San-ju ichi

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Dois meses depois

Depois de alguns shows eu comecei a sentir o cansaço bater cada vez mais forte e vi o quanto os meninos começavam a ficar desgastados, mas nunca perdiam o profissionalismo e no palco eles se transformavam. 

Nesses meses que passou, nós continuamos viajando pelos Estados Unidos, depois fomos até a Europa e em seguida chegamos ao Brasil.

Nossa rotina continuava parecida, encontrávamos em algum dia da semana, show no fim de semana, algumas reuniões e algum dia de descanso.

Nossa relação de amizade com os meninos crescia a cada dia, fizemos alguns jantares todos juntos, mas a equipe se mostrava insatisfeita com essa nossa aproximação. Os meninos não se importavam muito com isso, mas ninguém queria causarconfusão então só tentavámos respeitar. Meu relacionamento com o Jimin parecia mais intenso a cada dia, apesar de poucos encontros, os momentos que eu passava com ele eram os mais incríveis possível. Eu tinha certeza que o amava e estava claro que ele sentia algo forte por mim. Nossos beijos viciavam, sempre que começavamos era difícil parar, nós dois tínhamos que ter muito auto controle quando juntos, mas alguma coisa nos impedia de nos entregar por completo.

Assim que chegamos, tive um tempo de ver minha família em São Paulo, mas a família da Julia morava em outro estado e não tínhamos certeza se ela ia conseguir visitá-los. Porém, meus pais adotaram a Ju como segunda filha então ela visitou meus pais comigo.

Como sempre tivemos passagem de som na sexta a tarde, foi nesse momento que percebi que estava em casa. Fiquei muito emocionada, principalmente ao imaginar dançar com o Jimin na frente de todos aquelas fãs brasileiros. O Jimin percebeu que eu estava emotiva e me abraçou, ignorando a presença de todas as pessoas. Senti muitos olhares sobre nós dois, mas estar nos braços dele era o que me completava.

Por ser na minha cidade, nós duas não ficamos em hotel, mas sim na casa dos meus pais, por isso não conseguimos ter nossos rotineiros jantares com nossos meninos.

Depois de alguns shows eu achava que a ansiedade não continuaria, mas estava enganada, principalmente nesse fim de semana. Nós duas acabamos dormindo tarde e tínhamos que acordar cedo. Tomamos café da manhã,  descansamos um pouco e estão nos preparamos para nos direcionar ao estádio. Nós combinamos de encontrar o Josh e o Hector no shopping perto do estádio, almoçamos juntos e fomos para a passagem do som. Percebi os meninos muito animados, mas ao mesmo tempo concentrados.

Escutar o público gritando fez meu coração acelerar, lembrei da minha trajetória e que dois anos antes quando eles fizeram um show no Brasil, eu estava nos Estados Unidos e não pude ir em nenhum show, mas não imaginava estar ali dançando com eles.

Quando o primeiro dia de show começou, eu já senti a diferença do Brasil para outros lugares. A energia que os fãs brasileiros passam, motiva qualquer pessoa. Todos os dançarinos deram o máximo, os meninos não paravam de sorrir apesar de todo o cansaço, a emoção tomou conta de mim e da Julia. 

(...)

O primeiro dia de show foi incrível, todo mundo estava em extâse. Voltamos para a casa dos meus pais para descansar e nos preparar para o dia seguinte.

Diferente do primeiro dia, nós almoçamos em casa, o Josh e o Hector também foram convidados e depois fomos todos juntos de metrô para o estádio. Estava um dia ensolarado e aquilo me trouxe muita energia.

Na passagem do som os meninos estavam mais descontraídos que no dia anterior, então o Hobi deu um jeito de conversar um pouco com a Ju, disfarçadamente. Não precisamos passar "Filter", mas o Jimin se aproximou uma hora e disse ao meu ouvido que queria me beijar. Eu ri que nem um boba, e pensei que só queria poder mostrar um pouco da minha cidade pra ele. 

O show começou e tudo estava fluindo completamente bem, tudo dando certo, os fãs eufóricos e igual ao primeiro dia, emanando uma energia sem igual. Então chegou a hora da música solo do Jimin, momento da nossa coreografia. Primeiro ele fez uma coisa diferente, na hora que ele teria que ir para a frente do palco e eu dançava sozinha, o mesmo ficou ao meu lado me olhando e rindo. Todo mundo gritou com essa ação dele e senti meu coração acelerar e meu rosto queimar. Ele fez então o que fazia parte, e tínhamos nosso momento de dançar juntos novamente. Foi nesse momento então, que ao fazermos a pose final da coreografia, como sempre, eu me apoiava em seu ombro e ele me encarava, mas ele me surpreendeu e ficou muito perto de mim, nossos olhos se encarando e a respiração ofegante de ambos. Estávamos quase nos beijando ali na frente de todo mundo, quando a música acabou ele voltou ao centro do palco como se nada tivesse acontecido e saímos normalmente. Fiquei me questionando o que estava passando na cabeça dele, nossos lábios estavam muito próximos e aquilo podia nos causar problemas. 

O resto do show continuou normalmente, foi maravilhoso, os meninos mais uma vez se emocionaram e não consegui falar com o Jimin. Eu voltei para casa, mas o Hobi convenceu a equipe de reservar um quarto para a Julia, sem contar as reais intenções, então a mesma só buscou as malas e voltou para o hotel, mesmo sendo de madrugada. Fiquei preocupada, só relaxei quando a minha amiga enviou mensagem avisando que tinha chego.

Eu precisava aproveitar meus pais mais um pouco, porque na segunda já viajaríamos para o Japão, então não consegui passar um tempo com o Jimin.

Seria nossa primeira vez no Japão, e eu estava muito ansiosa. Passaríamos a semana inteira lá porque teria duas músicas diferentes no show e precisávamos ensaiar. 

Antes de dormir conversei com o Jimin por mensagens e o mesmo foi cínico dizendo que não tinha feito nada demais, ainda me mandou uma foto sorrindo. Me derreti todinha por ele. Também tinha mensagem no grupo do 4dance, precisávamos gravar um vídeo no Brasil e mesmo a Julia não respondendo combinamos de ser no aeroporto. Torcia para que ela visse as mensagens a tempo. Nosso canal de YouTube estava crescendo a cada dia, tínhamos muitas curtidas, mais seguidores no Instagram e confesso que isso me incomodava um pouco.

Pensando nisso, decidi dar uma olhada no que estavam falando sobre o show e o que eu achei me desesperou. Muitas pessoas estavam falando sobre o quase beijo, se perguntando o que aquilo significava, muitas até acharam minha página no Instagram e falavam sobre isso. Vi muitos elogios, mas o que doeu foi ver comentários negativos e tive certeza que eu teria um problema a resolver assim que chegasse ao Japão. De qualquer forma, todo mundo estava falando muito bem do show e salvei alguns comentários positivos sobre mim e a coreografia para ler depois. Não me restava mais nada a não ser descansar e esperar para ver as consequências das atitudes do Jimin.

Dance in KoreaOnde histórias criam vida. Descubra agora