25 - Família

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Alguns dias depois Bash e eu seguimos para Charlottetown para o seu casamento. Apesar da certeza do amor de Mary, ele estava extremamente nervoso, imaginando os motivos mais inusitados para a cerimônia não acontecer. Eu tentei acalmá-lo durante todo o trajeto.

As únicas pessoas de Avonlea que foram convidadas foram os Cuthberts. Eram nossos únicos amigos. Digo, amigos da nossa família. Eu era extremamente grato a eles por terem acolhido Bash desde o início.

Quando chegamos à igreja Bash foi direto para o altar e eu ia me dirigir a um banco quando escutei Marilla chamar.

- Gilbert! Sente-se conosco.

Anne, Marilla e Mathew estavam sentados em um banco perto do corredor. Eles se movimentaram para abrir espaço para mim. Ao lado de Anne.

Me senti um pouco estranho sentado ali. Estava desconfortável, não sabia muito bem onde colocar as mãos. Mas, ao mesmo tempo era prazeroso estar tão próximo dela... e dos Cuthberts todos, por sinal.

A cerimônia foi simples, mas muito bonita. A igreja não tinha enfeites e Mary estava vestida de forma simples. Mas naquele casamento havia amor, repeito e sinceridade. E isso era o que realmente importava.

Mary pediu que Elijah a levasse ao altar, mas ele se recusou. Depois apareceu na cerimônia, bêbado. Ele observou do fundo da igreja com um semblante de deboche. Pelo menos teve a decência de ir embora antes de causar algum escândalo.

- Foi uma cerimônia adorável. - eu disse para Anne após a cerimônia.

- Foi sim... bela... - ela me respondeu com um sorriso - Lembra que eu disse que desculpas dão resultado? Pelo curto tempo que nos resta na escola, decidi ser menos antipática.

- Vou ficar aqui... - eu a interrompi.

- Me alegro de ter achado sua vocação... - ela continuou falando sem me ouvir, parecia ter um discurso preparado, mas parou - O quê?

- O quê? - fiquei confuso - Fala você.

- Não, você.

- Ficarei trabalhando na fazenda com Bash, como planejamos. A faculdade virá depois.

- Então... não sairá da escola mais cedo? - podia ser apenas minha imaginação, mas ela pareceu feliz com a notícia.

- Quero estar em família. - olhei para Bash e Mary, que conversavam alegremente com Marilla e Matthew - Sua vez!

- Decidi que serei professora. Exatamente como a Srta Stacy.

- Com o romance trágico e tudo?

- Isso ainda veremos!

Ela me olhou e sorriu. Éramos pouco mais que crianças, mas às vezes minha mente me levava a um futuro onde seríamos mais que amigos. Onde poderíamos ser companheiros de vida e de sonhos. Era um sonho que eu ainda não tinha ideia se floresceria um dia.

Mary nos ofereceu um pequeno almoço em sua casa. Marilla simpatizou com ela de imediato e desenvolveram uma amizade rapidamente. Anne também a conquistou com seu jeito espontâneo. Pensando bem as duas tinham personalidades bem parecidas. Percebi que ao menos as duas acolheriam Mary em nossa comunidade.

Quando voltamos a Avonlea estávamos prontos para colocarmos nossos planos em prática novamente. Eu ia à escola e trabalhava com Bash na fazenda. O ensinava sobre a terra e a plantação.

Aos poucos a fazenda foi revivendo e em alguns meses poderíamos dizer que estava tudo andando como deveria. Tínhamos galinhas para os ovos, uma vaca para o leite, Mary tinha um jardim e uma horta e as famosas macieiras dos Blythes estavam devidamente podadas e fertilizadas prometendo uma boa produção.

My Anne with an EOnde histórias criam vida. Descubra agora