12. Opinião...

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Segunda-feira...

Posso escutar os gritos de Ben da minha mesa. Ele está furioso e a nova morte o deixou fora de si. O detetive Bones está com ele desde muito cedo e se o som de algo se quebrando quer dizer alguma coisa, eu diria que o clima hoje será pesado.

Evito ter que ir até Ben o máximo que consigo e tento me convencer de que apenas não quero ser alvo de sua ira, mas eu sei que não é isso, sei que só não quero olhar em seus olhos e ver que nada mudou, ou pior, ver que tudo mudou.

O telefone da minha mesa começa a tocar e quando vejo o ramal dele piscando, penso em não atender, mas acabo o fazendo, afinal esse é o meu trabalho.

**ligação on**

_ Sim?! - Atendo meio hesitante.

_ Senhorita Smith, venha até minha sala por favor. Aproveite que está vindo e nos traga dois cafés.

**ligação off**

Olho pasma para o telefone que foi desligado em minha cara, sem um pingo de educação, e de certa forma isso é uma resposta para meus receios. Nada mudou.

Levanto da minha mesa e sigo para copa decidida a esquecer tudo isso.

_ Foram minhas escolhas e tenho que lidar com elas.- Penso alto e volto a me focar em fazer o café, já que ninguém o fez até agora.

Pego o jornal que encontrei em cima do balcão enquanto a água ferve, e sorrio ao ver na primeira página a notícia da morte de André, destacada e em negrito.

Ainda estou surpresa que o corpo só tenha sido encontrado essa manhã, mas o que me preocupa mesmo é a cachorrinha que esteve o fim de semana inteiro sozinha com um cadáver ao seu alcance e pouca ração em sua vasilha.

Deixo o jornal de lado quando a água ferve e termino de fazer o café, o colocando em duas xicaras e me dirigindo para sala de Ben, mesmo que todos os meus instintos estejam propensos a sair daqui correndo.

A porta já estava aberta quando cheguei, e eu entro sem bater, até porque não conseguiria faze-lo com as duas mãos ocupadas. Encontro Bones sentado em uma cadeira com as mãos ao redor do pescoço e os cotovelos apoiados nas coxas, enquanto Ben, por sua vez, anda de um lado para o outro em frente a sua mesa. Ele parece bastante cansado.

Deposito aa duas xícaras de café em cima da mesa e sem dizer uma palavra me dirijo para fora da sala antes que percebam a minha presença ali.

_ A onde vai? - Me pergunta Ben sem olhar para mim.

_ Para minha mesa.- Falo evasiva enquanto paro ao lado da porta.

_ Por que a pressa? - Ele pergunta friamente e um certo medo de ter sido descoberta me domina.

_ Não me parece que serei útil ficando aqui.- Falo tentando parecer tranquila e indiferente, mas espero que eles estejam distraídos de mais para notar.

_Por que não?

_ Porque vocês parecem perdidos e eu não posso ajudá-los.- Por que tantas perguntas?

_ Você tem razão, pode ir.

"Esse homem é maluco"- Minha consciência fala e eu respiro aliviada.

_ Samanta...- Me chama ele novamente e eu estou quase chorando para poder sair.

_ Sim?- Falo de maneira sofrida antes de me virar em sua direção.

_ Você é bem perceptiva, não é? - Seus olhos estão vidrados nos meus e eu não consigo desviar.

_Acho que sim, por quê?

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