38. Verdades

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Sabe aquela sensação infantil de ganhar o presente de natal que você esperou o ano inteiro. É exatamente assim que eu estou me sentindo agora enquanto vejo Samanta sair correndo.

Eu não consigo parar de sorrir...

Samanta me ama. Apesar de todas as mentiras e a forma cruel que ela me tratou, Samanta me ama e seus lábios me demostraram isso.

Quando Edgar me contou que a mulher da minha vida não estava morta, eu quase tive um colapso de felicidade, mas quando ele me explicou tudo que aconteceu e os planos dela, eu fiquei com muito ódio.

Como é possível que a mulher que me demonstrou mais de uma vez o quanto sou importante para ela, pudesse me abandonar de forma tão cruel. Como é possível que a pessoa que se entregou para mim tão completamente naquela cela fria e que chorou em meus braços, possa ser tão desumana a ponto de me deixar sofrendo sua morte enquanto fugia do país.

Eu ajudei Edgar a desenterra-la e encontrei uma discreta pousada na cidade vizinha para que eles ficassem até que acordasse. Passei duas noites sentado ao seu lado apenas para garantir que a veria abrir os olhos, mas depois da segunda convulsão em que a amparei, eu já não tinha forças para superar a dor de saber que ela fez tudo aquilo apenas para se livrar de mim.

Me afastei, mas ainda precisava olhar em seus olhos uma última vez, precisava ouvir de sua boca os motivos para me fazer sofrer, precisava descontar minha magoa em quem era culpado. Mas quando finalmente a vi, meu coração disparou novamente como se nada tivesse mudado. Tudo que eu queria era poder beija-la e abraça-la de novo, poder esquecer a dor e viver esse sentimento que só cresce por ela.

Eu esperava tudo dela, menos ouvi-la dizer que nunca me amou. Foi pesado, foi duro e se seus olhos não me dissessem o contrário, aquela seria a resposta que fui buscar. Vi seu esforço para me convencer de suas palavras, vi que mesmo tentando esconder seus sentimentos, ela estava se ferindo tanto quanto a mim, e vi que ela não mudaria sua posição se eu não a impedisse, por isso eu a beijei e foi aquele beijo que me disse toda a verdade. Ela me ama, apesar de tudo ela me ama.

Espero até que meu coração acelerado volte a bater de forma regular e agora, mais calmo eu me levanto e vou atrás de Samanta. A porta do avião já foi fechada, mas eu não subestimo minha mulher e por isso antes de procura-la nos lugares mais obvies, eu sigo até a porta apenas para garantir que ela continua fechada.

Depois de me certifica que ela não saiu do avião sigo para o local mais óbvio, os banheiros e nem preciso procurar muito, porque de longe eu consigo ouvir o seu choro o que parte meu coração. As aeromoças estão na porta tentando conversar com ela, mas parece não estar ajudando e por isso eu decido tomar a frente da situação e pedir para que elas se retirem enquanto tento falar com minha mulher.

Espero até que elas tenham dispersado para só então tentar algum contato, o que pelo som do choro sôfrego não será tarefa fácil. Ainda bem que eu sou muito paciente.

_ San por favor abra a porta. - falo calmamente enquanto me escoro na porta, mas ela não me responde. - meu anjo, por favor fala comigo.- espero, mas novamente ela não disse nada.

_ com licença senhor, o avião irá decolar dentro de cinco minutos, vocês precisam voltar para o seus lugares.- uma das aeromoças que estava aqui antes, volta parecendo constrangida com essa situação e para minha surpresa ela não está sorrindo.

_ nós já vamos nos sentar, me de só mais dois minutos.- falo com ela, que confirma com a cabeça antes de nos deixar novamente a sós e eu volto para minha luta silenciosa.- San nós temos que voltar para os nossos lugares, o avião já vai decolar. - mais uma vez não tenho resposta então decido mudar de tática, se ela não vai sair.... - San me deixa entrar, por favor.

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