Vendaval

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SARAH

Acordei exausta, parecia que me surraram a noite tuda, tudo doia. Minhas costas então, nem se fala.

Me sentei na cama sentindo um vento forte e frio passando pela janela aberta, levantei pra fechar e me deparei com o tempo fechado, o céu estava completamente escuro. Fechei rápidamente a janela e fui pra sala, liguei a TV para obter alguma notícia sobre o tempo e tive uma surpresa.

Um vendaval estáva se aproximando da cidade. Provavelmente chegaria pelo fim da tarde, me senti meio perdida e peguei meu celular ligando pra Stephen.

Ele me disse que os hospitais da cidade estavam se preparando para o vendaval que passaria por aqui. Muita gente estava apavorada e entrando em centros de ajuda e hospitais para se protegerem. Ele me disse que não era seguro ficar em prédios em uma situação dessas então viria logo me buscar, já estava saindo do plantão.

Eu pedi a ele para tomar cuidado. Apesar de qualquer coisa me importava de mais com ele.

Arrumei uma bolsa com documentos, algumas roupas minhas e produtos de higiene pessoal. Acho que era tudo que precisava no momento e pedia a Deus para que ficasse em qualquer lugar, menos na mansão, aquele lugar nunca me traria boas lembranças. Não pelo menos depois daquela noite infeliz.

Fui pro sofá na espera de Stephen que logo estaria aqui.

Geralmente, ele demorava de vinte a trinta minutos dos hospitais em que ele divide os plantões, até meu apartamento. Mas dessa vez, ele demorou muito mais que isso.

Eu estava ligando como uma condenada e nada dele responder. A preocupação e a raiva começaram a tomar conta da minha mente, e como se eu não tivesse ligado milhares de vezes, ele apareceu pleno e tranquilo em minha porta.

O olhei com a pior cara possível, e o mesmo veio tentando me beijar, não tive outra reação a não ser afastá-lo.

— Aonde você estava ? —

Eu tive que passar em casa antes, Maria queria falar comigo, ela estava preocupada — Sorriu.

Aquilo foi com certeza, a coisa mais rápida em que pensou.

Cocei a cabeça ficando mais irritada, sabendo que aquilo era mentira. Pois havia falado com Maria mais cedo e nem trabalhar ela tinha ido por conta do vendaval que atingiria a cidade.

Resumindo, não havia ninguém na mansão, nem mesmo a baba ovo da Rosa estava por lá, apenas os cachorros que faziam a segurança.

Respirei fundo dando o melhor sorriso.

— E então, porque não me atendeu ?? —

Meu celular deve estar descarregado, eu nem ouvi chamadas, me desculpa. Agora, vamos logo, por favor, o tempo tá piorando —

Tá bom — O olhei fixamente. — Com certeza vai me levar pra mansão, né ? Por mais que eu já tenha dito que não queria voltar pra lá —

Sarah...tenta por favor entender. As coisas vão mudando, olha as condições, olha o que tá vindo por aí.
Por favor, vamos lá, você não vai voltar a morar lá, assim que tudo acabar eu te trago de volta. Mas, no momento manter vocês duas em segurança é a prioridade —

Tudo bem, vamos — Respirei fundo e ele pegou minha bolsa.

Fui descendo as escadas com calma e Stephen ajudou me pegando no colo.

Ele pode até achar que a mentira ía passar batida, porém, só na cabeça dele.

Descemos até o carro e Stephen deu partida. Chegamos o mais rápido possível e eu pude ver que a mansão estava com as portas e janelas revestidas por madeiras. Tudo aparentemente muito seguro.

Os cachorros assim que me viram já vieram abanando o rabo pro meu lado. Eram cinco pastores alemães enormes, porém, mais pareciam crianças do que cães de guarda. Fiz carinho rápidamente neles e Stephen os repreendeu pra não pularem. Os cinco se sentaram.

Vou colocar eles no anexo, vão ficar seguros lá. A porta da área de serviço ficou aberta, vai entrando, eu já vou —

Concordei e ele saiu com andando depressa com: Hulk, Aquiles, Zeus, Apolo e o Rock.

Entrei e permaneci na cozinha esperando meu namorado, assim que ele entrou, ouvimos o vento assoviando através das janelas, aquilo me causou calafrios. Ele percebeu e pegou rápido algumas coisas para comermos e me levou para o andar de cima.

Entramos em seu quarto e meus olhos passearam pelo cômodo, a próxima coisa que fiz foi sentar na cama e encarar Stephen.

— Você está bem ?? — Perguntou estranhando.

Apenas balancei a cabeça. Eu tinha em mente que precisávamos ter uma conversa séria e pra lá de esclarecedora, entretanto, o momento era o pior. Um vendaval se estabelecia lá fora e meu coração se atormentava pela preocupação, era um misto estranho de raiva, tristeza e ansiedade que se misturavam. Eu não seria capaz de estabelecer um diálogo descente nem que quisesse muito.

— Tem certeza ? — Stephen insistiu.

— Sim, claro — Sorri. — Por que não estaria ? —

Me deitei ouvindo tudo lá fora, os barulhos do vendaval eram assombrosos.

Fiquei quieta todo tempo e as vezes ele repetia a pergunta sobre meu bem estar, por minha vez, apenas assentia com a cabeça.

Era assustador ouvir os barulhos que aquela ventania toda causava. Eu me segurei bem durante todo o tempo, mas,  um estrondo soou tão forte junto com a chuva que acabei deixando bem claro que estava assustada e em poucos segundos não tínhamos mais iluminação. Tentei enxergar Stephen e obviamente não tive êxito, suspirei sentindo a neném se agitar.

— Eu...estou com medo — Sussurrei e ele me abraçou.

Calma, estamos seguros aqui, alguma árvore deve ter caido — Passou a mão em meu cabelo e apenas concordei o olhando.

A neném ficou agitada — Respirei fundo passando a mão na barriga pra acalma-lá.

Stephen sorriu torto.

— Posso ? — Assenti e ele apoiou a mão ao lado da minha, sentindo como a bebê se mexia rápida. — Você está transmitindo medo, tenta se acalmar, se não, ela só vai ficar mais agitada —
Me abraçou outra vez e depois de um longo tempo acabei pegando no sono.





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