Acordei me sentindo desconfortável e logo entendi o porquê: meu tornozelo estava latejando, minha mão dormente por conta do peso de Liz, que dormira sobre meu braço, e uma sensação incômoda no pênis — a camisinha que esqueci de tirar. Na verdade, não esqueci, apenas desmaiei de cansaço. A ideia era descansar por alguns minutos depois de usarmos a última camisinha, mas o sono nos venceu.
Com cuidado, tirei o braço debaixo da cabeça dela, sentei na cama e comecei a mexer os dedos para aliviar a dormência. Quando me senti mais desperto, me levantei, e literalmente dei meus pulos até o banheiro.
Eu achava que hoje poderia andar quase normalmente, mas a dor no tornozelo aparentemente estava pior. Tomei um banho com dificuldade, equilibrando-me em uma perna só. Nunca imaginei que isso seria tão desafiador. Se não fossem as aulas de karatê, provavelmente teria caído. Após escovar os dentes, enrolei a toalha na cintura e saí do banheiro. Liz, já estava sentada na cama com os cabelos desgrenhados, parecia um ninho de passarinho, mas ignorei e segui em direção à porta.
— Bom dia! — ela disse.
— Só se for pra você! — respondi, soltando um suspiro. A noite foi boa, mas o meu mau humor matinal, somado à dor no pé, prevalecia.
— Credo, moleque chato do caralho! — resmungou enquanto eu saía do quarto.
Ao me aproximar da escada, segurei firme no corrimão, sentindo o peso da descida iminente.
— Pai? — chamei, olhando ao redor. Logo o vi lá embaixo. — Me dá uma força aqui!
— Você nem se deu ao trabalho de vestir uma roupa? Não estamos sozinhos em casa — ele disse, subindo para me ajudar a descer.
— A Liz já me viu nu, então qual é o problema?
Ele riu, balançando a cabeça, claramente pensando "eu sabia que isso ia acontecer". Chegamos à cozinha e fui surpreendido por uma ruiva sentada à mesa, sorrindo para mim. Ah, agora me lembrei que ele havia dito que traria ela para casa. Mas ela parece muito jovem, então olho para meu pai, falsamente assustado.
— Que isso, pai? Quantos anos ela tem?
— Que antiético, Tuto! — ele arqueia uma sobrancelha, mas logo parece entender o que eu quis dizer depois de dar uma olhada nela — Ei, não é o que você tá pensando! Ela tem mais de vinte e um, posso te garantir!
— Só vou acreditar depois de ver a identidade!
A moça da uma gargalhada e levanta, pega algo dentro da bolsa dela que estava na mesa e entrega para mim, é um cartão de visitas.
— Muito prazer, Heitor. Meu nome é Janne! E sou uma mulher formada! — ela aponta para um endereço no cartão — Meu escritório fica nesse endereço!
— É, eu sei... a terapeuta! Que bom conhecer você! — sorrio, me afasto deles para sentar na cadeira e suspiro. Droga, a garrafa com café tá do outro lado. — Pai... — aponto para a garrafa e ele pega, sorrindo.
— Não vai esperar sua namorada? — Janne perguntou.
— Ela não é minha namorada, é minha amiga — expliquei, enquanto me servia. Percebi os olhares entre meu pai e Janne. — O que foi?
De repente, meu pai soltou uma gargalhada alta.
— Ai, Tuto. Eu esperava que fosse acontecer, mas precisava usar a noite toda! — ele diz, rindo
— O senhor tá exagerando, e muito!
— Certo, certo! Só que quando chegamos vocês estavam bem empolgados. Felizmente acabou logo, mas uns vinte minutos depois vocês começaram de novo! Foi uma situação constrangedora, filho! Porra...
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Heitor
Teen FictionTodos adoram uma história com um garoto complicado, e aqui você vai encontrar um pouco disso. Mas, acima de tudo, talvez você se identifique com os personagens, já que não há nada de excessivamente fantasioso no mundo adolescente que apresento. Paix...