Hana

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Eu descobri que uma das coisas mais difíceis é fazer mala para uma viagem sem data de retorno. Eu queria levar tantas coisas, mas não teria como levar tudo e claro que iria comprar coisas novas, mas escolher o que levar para mim foi uma decisão que levou dias. As coisas básicas já estavam separadas, como documentos, roupas íntimas, produtos de higiene e acessórios. Sabia que a Julia, minha parceira da viagem, estava sofrendo o mesmo.

Nós duas íamos mudar para a Coréia por um tempo e o motivo era algo que nos fazia surtar a cada dia. Nós duas fomos escolhidas para sermos dançarinas de apoio do BTS. Sim, da maior boyband do mundo.

Na verdade não tínhamos noção de como tudo ia funcionar, mas sabíamos que iríamos trabalhar muito duro. Conseguimos esse feito através de um concurso nos Estados Unidos e não fomos as únicas ganhadoras. Somos brasileiras, amigas há um bom tempo e com o mesmo sonho: Viver da dança. Foi disso que criamos coragem de nos profissionalizar cada vez mais e fomos terminar nossa faculdade nos Estados Unidos. Esse concurso surgiu de uma forma completamente inesperada, mas na melhor hora possível, logo após nós termos nos formado. Foram semanas de muita dedicação, ensaios e dores, mas nós duas e mais três meninos conseguiram. Aconteceu um mesmo concurso na Coréia que premiou mais cinco pessoas, e para completar dançarinos que já atuavam com o BTS faziam parte desse grupo. Dentro dele a maioria eram homens e somente quatro mulheres, tínhamos a honra de estar nesse grupo.

Apesar de ganharmos o concurso, precisamos passar por várias entrevistas e assinamos um contrato com algumas cláusulas importantes,e muito restritas em algumas partes, e assim pudemos fechar nossa viagem. Viajaríamos em turnê com eles e participaríamos de todos os shows. Nós tínhamos um tipo de empresário que ajudaria os dançarinos e cuidaria para que tudo acontecesse perfeitamente bem, se alguma problema acontecesse, ele seria o responsável de nos ajudar a resolver.

Nós não fazíamos ideia de como seria todo esse processo, mas de uma coisa nós tínhamos certeza, que seria a maior loucura e talvez o maior desafio de nossas vidas.

Embarcamos para a Coréia em uma quarta-feira a noite e só chegamos lá na sexta-feira. Não teríamos que pagar hospedagem, mas não teríamos nada luxuoso é claro. Cada dançarino ganhou um quarto em apartamentos de universitários e era o suficiente, porque apesar de pequenos eram aconchegantes e ótimos para recém-chegados em um país. Por sorte eu e a Julia conseguimos vaga no mesmo, mas em andares diferentes, ela no segundo e eu no quarto. Nosso primeiro encontro com a equipe seria só na segunda, então teríamos um tempo para conhecer um pouco de Seul. No sábado combinamos de todos os dançarinos se encontrarem e saímos par jantar, e foi ótimo porque todos pareciam ser muito legais e focados na mesma coisa. Era preciso termos uma boa relação já que ficaríamos muito tempo juntos, foi divertido e nos demos muito bem e a ansiedade era clara em todos nós. A melhor parte foi quando fomos em um karaokê e a maioria ali só sabia dançar, cantar não era o forte quase ninguém, mas a Julia sempre escondeu esse talento e mesmo ela não dando o máximo, foi a melhor de nós.

No domingo eu arrastei a Julia comigo para fazer exercícios. Encontrei uma academia e precisava me dedicar para continuar em forma, além da parte estética, me preocupava de ter o corpo preparado para a maratona de dançar em shows. Ainda andando por Seul, nós duas jantamos juntas e voltamos para deitar cedo e nos preparar para o primeiro dia.

Acordei animada e ansiosa, nos encontramos no hall do prédio e pegamos um táxi para o nosso primeiro dia de trabalho. Ao entrarmos no prédio e passarmos na recepção parecue que tudo começou a se tornar real e eu quase não contive a emoção. Fomos para uma sala de ensaio e tinha uma recepção para nós já que teríamos, antes de tudo, uma reunião. Nessa reunião foram reforçados alguns tópicos do contrato, algumas regras que precisavam ser seguidas e outras questões foram acertadas.

Assim que a reunião foi encerrada, conhecemos os coreógrafos, que fizeram uma apresentação rápida, arrancando gritos de todos nós e depois cada um se apresentou. Nos reunimos no centro de são e algumas coreografias foram passadas para pegarmos ritmo, o estilo e ficarmos preparadas para o que viria.

Foi bastante cansativo, mas muito motivador, e isso era perceptível pelos olhos de todos nós brilhando e pelo sorriso que ninguém conseguia esconder. Descobrimos pelo primeiro ensaio que não seria nada fácil, mas faríamos de tudo para entregar o nosso melhor. Apesar de ser uma grande responsabilidade, o clima era leve e divertido, torci para que todos os ensaios fossem produtivos e motivadores assim. Não teríamos o coreógrafo principal todos os dias, mas sempre teria um dia para nos orientar, mas foi explicado que independente disso nós teríamos que ter a consciência e responsabilidade de levar todos os ensaio a sério.

O dia passou e não vimos o tempo passar, quando saímos já tinha anoitecido, e a Coréia parecia mais bonita naquele momento.

(...)

Nos primeiro dias já nos aproximamos de dois meninos, Hector e Josh. O Josh nasceu e morou toda a sua vida na Coréia, já o Hector, é filho de um coreano com uma americana, nasceu nos Estados Unidos e mudou para a Coréia com 18 anos de idade. Nos demos tão bem que decidimos jantar juntos na segunda seguinte.

O resto da semana foi a mesa rotina, tirando a parte do jantar, porque jantar todo dia na rua não sairia nada barato. A cada dia a relação entre os dançarinos melhorava, nós duas nos aproximando mais dos dois meninos e as coreografias quase todas aprendidas. Os ensaios, ou treinos, duravam o dia todo e teríamos o fim de semana para descansar.

A semana passou tão rápido que só consegui falar com meus pais por chamada de vídeo no sábado de manhã, que era sexta a noite no Brasil. Eu e a Ju fomos turistar no sábado a tarde e no domingo decidimos descansar para começar a segunda bem dispostas.

Dance in KoreaOnde histórias criam vida. Descubra agora