16. Quarto (P.1)

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Ben

Sexta-feira 11:00h...

_ E então, conseguiu alguma coisa? - Pergunto para Bones, após entregar sua xícara de café.

_ Nada que seja relevante para nós.- Ele fala ainda concentrado em seu computador. - E então, alguma notícia do reitor?

_ Até agora nem sinal dele.- Falo frustrado, enquanto vejo pela janela o sol quase a pino.- O silêncio de A também é algo que me preocupa bastante.

_ Estou trabalhando o mais rápido que posso Ben. Nós ainda temos tempo.- Bones fala digitando freneticamente.

_ Espero que sim.

🍁🍁🍁

Sexta-feira 17:45h ....

_ Não podemos mais esperar, Bones. Temos um longo caminho até em casa e precisamos saber quem é a vitima ágora.- Falo estressado, mas ele não se abala.

_ O sistema está fazendo a leitura das última fotos, e espero não ter que lembrar a você pela milésima vez que o que estou fazendo é ilegal e tem que ser conduzido com o máximo possível de cautela, a menos que você queira a Interpol invadindo essa casa pelas janelas. Além do mais eu não estou lidando com a melhor internet do mundo aqui.- Ele fala com tranquilidade enquanto continua a teclar.

_ Nenhum sinal do reitor, A também não entrou mais em contato.

_Então pode comemorar meu amigo, porque eu acabo de encontrar.

🍁🍁🍁

Samanta

Sexta feira a noite....

Observe com um sorriso o ambiente a minha volta. As poltronas escuras, o tapete de pele de urso, a lareira acessa, e me pergunto se a esposa de Caio conhece esse lugar.

Sento-me na poltrona em frente ao fogo, com minha taça em mãos e desfruto de um bom vinho enquanto espero pacientemente.

_ Essa será uma excelente noite.

Meu celular vibra e eu sorrio com a mensagem do meu investigador me dizendo que um cerco foi formado em volta da casa de Caio e Bones e Ben estão no local. Pena que eles procuram por alguém que sabe se esconder muito bem, principalmente quando o assunto é fugir da ex-esposa.

Penso em ligar para eles para tortura-los um pouco mais, mas não tenho tempo agora, o som do carro estacionando me diz que Caio acabou de voltar do seu passeio no lago e se o som de risadas estéricas  quer dizer algo, eu diria que ele não está sozinho.

Me escondo entre a cortina e a poltrona, pouco antes deles entrarem e acenderem as luzes, mas assim que olho para o lado, me repreendo por ter esquecido a taça semi vazia na mesinha ao lado.

Penso em pegar a taça, mas a risada afetada da moça bem próximo a mim, me impede de prosseguir. 

Eles entram em meu campo de visão, tropeçando em tudo a sua volta enquanto se beijão loucamente, e eu posso sentir daqui o cheiro forte de álcool. Eles estão tão bêbados e distraídos, que provavelmente não perceberiam minha presença nem se eu estivesse pintada de rosa florescente, totalmente nua, no meio da sala.

Escuto quando Caio a chama, meio embolado e pouco inteligível, para subir e não demora muito para que eu escute o som de mais coisas se quebrando e/ou caindo.

Ouço gemidos e gritos por cerca de vinte minuto e logo depois um silêncio aterrador que me garante que eles ou dormiram, ou estraram em coma alcoólico. Em todo caso, eu opto por esperar um pouco mais. Não é como se eu tivesse outra coisa pra fazer, ou de alguma forma fosse me preocupar em seu presa.

🍁🍁🍁

Ben

O cerco na casa já chama a atenção da vizinhança, e até agora inda não conseguimos localizar Caio Barbosa, o que só aumenta minha preocupação.

_ Os vizinhos disseram que ele não aparece desde ontem a tarde.- Bones, fala me entregando um copo de café e é nessa hora que o meu telefone começa a tocar.

**Ligação on**

_ Meus parabéns delegado.- Escuto aquela voz robótica que me atormenta e não posso deixar de notar o divertimento em seu tom.- Você conseguiu. Pena que todo seu trabalho não foi o suficiente, Caio Barbosa Lopez morrerá essa noite.

_ Isso não é justo, eu descobri quem ele é. Nós tínhamos um acordo.- Falo indignado, e vejo Bones pegar seu tablet e começar a digitar algo.

_ Nosso acordo era, que você deveria descobrir quem ele é, e encontra-lo antes de mim. O único problema é que você não faz ideia de onde ele está, já eu...

**ligação off**

Ele desliga na minha cara, e eu não consigo tirar de mim essa sensação de fracasso que me assola.

_ Nós perdemos.- Falo para Bones que ainda está distraído.

_ Ainda não.- Ele fala, voltando a digitar por um tempo, antes de abrir um amplo sorriso. Eu nunca o tinha visto sorrir. Assustador.- eu o encontrei.

🍁🍁🍁

Samanta

Cerca de uma hora depois eu vejo Caio escoltar a moça até a porta com uma desculpa barata sobre um viagem, que ela aceitou de bom grado.

" É o que eu sempre digo, uma vez cafajeste, sempre cafajeste."- minha consciência fala com desdém e isso me faz sorrir um pouco.

Observo enquanto ele fecha a porta e volta para o andar de cima e eu saio do meu esconderijo.

Hora de brincar....

Subo as escadas e sigo por um corredor em direção a luz de um cômodo que eu presumo ser do quarto. A porta está aberta.

Entro quando escuto som de sua voz desafinada cantando, junto ao som de água caindo e sei que ele está no banho, o que me da uma grande vantagem.

Ando pelo quarto despreocupada e vou até a entrada da varanda, fechando as portas de correr e as cortinas. Sento-me em uma poltrona próxima a cortina e de frente para a porta do banheiro onde eu o aguardo com a certeza de que essa será uma ótima noite.


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