2. Baile = Pesadelo

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Passado...

Já é noite e estou em meu quarto terminando de retocar a maquiagem quando escuto a campainha tocar. Deve ser ele....

_ EU ATENDO! - Grita meu pai do andar de baixo.

_ Filha seu amigo está aqui. -Diz minha mãe após invadir meu quarto sem bater, como de costume.- Você está linda meu anjo.

_ Obrigado mãe.

_ Seu pai vai ter um treco quando te ver. Duvido muito que ele te deixe sair de casa linda desse jeito, principalmente com um rapaz. -Diz ela rindo.

_ E é por isso que eu estou pegando isso aqui. -Digo, pegando meu sobretudo preto que estava propositalmente em minha cama e rindo junto com ela.

Nós duas descemos as escadas e lá está ele, em seu terno preto com gravata vermelha, o cabelo está lindamente desarrumado e ele estampa um sorriso malicioso de canto de boca quando me vê.

Depois do sermão dado pelo meu pai a Dilan, nós saímos da minha casa e entramos na limusine onde seus cinco amigos, que surpreendentemente estavam usando ternos pretos e gravatas vermelhas bem parecidas com a dele e suas respectivas acompanhantes, todas também estonteantes em seus vestidos em tons diferentes de rosa e vermelho de um mesmo modelo, nos aguardavam, e mas uma vez estava bem claro que aquele não era meu lugar. Eu não combinava em nada com eles e isso me deprimia.

Meu vestido rodado verde água, agora já não parecia tão bonito, minha maquiagem neutra, agora parecia básica de mais, e minha trança lateral com pontos de luz, agora me parecia infantil para a ocasião. Por que eu não posso ser mais como eles?

Olho para Dilan e ele apenas sorri, o que me acalma um pouco tirando de mim esse sentimento de inferioridade que tanto me atormenta e eu me lembro mais uma vez de que ele escolheu a mim, a garota diferente, e não mais uma cópia de um catálogo de moda, o que me faz sorrir amplamente.

_ Você está estonteante neste vestido, essas Barbies recém tiradas das caixas não se comparam a você.- Ele fala se inclinando em minha direção e sussurrando em meu ouvido, e seu comentário me deixa surpresa.
Será que sou assim tão transparente que ele pode ler meus pensamentos?

▪️▪️▪️

O baile teve por tema "Noite Perfeita" e os criadores do nome não poderiam estar mais certos. Estava tudo lindo, e o Dilan foi um cavalheiro em todos os momentos.

Nós dançamos, comemos, conversamos, tiramos algumas fotos e vimos uma das Barbies dar um faniquito quando sua "amiga" foi coroada rainha do baile em seu lugar. Tudo estava fluindo maravilhosamente bem, mas tudo que é bom dura pouco e a hora de ir para casa chegou mais rápido do que eu gostaria.

Voltamos todos para a limusine, e o trajeto de volta foi feito em meio a conversas e risadas. Eu seria a última a ser entregue por isso assisti atentamente enquanto cada garota era deixada em sua respectiva casa com seu respectivo acompanhante, sobrando apenas Dilan e eu.

Eu nunca fui do tipo namoradeira e digamos que minhas poucas experiências não tiveram muita evolução. E agora aqui estou eu, sozinha com o cara mais gato da escola e não faço idéia do que fazer ou falar.

_ Você parece nervosa, que tal beber alguma coisa para acalmar um pouco os ânimos. -Fala Dilan já se levantando para pegar uma garrafa e duas taças.

Eu aceitei a bebida com um aceno de cabeça ainda me perguntando como é que ele pode ler minha mente dessa forma, mas decido deixar isso de lado quando ele me entrega uma das taças voltando a se sentar ao meu lado, muito, muito próximo a mim.

Conhecia a última menina a descer do carro e sei que minha casa não fica muito longe da dela, mas com o Dilan assim tão próximo de mim, esse caminho parecia estar durando uma eternidade.

Viro quase todo o conteúdo da taça goela a baixo e só depois de beber é que percebo que se tratava de vinho e que provavelmente beber álcool tão rapidamente poderia me fazer mal. Olho para Dilan, que agora já está a menos de um palmo de distância de mim e observo meio que em pânico enquanto ele se aproxima ainda mais. Eu sei o que ele pretende e apesar de parecer bobeira eu não me sinto preparada para algo assim. Não que eu nunca tenha beijado alguém, mas aquele ao meu lado não era qualquer um, ele era o garoto do sonhos de todas, incluindo dos meus.

Viro meu rosto bem na hora em que ele se aproxima para me beijar e fito a janela tentando pensar em uma forma de enfiar minha cabeça em um buraco e nunca mais sair, e é nesse momento que percebo que não estamos indo para o lado certo. Na verdade estamos do outro lado da cidade.

_ Dilan minha casa não é para essa direção acho que o motorista errou o.... - Eu me interrompi quando o fitei e ele estava me olhando como se eu fosse a disputa do último pedaço de pizza depois de três dias sem comer. Ele me olhava com fome assassina, o que me assustou, mas não tanto quanto a consciência de que meu corpo estava entrando num estado de dormência.

_ Não minha querida Angel, nós estamos no caminho certo, já que não vamos para sua casa agora.

_ Não? -Minha voz mais parecia um sussurro, eu já não sentia minhas pernas e braços. O desespero provavelmente já estava estampado em meu rosto, mas ele não parecia se importar.

_ Se acalme minha querida logo você entendera tudo.

_ O que você fez comigo Dilan? - Pergunto sentindo minha garganta se fechar aos poucos, enquanto perco o controle do meu próprio corpo.

_ Só coloquei algo em seu copo que vai te deixar mais relaxada para os próximos acontecimentos. -Ele me lançou outro sorriso de canto de boca, um que agora não me parece mais tão bonito, mais que me faz ter medo como nunca antes.

Eu não consigo mais gritar ou me mexer, mais sinto quando o carro para e vejo quando Dilan abre minha porta e me carrega para fora. Minha cabeça tende para o lado e eu posso ver um galpão que é para onde ele está me levando. Escuto o carro se afastar e eu não posso fazer nada para impedir, apenas assisto enquanto tudo transcorre diante dos meus olhos como um grande pesadelo. O que eu não sabia é que o terror só estava começando.

Dilan entra comigo no galpão e é quando eu vejo... Caio, Andrey, Max, Rodrigo e Felipe. Eles me encaram com o mesmo olhar que Dilan me dera na limusine, olhar esse que me arrepiava até a alma e o que mais me amedronta é ouvi-los rir enquanto felicitam Dilan por ter levado a "virgem" para o sacrifício. Ele me coloca no chão e em seguida me amarra, com se de alguma forma eu pudesse escapar, e eu assisto com lágrimas nos olhos enquanto eles me cercam me deixando ainda mais indefesa do que já estou. Eu não posso fazer nada, não posso lutar. Não à saída. É o fim....

RevengeOnde histórias criam vida. Descubra agora