14. Família

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Segunda-feira...

Esses últimos meses voaram. Quem diria que já fazem cinco meses que estou nessa cidade.

_ Bom dia senhorita Smith.- Benjamin passa por minha mesa e entra em sua sala sem nem esperar minha resposta.

_ Bom dia.- Respondo antes que a porta se feche e respiro fundo frustrada.

As coisas entre Ben e eu não tem evoluído em nada, se fosse para analisar bem, diria que regredimos muito nesses últimos dois meses.

O caso do assassino do lenço também está estagnado e isso parece frustra-lo a cada dia mais. Em resultado, Ben fica estressado e estressa a todos na delegacia, incluindo Bones que não dá as caras a dias.

Minha ideia de dar um tempo em meus planos tem dado certo, entretanto toda essa espera já está me cansando. Tenho que agir logo....

As vezes me pego pensando se estou me viciando em matar....

_ Naaaaao.- Falo para mim mesma em voz alta, mas não consigo deixar de pensar que já está na hora de Caio receber minha visitinha.

🍁🍁🍁

Estou em minha mesa terminando alguns relatórios, quando meu telefone começa a tocar e eu atendo no modo automático.

**ligação on**

_14°DP Boa tarde. Samanta falando.- Falo ainda digitando.

_ Oi Samanta aqui quem fala é dona Bere, será que eu poderia falar com minha ternurinha por favor.- escuto a voz da Mãe de Benjamin e paro o que estou fazendo enquanto seguro o riso.

Já faz algum tempo que dona Berenice não liga para cá, mas não importa quantas vezes ela já o tenha feito, eu sempre vou continuar achando graça da forma com que ela chama o filho.

_ Dona Bere vou colocar a senhora em espera e vou ver se ele pode te atender, tudo bem?

_ Claro florzinha.- Ela fala com sua simpatia rotineira, e eu aperto o botão de espera, chamo o ramal de Ben logo em seguida.

Benjamin não demora a atender, o que comprova que ele não está ocupado, e apesar de não estarmos bem e mesmo sabendo que não devia, tenho que implicar com ele um pouquinho.

_Ternurinha, sua mãe está na linha dois e gostaria de saber se você pode atende-la.

_ Eu realmente tenho que pedir para minha mãe ligar para meu celular. Pode passar. - Diz ele com humor na voz e eu sorrio involuntariamente.

Eu aperto o botão de espera novamente e posso ouvir dona Bere aos berros com alguém do outro lado da linha.

_ Dona Bere vou passar a ligação.- falo e ela logo volta sua atenção a mim.

_ Muito obrigada florzinha.

_ De nada.- Passo a ligação e uma certa melancolia me atinge. Saudades de casa.

**ligação off**

Faz um pouco mais de seis meses que não falo com meus pais e sinto muita falta deles. Nós sempre fomos muito próximos e o que aconteceu comigo só nos uniu ainda mais, mesmo eu não sendo mais a mesma.

Ouvir o amor de dona Berenice por seu filho faz com que eu sinta certa inveja de Ben. Tudo que eu queria era estar com meus pais agora, ouvir a risada da minha mãe ou as reclamações do meu pai, mas sei que fiz uma escolha que eles não aprovariam e quanto a isso não posso voltar atrás.

🍁🍁🍁

Haviam se passado uns trinta minutos desde o momento que dona Bere ligou para cá e depois que minha melancolia passou, eu voltei a trabalhar, até que Ben me ligou e pediu para que eu fosse a sala dele.

Assim que entrei percebi sua inquietação, ele parecia titubear sobre me dizer ou não alguma coisa e eu espero que ele me diga, porque minha curiosidade está me matando.

_ Ben você queria falar comigo? - Pergunto, esperando que ele se motive a me dizer o que está pensando.

_ Acho que sim. -Diz ele ainda desconfortável.

_ Você acha...?

_ Eu tenho certeza. -Ele se corrige.

_ E o que você deseja? - Pergunto, e observo enquanto ele respira fundo e diz as palavras tão rápido que elas se juntam formando uma única palavra.

_Vocequeriraocasamentodaminhairmãcomigo.

É claro que eu não entendi nada. Que idioma é esse?

_ Oi...?- Pergunto confusa, enquanto vejo Ben puxar o ar novamente. Ele parecia suar de nervo.... Que estranho.

_ Tudo bem vou falar mais devagar.- Ele fala após um longo suspiro resignado.- Você quer ir comigo ao casamento da minha irmã?

" Ele não pode estar falando sério. O que passou pela cabeça desse homem para nos convidar para ir ao casamento da irmã dele?"- Minha consciência fala em choque e eu devo parecer apavorada porque ele começa a me explicar.

_ Minha mãe acabou de me ligar para me lembrar do casamento, porque como ela mesma disse eu não me lembraria, já que eu sempre estou mais interessado em meu trabalho do que em minha família e bla, bla, bla. Ela tem razão? É claro que sim. Mas o que posso fazer? eu amo minha família, mas eles são difíceis de lidar.

_Eu ainda não entendi onde eu me encaixo nessa história.- Sério, o que eu posso ter a ver com tudo isso.

_Minha família tenta me arranjar alguém desde o dia que minha irmã, a única solteira além de mim, anunciou seu noivado, e eu tenho certeza que eles vão querer arrumar um jeito de me forçar a conhecer algumas das amigas da minha irmã.- Ele desabafa meio triste.

Quem diria que um homem como aquele, fugiria de madrinhas de casamento gatas e peitudas. Será que ele é gay? Não....

_ Não entendi ainda qual o problema. Tenho certeza que as amigas de sua irmã são ótimas e lindas. - Falo me sentando a sua frente e assistindo com humor seu constrangimento

_São sim.

_E então?

_ Acontece que eu estou interessado por....outra pessoa, mais ela não sabe disso, ou sabe e não está interessada. -Noto que ele olha fixamente para mim, me examinando de cima a baixo.

Agora quem é a constrangida?!

Sinto um calafrio com seu olhar e é como se me queimasse de dentro para fora.

Ele gosta de mim. Benjamin gosta de mim, e eu não sei dizer se isso é bom ou ruim, só sei que eu gosto dele e isso é péssimo.

_ Quando será o casamento? - Eu pergunto e uma ponta de um sorriso aparece em seus lábios. Simplesmente lindo.

_ Será daqui a um mês. Então você aceita...? - Seu sorriso é bem aparente agora.

_ Tudo bem, eu vou com você.

Por que algo me diz que vou me arrepender disso.

" Provavelmente porque você vai"

" Provavelmente porque você vai"

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