Capítulo Trinta e Um

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O silêncio se encarregou em me deixar inerte meio aos meus pensamentos durante o caminho até a casa do Caleb. Vários flashs do Benjamin acendiam na minha mente feito piscas de natal com luzes quebradas: uma ali, outra cá. Aleatoriamente. Assim como os meus sentimentos agora: aleatórios.

Confusos...

Desproporcionais?

— Alô! Terra chamando Elena! — Papai cutucou o meu braço levemente, sorrindo de lado na tentativa de me animar. — Chegamos, querida. — Suspirei. Foi um suspiro tão pesado que era capaz de me arrastar pelo asfalto, se possível. — Você está bem?

— Sim. — Murmurei. — Vai ficar tudo bem.

— Ele precisa disso, Elena; você também.

— É... — Encolhi os ombros. — Eu sei. — Desviei o olhar. — Bom, é hora de ir. — Tirei o cinto e peguei a minha mochila. — Obrigada por ter me acompanhado. Eu não iria ter a coragem de vir sozinha, pois sei que, provavelmente, desistiria na metade do caminho.

— Me agradeça fazendo o que seu coração mandar. — Acariciou a maçã do rosto. — Qualquer coisa...

— Pode deixar, eu te ligo. — Sorri doce e retribuí a carícia, saindo do carro logo em seguida.

"É isso aí, Elena!", falei mentalmente, suspirando mais uma vez a fim de liberar a tensão que percorria cada parte do meu corpo.

Coloquei a mochila nas minhas costas e caminhei até a entrada da casa. Apertei a campainha e segundos depois o Caleb apareceu, abrindo a porta para mim.

— Que bom que você veio, Lena. — Caleb falou aliviado. — Eu realmente já não sei mais o que fazer com ele. — Suspirou cansado.

— Não sei se vou poder ajudar em algo, C! Mas, não custa nada tentar... — Forcei um sorriso. Caleb abriu espaço para que eu pudesse passar.

— Ele está lá em cima, no meu quarto. Pode subir a escada. É o último quarto no final do corredor.

— Benjamin sabe que você me pediu para vir?

— Bom... Ele me ouviu falar contigo pelo telefone, mas estava resmungando tanto que provavelmente não compreendeu o que eu falava para você.

— Hm, ok... — Pus uma mecha de cabelo por trás da orelha. — Eu vou... — Gesticulei.

— Oh, sim, claro! Fique à vontade! Mi casa es tu casa. — Revirei os olhos, rindo baixinho. — Me mande uma mensagem caso precise de algo, ok? — Assenti. Quando me virei para subir a escada, Caleb segurou no meu pulso e disse baixinho:

Ele precisa de você.

Então, soltou-me.

Subi as escadas devagar, como se estivesse pisando em ovos. Ao chegar em frente à porta do quarto onde Benjamin está, o meu coração começou a palpitar rapidamente e eu pude sentir a minha respiração desregular. As minhas mãos estavam trêmulas e eu só queria fugir dali. Mas não podia. Não agora.

Fechei os olhos com força e tentei concentrar-me na minha respiração, no intuito de trazer tranquilidade ao meu corpo.

Quando finalmente senti que estava pronta, girei a maçaneta, abri a porta, e deparei-me com um Benjamin sentado no chão; cabisbaixo, no canto do quarto. Não havia luzes acesas além de um único abajur em cima do criado-mudo ao lado da cama do Caleb.

FINE LINE: Entre Uma Linha Tênue | LIVRO #1Onde histórias criam vida. Descubra agora