20. Déjà-vu

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Normalizei as câmeras de segurança, me livrei do detonador, da arma, das luvas, da moto alugada e da bomba antes de voltar para o apartamento.

Penso nas malas que desfiz a pouco tempo e terei que refazer as pressas, penso no contrato de aluguel que eu renovei por mais um mês e paguei adiantado, mas principalmente, tento não pensar na dor que sentirei por fugir na calada da noite sem ao menos poder ver Benjamin um última vez.

É tarde e minha rua está deserta, uma pequena garoa cai sobre mim, mas meus pensamentos estão longe de mais para me preocupe.

"VOCÊ SERÁ PRESA" - meu subconsciente grita irritado.- " Rodrigo te denunciará e você será presa."

O que faze quando ter feito o certo, pode te prejudicar?

🍁🍁🍁

Eu ainda estava viajando em meus pensamentos quando o inesperado acontece.

Uma mão grande é colocada em minha boca enquanto a outra me pega pela cintura e me leva para um beco escuro. Tento me debater, tento acerta-lo, tento gritar, mas é em vão, não há ninguém para me ajudar. Não há ninguém.

_ xiuu, bonitinha é melhor não gritar ou será pior para você. - paro de me debater quando aquela voz tão familiar adentra os meus ouvidos e um calafrio passa por todo meu corpo me trazendo um pânico que eu pensei jamais sentir novamente.

Ele me prensa em uma parede próxima e me vira para que eu olhe em seus olhos castanhos e sombrios, mas o que mais me amedronta é seu sorrio. Um sorriso de quem não te alma, um sorrio que me lembra a morte.

_ Ora, ora o que temos aqui

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_ Ora, ora o que temos aqui. Se não é a minha querida vizinha.- ele segura meu rosto com uma de suas mãos enquanto na outra ele brinca com um canivete suíço.

_ Por favor me deixa ir.- Falo tentando controlar o medo dentro de mim enquanto penso em uma forma de sair daqui. - Eu não contarei nada a ninguém, só me deixe ir embora.

_ Onde foi parar aquela mulher corajosa que me ameaço, em vizinha? Por que a pressa, nós podemos nos divertir um pouco juntos. - Seu olhar é tão cruel e frio quanto o dos monstros que acabaram com a minha vida, e eu sei que se não fizesse nada estarei perdida.

Ele usa o canivete para cortar minha blusa e eu sinto sua mãos em meu sutiã apertando meu seio por sob o tecido. Sinto meu corpo entrar em transe, meu coração bater acelerado, e suor frio descer por minhas costas seminuas, sinto seu toque nojento, mas não consigo me mexer. Estou paralisada.... Estou indefesa.... Estou perdida....

_ Não....- Sussurro, mas ele está distraído de mais beijando meu pescoço para me ouvir.

Eu não vou passar por isso de novo. Eu não sou mais uma vítima e jamais voltarei a ser.

Olho em todas as direções procurando uma saída ou simplesmente alguma coisa para acerta-lo, mas não encontro nada. Eu só sairei por onde entrei.

_ Está gostando? - Ele fala em meu ouvido e eu me retraio em repulsa.

Sinto sua mão entrar em minha calça e é nesse momento que faço a única coisa que posso fazer. Eu certo uma ajoelhada bem no meio de suas pernas, tão forte que ele cai em posição fetal aos gritos.

Não me importo com o fato dele ter um canivete, não me importo que ele é mais forte, que sabe onde eu moro e que pode me matar. Tudo que me importa é sair daqui, me afastar o mais rápido possível daquele lugar e principalmente lutar por minha vida.

Corro o mais rápido que consigo, mas ele se recupera rápido e antes que eu saia do beco, sinto seus braços a minha volta antes de ser jogada de peito no chão. Seu peso sendo coloco sobre o meu corpo, o canivete em meu pescoço, o medo querendo me dominar e uma única certeza, eu não serei estuprada, não enquanto eu ainda estiver viva.

_ Sua desgraçada, vai me pagar caro por isso.

Sinto o tecido da minha calça ser puxado para baixo e seu peso sobre mim diminui quando ele retira minhas peças de roupa. Escuto sua fivela bater e ele parece ter se embolado com suas calças porque a mão com o canivete se afrouxa em meu pescoço e essa é minha oportunidade.

Seguro o canivete com minha mão livre o afastado do meu pescoço, enquanto jogo meu peso pra o lado me libertando dele e lhe acertando uma cotovelada logo em seguida que o desorientou por tempo o suficiente para que eu pudesse engatinhar para fora do beco.

Me coloco de pé pouco antes dele e me ponho a correr o mais rápido que meu corpo me permite. Grito a plenos pulmões por ajuda, mas não há ninguém para me salvar, as ruas estão desertas e aqueles que me escutam nos prédios parecem não se importar. Sei que mesmo se conseguir chegar em meu prédio eu não tenho como entrar, minha bolsa ficou naquele beco junto com minhas roupa e mesmo se eu entrasse, do que adiantaria.

Não existe saída para mim, mas eu vou lutar até minhas últimas forças, por mim e pela Angel do passado que não teve a mesma oportunidade.

Olho para trás apenas para me certificar que ainda estou sendo perseguida e é nessa hora que eu me distraio e atinjo algo sólido que me faz cair sentada. É o meu fim.

_Mas o que....Samanta?- O som daquela voz foi como um alívio a minha alma. Eu estava salva....

_ Ben...- Olho com lágrimas nos olhos para o "algo solido" que eu atingi e é como se meu corpo entendesse que eu estou segura com ele, porque eu perco todas as minha forças.

_ Samanta!. - Ben vem em meu socorro quando percebe que estou prestes a desmaiar. Sua voz demostra seu desespero e tudo que eu consigo fazer em seus braços é chorar.

_ Agora eu peguei você sua vagabunda. - Ouço a voz aguda do miserável que me atacou e meu corpo treme, o que faz com que Ben me aperte mais em seus braços.

_ O QUE FEZ COM ELA. -Ben grita para o ser ao qual eu me recuso a olhar novamente.

_ Não se mete seu merdinha ou vai sobrar pra você também. Essa puta é minha - escuto sua voz muito próxima a nós e me encolho nos braços de Benjamin.

_Um canivete...- Ben fala com sarcasmo e sinto seu corpo se afastar um pouco do meu o que me apavora. - É melhor sair logo daqui e nunca mais voltar se não quiser levar um tiro no meio da testa. - Vejo de canto de olho ele retirar a arma do coldre com maestria e destrava-la, apenas com uma mão antes de apontar para algo atrás de nós que eu deduzo ser a cabeça do meu agressor.

_ C-calma ai cara. Não será preciso usar i-isso ai. Ela nem é tão bonita assim.- Diz o verme se distanciando de nós e eu finalmente tomo coragem pra me virar e olhar novamente para ele.

_ Saia logo daqui seu verme ou não pensarei duas vezes em atirar.

O homem saiu correndo e Ben voltou a falar comigo. Sua voz é calma e delicada e eu me permito ser acolhida por ela, deixando que todo medo deixe o meu corpo através das lágrimas.

_ Eu vou cuidar de você meu amor.

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