19. Quinto

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Sexta-feira a noite...

A tristeza e um grande incentivador para construir muros em volta do meu coração, ou apenas congela-lo.

Ben ocupou um espaço a qual ele não pertencia em minha vida e no meu coração, mas eu terei que arranca-lo de lá se quiser sair dessa sem grandes ferimentos.

Resolvi adiantar meus planos e aproveitar essa maré de mansidão da delegacia e a falta do delegado para acabar logo com isso. Quanto antes eu concluir minha vingança, mais rápido eu saio desse país e consequentemente me afasto de Ben e tudo que me remeta a ele.

Já é bem tarde e o prédio da Digital Empreendimentos está vazio, ou quase. Não tive grandes dificuldades para entrar e me surpreende que em um prédio de gama internacional, a segurança seja tão falha.

Ando pela área interna da empresa sempre pelos pontos cegos das câmeras e vou para o servidor, que fica no ponto mais baixo do prédio e por incrível que pareça, o menos vigiado. Não havia ninguém no andar inteiro, as luzes estavam apagadas e consegui entrar no computador central sem o menor problema.

Isso está com muita cara de armadilha, ainda bem que eu vim preparada pra isso também. Nunca entre em um lugar ser um plano B, e uma rota de fuga.

Conecto meu notebook no computador central e cerca de uma hora depois eu já tinha as senhas e com elas o acesso a todos os sistemas. Modifico as câmeras para reprodução ao em vez de gravação, ou seja, tudo que a central vê são imagens repetidas de noites anteriores e sorrio com meu pensamento de que meu pai ficaria orgulhoso ao ver seu dinheiro gasto em minha faculdade bem empregado.... Ou não....

Meus pais.... Como será que eles estão. Sinto tanta falta deles. Tenho certeza que Ben se daria muito bem com minha família, ele é do tipo que meu pai aprovaria.

"Isso é ótimo, ao invés de se concentrar em montar meu presente para Rodrigo, você esta novamente pensando em Benjamin".- meu subconsciente me julga com seu tom de ironia e eu reviro os olhos para mim mesmos

"Cérebro foca no trabalho por favor."- Minha consciência se manifesta e eu volto o trabalho.

Termino de montar o que estava fazendo e subo até a presidência despreocupada e ao mesmo tempo ansiosa pra vê-lo de novo. Isso será divertido.

Não à ninguém aqui em cima também. As mesas estão vazias e os computadores e as luzes desligados, só uma luz deforma a escuridão e é em direção a ela que eu vou.

Eu estou novamente de luvas e uso uma calça preta e uma blusa de manga da mesma cor. Meu cabelo está em um coque alto, uma de minhas mãos esta ocupada, mas não precisarei dela por enquanto.

A porta da sala esta aberta e eu o vejo, sentado em sua cadeira, o olhar perdido, o queixo apoiado sobre as mãos cruzadas, enquanto seus cotovelos se mantém apoiados na mesa. Ele parece pensativo e é como se me esperasse.

Entro na sala e caminho a passos calmos em sua direção e só quando estou a centímetros dele é que parece perceber minha presença. Seus olhos descem até minha mão e ele vê a arma que seguro, mas não parece surpreso ou com medo, tudo que demostra é resignação. É como se ele esperasse por isso e aceitasse as coisas como são.

_ Oi Angel. - O fato dele saber quem eu sou me surpreendeu, mas não pretendo deixar que ele perceba isso.

_ Rodrigo, como vai?

_ Eu sabia que cedo ou tarde você viria atrás de mim. Eu vi o que você fez com os outros.- Ele fala calmamente.

_ Gostou do meu trabalho? - pergunto com ironia.- Mas pra quem vai morrer, você parece bastante tranquilo.

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