29. Sem perspetiva

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Tudo aconteceu muito rápido. Em menos de uma hora a polícia já estava cercando meu apartamento e me levando sob custódia.

Eu não me incomodei em ser presa, nem em ter que ficar nessa cela gélida e solitária, a única coisa que me incomoda é a indiferença de Ben. A rejeição dele acaba comigo.

Estou presa a quase dois meses, e durante todo esse tempo, eu não disse uma única palavra.

Não quero visitas, não quero advogados, não prestarei depoimento, nem responderei perguntas. Eu só quero esperar meu julgamento e aceitar meu destino sem maiores sofrimentos. A única que me preocupa é minha mãe, mas não tenho forças para lutar, estou destruída. Não preciso esperar a sentença de morte. Eu já morri.
  
Escuto seus passos vindo em direção a minha cela e para variar, meu coração acelera.

Ben vem aqui todos os dias. As vezes ele tenta me convencer a falar, outras vezes ele só fica me olhando como se pudesse ler minha mente, hoje é um desses dias.

Ele entra na cela e fica em pé em minha frente sem dizer uma palavra, apenas me olhando como se pudesse me decifrar de alguma maneira e depois de um longo tempo ele somente se vai me deixando sozinha e eu voltei a minha rotina de deitar e esperar pela morte.

🍂🍂🍂


Ben

Volto para minha sala tentando conter as lágrimas que se formam em meus olhos.

Não sei por que ainda vou vê-la. Samanta mentiu para mim, me enganou e me iludiu da pior maneira possível, mas ainda assim eu não consigo me afastar dela. Não consigo acreditar que a mulher que eu amei, que eu ainda amo mesmo contra minha vontade, pode ser tão fria a ponto de matar quatro pessoas. Não consigo acreditar que ela assistiu todo meu desespero e nem hesitou em continuar o que estava fazendo.

Entro em minha sala e encontro Bones sentado em minha cadeira e com os pés em minha mesa, e apesar de sermos amigos, as vezes ele é um pé no saco.

_ você foi vê-la de novo, não foi?! - ele pergunta sabendo a resposta.

_ Bones, o que faz aqui? - pergunto desconversando enquanto limpo os olhos, mas sei que ele não me deixará em paz facilmente.

_ descobri algo que você não vai gostar de saber.- ele fala se levantado do meu lugar e indo se sentar em outra cadeira.

_ isso não me surpreende. O que descobriu. -digo me sentando em meu lugar e esperando pelo pior.

_ descobri o que levou sua namorada a fazer o que fez.

_ ela não é minha namorada.- digo com raiva dele.

_ tá, desculpa.

_ fala logo o que descobriu.

_ ela veio atrás de vingança. Descobri alguns arquivos de um processo antigo em seu apartamento e com um pouco de pesquisa consegui juntar as peças. Mas o que me deu a certeza foi um pendrive que encontrei recentemente. Eu esperei até ter algo concreto antes de falar com você, por isso a demora.

_ como assim.- não estou entendendo onde ele quer chegar com essa historia.

_Eu trouxe o processo e o que mais eu descobri, incluído o pendrive para que você veja e tire suas próprias conclusões. - ele me entrega uma pasta preta.- sei que isso para o juiz não terá a menor relevância, mas talvez você possa querer saber mas sobre ela. Bom, tenho que ir agora. - ele se levanta e vai em direção a porta.

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