Capítulo Quinze

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Eu, a mamãe e a Olivia estávamos deitadas, já com os nossos pijamas e as nossas meias, aconchegadas no cobertor cinza-claro da Olivia, enquanto assistíamos a um episódio de Chicago P.D. depois da janta. Olivia e mamãe costumam assistir juntinhas quando a mamãe estava livre, era tipo o momento delas como se fosse uma certa noite de garotas - ainda que durasse pouco tempo. Elas já estavam acostumadas com o enredo e toda a problemática, e eu, obviamente, estava completamente perdida. Mas, apesar dessa falta de encaixe, pude compreender um pouco por cima e achei interessante. P.S.: O carinha policial chamado Jay é uma graça!

Estávamos no meio de uma cena onde o policial Jay estava no hospital com alguns bombeiros, quando a campainha tocou. Olivia ergueu o corpo a fim de levantar, mas eu balancei a cabeça negativamente e sussurrei "É o Ben". Ela apenas assentiu e sorriu de lado rapidamente. Ao abrir a porta, Benjamin estava ponderando o seu corpo na ponta dos pés e acho que não notou que eu havia aberto a porta, já que quase se desequilibrou quando olhou para mim. Um sorriso amarelo se formara nos seus lábios.

— Oi. Eu cheguei num mau momento? — Analisou-me dos pés à cabeça.

— Ah, — Olhei para o meu pijama — não. É apenas... Costume! — Olhei para trás e notei as duas concentradas na televisão — Se importa de conversar aqui fora?

— Tudo bem. — Encolheu os ombros — Naquele lugar da última vez?

— Pode ser. — Sorri, e ele me acompanhou até à redinha branca que continuava armada ali entre às arvores. Sentei primeiro e logo em seguida ele sentou ao meu lado, com os dedos entrelaçados sob as coxas. — Então, sobre o quê queria conversar comigo de tão importante? Você disse que queria contar algo sobre você e depois me con...

— As vezes eu esqueço que você dispara várias coisas sem ao menos frear... — Soltou um riso baixo e anasalado.

— Desculpe. — As minhas sobrancelhas se uniram rapidamente e depois suavizaram. Era tipo uma mania.

Benjamin liberou um longo suspiro, pegou a minha mão direita e começou a brincar com os meus dedos. Deitei a minha cabeça no seu ombro e fechei os olhos tentando... Não surtar com todas as ideias que estavam bombardeando a minha mente nesse momento.

— Tá tudo bem? — A minha voz saiu falha e cortada.

— Perdão por ter sido um verdadeiro idiota em relação ao lance da peça, ao Austin... — Inclinou a cabeça e encostou-a na minha — Eu estava com ciúmes, isso é fato. Agi feito um menino birrento. — "Sim, você agiu dessa maneira", pensei. — Eu sei que já te disse isso em outra ocasião, e parece absurdamente dramático repetir, mas eu tenho medo de te perder, Elena. E eu não estou falando da boca para fora, para que soe romântico, te impressione, ou algo do tipo. É apenas a verdade crua. — Entrelaçou os nossos dedos — Desde que a mamãe se foi a minha vida tem sido complicada e você sabe disso, o papai te contou, eu te falei... Enfim! — Suspirou novamente — Você foi a única coisa boa que me aconteceu depois dela, e eu não posso suportar a ideia de te perdê-la. Amo meu pirralho, amo meu velho, eles são o meu tudo, a minha família. — Pausou — Mas você? Você é aquele lance de "Once in a lifetime", entende? Eu sei que somos jovens, estamos terminando o ensino médio, a nossa verdadeira vida está prestes a começar, não tenho muita experiência com essas coisas e posso estar até me equivocando ao abrir a boca e dizer que te amo do fundo do meu coração, mas só se vive uma vez. Algumas segundas novas chances, às vezes, são únicas. E eu não sei se você é uma delas, então temo muito te perder. — Aninhei-me em seu peito e ele me abraçou — Só que o meu erro ultimamente tem sido esses pensamentos...

— Quais? — Perguntei baixinho, bem baixinho mesmo.

— Eu penso mais no "E se eu perdê-la?" ao invés de "Puxa, como sou sortudo por tê-la! — Balançou a cabeça negativamente como se reprovasse as próprias atitudes.

FINE LINE: Entre Uma Linha Tênue | LIVRO #1Onde histórias criam vida. Descubra agora