Ameaça

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STEPHEN




Observei Raul se levantar e em seguida arrumar a gravata.

— Espero que não esteja falando comigo — Levantou o olhar me fitando.

Cortez apenas nos olhava, afinal nós últimos tempos parecíamos cão e gato, esse infeliz me tirava do sério.

— Com toda certeza foi sua, essa ideia de bosta. MATAR federais, Raul ? Você cursou idiotice ou demência ? — Passei as mãos na cabeça.

— Sim a ideia foi minha, garoto, pensa em como isso vai aumentar nossa fama lá dentro —

— Calados os dois, de uma vez por todas ! — Cortez ralhou. — Stephen, eu te pedi pra vir porque quero sua opinião sobre isso, aliás, já até sei, mas quero ouvir os contras, porque claramente os prós, o Raul já apresentou —

— Os contras ? — Ri sarcástico. — Os contras, Cortez, é simplesmente que se a gente matar um desses caras, eles esquecem o nosso acordo com eles. Com ou sem dinheiro, com ou sem propina, a gente tá fodido. Ah, não podemos esquecer que com uma investigação a gente roda, principalmente você, idiota — Apontei o dedo pro lado do Raul.

— Sim, você está certo, porém...está com um senso de certeza muito grande, e se apenas pegássemos um deles para um passeio, no seu parque de diversões ? —

— Eu não vou pôr um dedo nisso...nem adianta. Olha senhor, me desculpe, sei que é chefe de tudo por aqui, mas esse idiota, está colocando coisas na sua cabeça, ele não tem todos os parafusos, por ele nós eliminavamos até a mãe dele —

Raul se levantou me segurando pelo colarinho. Não fiz questão de revidar, ele não valia a pena.

— Você esquece que tem uma namoradinha gravida, não é ? Esquece que tenho olhos em muitos lugares, e até no nascimento da bastarda eu posso estar, seu desgraçado ! —

Peguei a arma da minha cintura dando uma coronhada nele, que me soltou instantâneamente me xingando.

— ISSO FOI UMA AMEAÇA ? Porque se foi, você pode dizer adeus pra esses seus dentes de ouro barato seu filho da puta — Aquilo sim, havia mexido comigo e me tirado do sério.

— CHEGA !!. Parem com isso, estão parecendo duas crianças.
Raul, você não é louco de trair um irmão. Stephen, você depois dele é meu braço direito, mas não esquece que quem manda nas suas ações aqui dentro, sou eu — Me olhou por um breve instante. — Vai conseguir conciliar sua vida de pai, médico, traficante e de mafioso até quando ? —

— Eu já implorei pra sair, por ela e pela minha filha. O senhor lembra qual foi sua resposta ? — Guardei a arma e me sentei frente a ele.

— Não estou pronto pra perder um bom soldado como você. Sinto muito, daqui há uns anos quem sabe. Você já vai ser um médico renomado, vou te deixar ir. Mas isso...se não me deixar com raiva, porque se o fizer, vai morrer só, sabendo que por sua causa, pessoas que você ama morreram —

— Está me ameaçando também ? — Levantei encarando ele. — O senhor sabe que sempre te respeitei. Mas sabe também, que eu NUNCA, tive medo de você e não sou como esse bando de frouxos que trabalha pra você —

— Eu aviso, eu não ameaço. Não se esqueça quem dita as regras desse jogo todo.
Pode ir, vai brincar de médico que você ganha mais, manda beijo para a...Sarah, não é ? - Sorriu macabro beijando o cano de seu revólver.

Me virei, o olhando pela última vez, sentindo meu sangue ferver. Eu sei muito bem do que esse doente é capaz.

Sai de lá puto da vida e fui pro hospital pegar meu turno, eu precisava deixar essa merda pela Sarah.

Se eu não conseguisse, ele ia acabar deixando de ameaçar e fazer, mas a única solução, se sair no momento, seria matando ele.

Balancei a cabeça tirando esses pensamentos de perto para focar nos meus pacientes.









SARAH

Já eram sete da noite e eu sinceramente não aguentei fazer nada hoje. Passei o dia deitada mandando mensagens para os clientes da boutique, oferecendo novos produtos.

Foi um dia muito desconfortável, eu tava estranhando aquilo e também aquela dorzinha chata no pé da barriga que estava sentindo há uns dois dias, mas hoje estava bem pior.

Eu me levantei pra pelo menos pedir alguma coisa pra comer e tomar um banho e assim que me deitei deitei outra vez ouvi a porta da sala abrindo, não demorei para ver Stephen entrando no quarto. Ele se aproximou me abraçando.


— Te amo. Desculpa não ter ficado com você, tá bom ? —

Balancei a cabeça de forma positiva estranhando.

— Você tá bem ? Aconteceu alguma coisa ? — Me encolhi mais.

— Sim tá tudo bem...tudo ótimo. Não se preocupe, tá ? — Passou a mão em minha barriga e olhou ligeiramente o resto da cama. — E você ? Tá bem ? Imagino que estava brava, não respondeu às mensagens que te mandei hoje —

— Estava brava sim, mas não tô muito bem. Passei o dia cansada, eu nem comi nada, pedi um lanche pra gente comer agora de noite, tá ? Não tô legal pra fazer comida —

Me olhou sério.

— Amor...você está sentindo dor ? Porque não me avisou ? Nem adianta mentir, olha como você está toda encolhida —

— Já faz um ou dois dias...mas não estava nessa intensidade — Passei a mão onde estava doendo e ele me olhou surpreso.

— Sarah, isso se chama contração. Você tinha que ter me contado, e se sua bolsa estourasse ? Olha, não vou falar nem falar nada, agora entendi porque tanta insistência de manhã.
Vamos começar a cronometrar o tempo das contrações, okay ? Fora isso, você está sentindo mais alguma coisa ? Por favor eu preciso saber —

Neguei e segurei a respiração quando veio uma nova contração.

Stephen começou a cronometrar e então desceu rápido para pegar os lanches. Assim que terminei de comer, me deitei outra vez e ele me mandou ir marcando as contrações.

Meu namorado foi fazer algumas coisas de casa e eu levantei. Peguei as roupas da neném que levaria pra maternidade e depois as minhas.

Arrumei tudo que precisaria e parando pra pensar, admito que fui bem desleixada com isso. Era pra ter feito há dias atrás, mas agora já estava tudo pronto, na verdade quase tudo.

— Stephen...AMOR !! — Chamei mais alto e ele entrou no quarto meio que correndo. — Se acalma e pega aquele jogo rosa que compramos pro berço. Vou forrar, pega também o mosquiteiro com laço rosa —

— Vai deitar Sarah, você tá com dor —
Balancei a cabeça negando e me segurei no berço por alguns segundos tomando fôlego.

Forrei o berço a contra gosto dele e estiquei com o pé. Claro que a maioria das coisas Stephen é quem fez e com muita agilidade para que eu me deitasse logo. E não demorou para se juntar a mim. Antes disso, deixou tudo localizado e ficou metade da noite cuidando das minhas dores, mas deu pra ver, ele estava extremamente cansado e num dado momento acabou cochilando enquanto fazia carinho em minha barriga.










PREPAREM OS CORAÇÕES MEUS AMOOORESSS, BEIJOS ESPERO QUE ESTEJAM GOSTANDO, VOTEM E COMENTEM POR FAVOR. BEIJOOOOOO.

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