Eu odeio ela

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STEPHEN

Os dias estavam se arrastando como uma tartaruga.

Minha mãe veio aqui de surpresa com meu pai, mas quando contei oque houve, voltaram pra casa antes do esperado.

Meu pai sempre colocando panos frios, me disse que ela era uma boa moça, que eu deveria repensar minha atitude e voltar atrás. Já a minha mãe, colocando lenha na fogueira, disse que eu tinha era que pagar uma passagem pra ela ir pros quintos.

Por mais que eu estivesse ficado puto aquele dia, eu sinceramente não sei oque fazer.

Venho ficando triste e deprimido, minha vida é o hospital no horário noturno e eu me enfiei de cabeça também nos meus negócios clandestinos durante o dia.

Faço de tudo pra não pensar nela, nem...no filho dela, eu pergunto pra Maria quase todos os dias como Sarah está. E ela só responde: bem. Fala comigo sobre tudo, tirando é claro, a Sarah.

E falando nessa garota, ontem mesmo encontrei uma blusa dela, aqui no meu quarto.

Eu sentei na cama e senti o cheiro, depois de quase um mês, ainda tinha o cheiro dela.

É tão estranho entrar nesse quarto a noite e não ver aquele sorriso, ou sentir o cheio bom em seu cabelo.

Mas, tudo muda, inclusive eu, voltei a falar com a Raquel, ela está menos egocêntrica, dá pra ter um bom papo e uma noite legal com ela, porém aquela insistência nunca passa. Eu já deixei ela avisada de tudo, mas parece que não saca.

Continuo odiando o fato de quem eu quero esquecer, não sai da minha cabeça. A Sarah está colada aqui, e sei que vai demorar muito pra ela deixar de morar nos meus pensamentos.

Enquanto isso, vou me alcoolizando excessivamente pra esquecer ela.

                             

...

Estava ouvindo a ladainha do Eduardo. Há tempos que venho desconfiando dele, todo dia uma coisa atrasou, todo dia alguém se machucou, e mais uma caralhada de desculpas.

— Mas, amanhã a gente acerta isso, poxa —  Levantou e acendeu um cigarro.

— Eduardo, eu não sou idiota, isso é atraso seu, porra. Você está brincando comigo ? Todos os dias inventando alguma merda e eu já tô de saco cheio ! —

— Você é louco ? Eu nunca vou te trair, irmão. Fala isso por que sempre foi playboy, sempre teve tudo na mão e quando chegou na vida adulta, quis se encher marra e entrar no crime. Mano, você é rico, tá aqui por que ? Você tem uma boa carreira de médico pela frente,
eu entrei nessa vida pra sobreviver, e pagar minha faculdade —

— Cala a boca, retardado, estou aqui porque quero.
Pra manter qualquer coisa, tem que ter a fonte, entendeu ? Se a medicina não der certo...Tô engajado aqui. A droga que a gente fornece já rodou mais de três paises, eu já matei gente, não dá mais pra sair dessa —

O encarei.

— E eu te garanto, que tenho mais coragem que você, pra muita coisa, você nem imagina, então abaixa a sua bola, caralho.
E é bom mesmo, que não esteja me enrolando, porque se não, você já era, e sabe disso. Eu não trabalho só aqui, tem a porra da máfia pra te caçar, se qualquer coisa acontecer —

— Cala a boca, irmão, olha as asneiras que você tá dizendo, não vou te trair. Se segura ai, vai ! — Sorriu. — E a tal da Sarah ? Nunca mais viu ? —

— Me responde uma coisa ? Quem tá te pagando pra me deixar puto ? Eu pago mais, pra você nem falar dela.
Faz o seu aí, bem quietinho e chama o Pedro pra te dar uma força, porque que meu horário de ir pro hospital chegou —

Levantei dando um peteleco nele, peguei minha mochila e sai.

Passei em casa e tomei um banho, comi um pedaço de bolo que Maria fez e me despedi dela.

Fui para o hospital e a noite foi longa, mais muito longa. Como me formei em obstetria eu ficava só no andar da maternidade, e nunca vi tantos bebês na minha vida, eu sabia que era grande o número de nascimentos e mortes de bebês, mas nem tanto.

Há uns dois dias, tivemos um natimorto e foi uma tristeza enorme aquela noite, sem falar nos pais, a dor era perceptível mesmo de longe.

Acho que, oque não me deixava esquecer Sarah, era isso, tantos bebês nascendo, tantas mães solteiras que apareciam para ter seus filhos sozinhas.

Porém, tenho certeza o "amigo" dela voltou, Maria apenas não contava logo.


Fui pra casa pela manhã, exausto, eu amava trabalhar com as pessoas daquele hospital, estava até que me esforçando bastante para manter a pose de bom moço.

Entrei em casa e já peguei uma garrafa de vodka ciroc. Subi as escadas, deixei a bolsa de lado e abri a garrafa sentando-me na cama, dei o primeiro gole e mandei mensagem pro Eduardo.


Avisei que hoje não iria e dei outro gole, logo acendi um cigarro, fui bebendo e fumando, queria relaxar.

Abri a gaveta da cômoda pra pegar mais maconha. Fiz um cigarro e tranquei a porta, acendi e quando fui fechar a gaveta, vi uma foto, aquela do quadro que quebrei no dia em que mandei Sarah embora.

Peguei aquilo e fiquei olhando o sorriso filho da puta me encarando na foto. Foi o auge, fumei aquela maconha e sequei a porra da garrafa, todas as vezes em que eu lembrava de algum momento com a aquela mulher, eu tomava um gole.

Era até divertido fazer isso, sanar a dor no álcool.

Amassei a foto sentindo meus olhos marejarem, joguei os travesseiros no chão e me deitei lá, enfiando a cara neles começando a chorar.

Sim, eu chorei, admito, chorei pra caralho lembrando de Sarah, pensando como seria se aquele bebê fosse meu.

Ohei a aliança que eu ainda usava, tirei e joguei contra um espelho na parede o trincando no mesmo instante.

— Odeio ela ! ODEIO !! —

Soltei em meio ao choro, mas quem eu estava tentando enganar ? Eu amava ela, mais que tudo.

Foi dai pra pior, cada dia bebendo mais, fumando mais e negociando mais.







E COMO ELE MESMO DISSE, NÉ ?. QUEM ELE TÁ TENTANDO ENGANAR ???? KKKKKKKK. BEIJUUUS ♡♡♡♡

Caminhos Cruzados.Onde histórias criam vida. Descubra agora