Sem fim

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STHEPEN

Eu finalmente estava com ela e caralho, como ela estava linda, como minha filha havia crescido, eu sabia que tinha perdido muita coisa.

Sarah deixou Linda em seu quarto e ficamos juntos a sós, abraçados, sem segundas intenções, apenas sentindo a respiração um do outro, tendo certeza de que era mesmo real, os dois precisavam daquela dose de certeza.

Apesar não queria tocar naquele assunto, mas Sarah insistiu e também não podia deixar por isso mesmo, ela tinha que saber.

Eu não podia simplesmente sumir e voltar como se nada tivesse acontecido e nem ao menos das explicações.

— O Eduardo armou...até então eu não sabia. Lembro que acordei com os ferimentos de bala se curando e foi ai que tudo começou. Eu estava numa espécie de quarto improvisado, que na verdade era um porão —

Passei as mãos na cabeça.

— Wayan queria se vingar pela morte do pai e do namorado, Raul e Yan. O cara que mandou e o que foi no hospital atrás de você —

Olhei as portas de vidro e lá no fundo o mar, quebrando suas ondas e fazendo espumas na areia.

— Eu ficava a maioria do tempo, acorrentado e pendurado num gancho de carne, apanhando.
Você ligava em desespero e ele me colocava pra ouvir, durante um bom tempo eu achava que tinha sido o Guilherme. Mas, não, foi o meu próprio "amigo" —

Fiz aspas e ela se sentou ao meu lado, segurando minha mão.

— Eu só não me entreguei, porque ele sabia desse lugar, sabia que vocês estavam aqui — Suspirei.

...

Depois de contar exatamente tudo a Sarah, ela me olhava com uma cara de amargura. Como se estivesse imaginando aquelas coisas todas.

A essas alturas ela estava chorando e pelo meu rosto também rolaram algumas lágrimas.



SARAH

O restante da madrugada passou lentamente.

Quando Linda acordou dei o peito a ela, que dormiu em pouco tempo outra vez.
Levei minha filha até seu próprio quarto e a deixei cuidadosamente no berço.

Stephen não parava de admirar.
Voltamos pro meu quarto, mas não transamos ou fizemos algo do tipo. Ficamos apenas colado um ao outro, pedindo pra não ser um sonho.

Eu continuava anestesiada com ele ao meu lado, depois de tantos dias de aflição, eu não consegui pregar os olhos com tanta euforia. Queria gritar pro mundo todo, que ele estava ali, novamente comigo.

— Por favor...me conta oque aconteceu ? —

Stephen suspirou e se sentou na ponta da cama ficando de costas.

— Sarah, esquece isso, já passou —

Insisti e pude vê-lo fechar os olhos.

Ele contou tudo e eu não conseguia nem fechar os olhos porque as cenas se formavam automaticamente em minha cabeça.

Abri o moletom que ele usava e o tirei, ficando ainda mais sem chão, ele estava completamente marcado. Senti um nó se formando em minha garganta outra vez e o abracei com força.

— É tudo, tudo culpa minha —

— Nunca mais repete isso, me entendeu ? — Segurou meu rosto. — Isso é culpa dos meus atos, okay ? Eu te amo, e a única coisa de que me arrependo, foi de ter te colocado pra fora de casa aquele dia, apenas disso. Então não diz, que é culpa sua, porque não é ! Eu fiz tudo o que fiz e faria de novo, passei por isso e passaria de novo. Só pra te ver novamente, só pra te ver segura, você e a nossa filha —

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