Capítulo Um

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Domingo à noite.

Mamãe estava na sala assistindo ao seu programa favorito no Discovery Home & Health: Irmãos à Obra. Nunca vi uma mulher tão fascinada com reformas de casa como Lilian Marie Rose nos últimos meses, sinceramente. Vez ou outra eu a pego de surpresa planejando as "futuras reformas" da nossa casa, como se fosse um dos irmãos Scott. Chega a ser engraçado, confesso, mas não posso julgá-la: afinal de contas cada pessoa tem o seu hobby, ainda que seja imaginário, e eu também não fico atrás nesse quesito.

Enquanto eu estava no meu quarto, largada no tapete, deitada em cima das minhas almofadas, lendo o mesmo livro pela "incontésima" vez - se é que essa palavra entre aspas existe - e ouvindo algumas músicas, pelo notebook, da playlist "All Out 70s" no Spotify, a minha irmã mais nova, Olivia, estava no quarto ao lado jogando videogame com o melhor amigo da escola Peter Parker - que não é o Homem-Aranha.

Ah... Peter e Olivia! Esses dois são mais grudados que uma cola fixadora nos dedos! Desde que a família Marie Rose saiu da Virgínia, devido ao lance todo com o papai - ainda irei falar um pouco mais sobre isso -, há mais ou menos três anos, ficamos perambulando por algumas cidades no sul dos Estados Unidos. Mas, num belo dia, Olivia e eu recebemos a notícia de que iríamos morar num lugar temporariamente definitivo - se é que me entendem. E foi assim que nós viemos parar em Atlanta. Ok, não foi tão simples como parece. No momento oportuno eu conto com mais calma a respeito dessa transição. Bom, voltando ao Peter e à Olivia, quando nós duas começamos a estudar na Berkley High School, ela no sexto ano e eu no segundo do médio, eles dois se tornaram inseparáveis a partir do dia em que se conheceram! Estudavam juntos na mesma turma, faziam trabalhos juntos, e todas as outras atividades possíveis também. Olivia não se encaixava nos moldes propostos pelas garotas da sua turma e isso fez com que criasse um bloqueio para se relacionar com garotas da sua idade.

E sobre a história do Homem-Aranha, Peter se achava por ter o mesmo nome e sobrenome que um herói do universo Marvel, mas eu não o critico por isso. Se o meu nome fosse Carol Danvers, por exemplo, também iria me achar a rainha acessível e homenageada por ter o nome da heroína mais forte e poderosa dos quadrinhos.

O toque de "To Be So Lonely", à uns centímetros de distância, fez com que eu interrompesse a minha leitura para checar quem está me ligando no meu momento mais importante de sanidade mental. Estendi o braço para pegar o celular e ao checar o visor, pude até imaginar o assunto que seria abordado naquela ligação às sete e meia da noite.

— Você interrompeu o meu momento de leitura e sabe disso, não é?

Será que poderia largar de ser chata pelo menos um pouquinho? — Alicia reclamou do outro lado da linha e eu não contive uma risada abafada.

— Oi Alicizinha linda do meu coraçãozinho! Como é que está a princesinha mais fofa da Eleninha?

Elena! É sério! — Choramingou.

— Tá bom, tá bom, desculpa! A que devo a honra da sua digníssima atenção e ligação em um pleno domingo à noite? — Pude ouvir um longo e pesado suspiro — Deixa eu adivinhar... É quem eu estou pensando?

É exatamente quem você está pensando! — Falou triste.

— O que aconteceu, Alicia? Você e o Caleb não deveriam estar no Midtown Plaza Cafe nesse exato momento?

FINE LINE: Entre Uma Linha Tênue | LIVRO #1Onde histórias criam vida. Descubra agora