Eu disse que ele não ia faltar.
Assim que entro na sala vejo ele desenhando em um caderno já na mesa que ele normalmente senta. Obviamente não estamos sozinhos, tem alguns alunos batendo papo no outro canto da sala. Respiro fundo, agora vou ter que ser bonzinho, afinal, estou muito errado. Me aproximo dele e coloco as mãos no bolso.
— Ei!
— Não estou afim de conversar! — ele diz sem olhar para mim.
— Olha, eu reconheço que errei, mas eu não fazia ideia de que vocês estavam namorando, ela não disse nada em momento algum!
— Cara, eu realmente não quero falar sobre isso! — ele continua sem me olhar — Preciso pensar!
Suspiro e me seguro para não arrancar a merda do caderno que ele não tira os olhos. Nunca fui muito paciente e ele está fazendo um drama desnecessário. Okay, eles estavam no início de um namoro, mas eu não tive culpa, eu não sabia.
— Foda-se! — pego ele pela gola da camisa e o puxo, forçando ele a levantar e me encarar — Eu sei que você está chateado, mas eu não tive culpa! A filha da puta desse garota não estava nem aí para seus sentimentos e até agora não entendi essa forma dela de vingança sendo que ela machucou você e não eu! — solto ele — Eu sei que eu não deveria ter transado com ela, principalmente por ela ser a porra da minha ex. Você quer ficar bravinho comigo? Ótimo, fique! Eu não tô nem aí. — dou as costas para ele, jogo minha mochila em qualquer carteira e vou rumo a porta.
Eu sei, fiz mais merda ainda, mas não sou do tipo que corre atrás. Ele não quis conversar numa boa, então não vamos conversar nunca mais. Quem é que precisa de amigos?
— Brigou com a namoradinha, Heitor? — alguém falou atrás de mim, reconheci a voz de Darik, então só ignorei — Ei! Filho da lua, estou falando com você!
— Cara, me erra, não estou de bom humor!
— É, eu vi a DR que você teve com sua namorada lá na sala! Ela está chorando, coitadinha!
Dou uma gargalhada forçada, eu estou muito irritado e esse cara ainda vem encher meu saco, ele quer apanhar só pode. Senti uma pressão nas costas que me fez ir pra frente, quase caí, por sorte usei o pé esquerdo como apoio. Olho para trás e encaro o desgraçado que acabou de me empurrar. Qual é o problema dele afinal? Passo a mão no cabelo e me aproximo dele.
— O que você quer, imbecil? — minha mão tá coçando pra bater em algo e esse idiota é o alvo perfeito.
— Nada, só quero te irritar!
— É? Quer um beijo também pra ver se esse teu fogo apaga? — empurro ele — Por que a gente não vai pra trás da arquibancada ou pra uma sala vazia pra eu te foder? É o que você quer, não é?
— Sai fora, cara! Eu gosto de mulher!
— É mesmo? Nem parece! Vive atrás de mim e está notavelmente com ciúmes do Anthony! — sorrio de um jeito meio sádico — Você está tão interessado que está falando de uma namorada que não existe só pra saber se tem algum na minha vida! Ou talvez você queira me abalar de alguma forma, mas acho que você está realmente interessado em mim! — estou tirando ele do sério, adoro isso. O feitiço vira contra o feiticeiro.
— Cala sua boca! Você tá muito maluco!
Ele vem para me empurrar, mas agarro seu pulso e jogo ele um pouco para o lado, aproveito para elevar meu joelho e acertar em seu estômago. A partir daqui não respondo mais por mim, vou pra cima dele para terminar o que comecei. Não tô nem aí se vão me expulsar, só faltam algumas semanas pras aulas acabarem de vez. Infelizmente ele conseguiu se defender e aproveitou uma brecha para devolver todos os socos que eu dei. Já podia ouvir gente gritando e pedindo pra parar, mas eu não ia parar, principalmente porque consegui retomar o controle e eles estava apanhando novamente.
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Heitor
Teen FictionTodos adoram uma história com um garoto complicado, e aqui você vai encontrar um pouco disso. Mas, acima de tudo, talvez você se identifique com os personagens, já que não há nada de excessivamente fantasioso no mundo adolescente que apresento. Paix...