No dia seguinte fui ao gueto procurar por Elijah. Mais uma vez senti que as pessoas ali não confiavam em mim. Perguntei para várias pessoas onde poderia encontrá-lo. Ninguém me ajudou muito, mas fiquei com a impressão de que alguns deles poderiam ajudar se quisessem.
Entrei num bar com um péssimo aspecto, não me pareceu um ambiente muito familiar, mas me ocorreu que seria o tipo de lugar que Elijah frequentaria.
- Finalmente! - falou o homem atrás do balcão quando entrei - Soube de um branquelo sem interesse no bordel andando por aqui!
- Estou procurando o Elijah Hanford. Você o conhece? - eu disse tentando parecer indiferente aos risos dos homens que frequentavam o lugar.
- Sim.
- Sabe onde posso encontrá-lo?
- Sei onde ele está. Mas não precisa dele. Tenho o que busca, e mais barato. - novamente os frequentadores riram.
Nem ousei imaginar que tipo de mercadoria aquele homem insinuava que eu desejava comprar de Elijah. Tive pena de Mary pelo tipo de vida que seu filho levava.
- São notícias familiares importantes... - eu falei deixando claro que não estava interessado em seus negócios - Pode me ajudar?
- Sim. E não... - fiquei confuso com sua resposta - Ele foi embora. Conseguiu dinheiro e comprou passagem para a América.
- Tem certeza?
- Já deve estar em Nova York. - pensei que teria que partir o coração de Mary mais uma vez, ele viu minha expressão - Não é o que queria ouvir? Tome um drinque. Vi melhorar seu dia.
- Não, mas obrigado.
Saí daquele lugar com a impressão de que aquela não era toda a verdade. Talvez Elijah tivesse ficado sabendo que havia alguém à sua procura e pediu para mentirem por ele.
Mas era apenas especulação. Até onde eu sabia ele havia viajado para a América e, por mais que me doesse, eu levaria essa informação para Mary.
Mas antes de voltar para casa fui me encontrar com Jocelyn e Constance. Mary havia me dito onde encontrá-las. Eu precisava avisá-las o que estava se passando com sua amiga.
- Ora, se não é o amigo do Sebastian! - disse Jocelyn ao me ver - O que faz no gueto garoto?
- Bom dia! - eu as cumprimentei - Vim procurar por Elijah, a pedido de Mary.
- E porque Mary não veio pessoalmente? - perguntou Constance - Ela sabe que você não seria bem visto, sozinho por aqui.
- Mary... está muito doente. - eu revelei - Me pediu para procurar o filho...
- Oh! Meu Deus! - exclamou Jocelyn - E ela quer falar com Elijah... então... é muito grave?
- Sim. Ela tem uma infecção muito grave... - mais uma vez eu era o portador da má notícia, mas dessa vez mantive minha voz calma - A medicina não pode fazer nada por ela.
- Oh! Não, Mary! - assisti enquanto as duas se abraçaram e choraram juntas.
- Ela estava tão feliz com o casamento e o bebê! - lamentou-se Constance - Ao menos encontrou Elijah?
- Me disseram que ele saiu da cidade. - respondi.
- Pobre Mary. - disse Jocelyn - Amanhã pedirei um adiantamento do meu salário. Vamos contratar uma carruagem e vamos vê-la. - olhou para Constance que concordou, então ela se voltou para mim - Se você não se importar.
- É claro que não. Mas posso acompanhá-las no trem. Vou pegar o próximo.
As duas se olharam com receio de aceitar a proposta. Eu entendi a reação, tendo em vista o problema que tive na primeira vez que viajei com Bash no trem. Mas no fim, elas decidiram que ver Mary era mais importante e decidiram enfrentar o trem comigo.
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My Anne with an E
أدب الهواةUma versão da série Anne with an E pela visão de Gilbert Blythe. Essa versão é da série, apesar de eu conhecer os livros. Senti o desejo de descrever um pouco as minhas impressões sobre os pensamentos e sentimentos de Gilbert na série. Como os sent...