquei o observando por bastante tempo, até que como previ, ele perdeu a paciência.

Stephen - Vai ficar me olhando por quanto tempo ?.
Começa logo, pra eu poder te matar mais rápido -.
Forcei o corpo pra cima e voltei a ficar ajoelhado instantâneamente.
- Você atirou nas minhas costas quantas vezes ? -.
Perguntei sentindo o reflexo da dor.

Wayan - Eu ??? -.
Sorri.
- Eu não atirei em você, eu MANDEI. É bem diferente, mas na suas costas, foi apenas um tiro. Porém pegou um local muito delicado, e na sua perna....bom, você quase ficou sem ela -.

Stephen - Por quanto tempo fiquei apagado ? -.
Passei a observar cada movimento dele, eram previsíveis pra um cara tão cheio de si.

Wayan - Um mês e duas horas -.
Me levantei.
- Não se preocupa com data de vôo pro caribe. Você não vai chegar lá tão cedo quanto pensa -.
Coloquei um marcador de gado no fogo e peguei um corrente fina.

Stephen - Faz oque quiser comigo....só não toca nelas. Por favor eu te imploro -.
Sim, eu já estava implorando, não era por mim, era por elas. Eu não me importava de descer até o último nível.
Puxei as mãos de novo tentando me soltar. Aquilo não tinha resultados, mas se eu forçar era bem capaz de acabar soltando algum parafuso.
- Vai começar ? -.
Dei risada.

Wayan - Rasguei a camisa dele, e enrolei a corrente na mão. A única coisa que não estava perfeita era aquele sorrisinho. Na situação em que ele se encontrava, ainda tinha espaço pro deboche.
- Não sei, estou pensando em como e por onde começar -.
Rodeei ele e o chicoteei com a corrente.
- Que o jogo comece -.

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