Todos adoram uma história com um garoto complicado, e aqui você vai encontrar um pouco disso. Mas, acima de tudo, talvez você se identifique com os personagens, já que não há nada de excessivamente fantasioso no mundo adolescente que apresento.
Paix...
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Às vezes, sinto vontade de socar a cara do Heitor. Como ele consegue ser tão desapegado? Tão indiferente? Tão... idiota? Que raiva! Será que sou eu que estou exagerando?
Talvez...
Estou tentando entender o que realmente sinto em relação a tudo isso. Sou do tipo de pessoa que, quando gosta de algo, quer manter por perto e aproveitar enquanto pode. Mas com o Heitor, é complicado. Claramente ele não é de "repetir figurinha". Nunca o vi ficando com a mesma pessoa duas vezes, e ainda por cima, é um cara de pau. A transa pode ser tanto ótima quanto péssima, e ele encara tudo da mesma forma, com a mesma expressão, a mesma postura, como se nada tivesse acontecido. Eu não sou assim; se a transa for ruim, quero distância da pessoa, prefiro nem olhar na cara. Se for boa, eu sempre dou um jeito de repetir até enjoar de vez.
Solto um suspiro e me jogo no sofá de olhos fechados. Se arrependimento matasse, eu já estaria morta e enterrada desde a semana passada. Não nego, foi incrível, apesar de ele ser um bruto. Ainda não acredito no que aconteceu. Achei que ele estava exagerando sobre usar todos aqueles preservativos, mas ele aproveitou a oportunidade como se não houvesse amanhã. Não quero nem imaginar se ele estivesse 100%; provavelmente, teria tentado todas as posições de pé possíveis, exceto as que exigem me carregar; duvido que aguentaria meu peso por muito tempo. Gostaria de esquecer, mas o desgraçado já conseguiu deixar sua marca na minha adolescência. Se fossem cinco ou seis rounds curtos, tudo bem, mas ele tem uma resistência inacreditável.
— Lily? — a voz do meu pai me puxa dos pensamentos. — Como foi a aula, filha? Aliás, quero o número da sua colega. Já é a segunda vez que você diz que vai dormir na casa de alguém que eu não conheço. Terceira, na verdade, porque seu irmão mencionou que você dormiu fora outro dia.
Esse é meu pai, sempre querendo saber de tudo e controlando o que posso ou não fazer. Ele quase surtou quando cortei o cabelo. Mas, curiosamente, nunca me pegou fazendo coisa errada.
— A aula foi um tédio, como sempre. Ainda tem colegas que adoram me irritar! — reclamo, mesmo sabendo que ele vai querer detalhes.
— Que colegas? Posso saber? — pergunta, meio que por educação. Mas eu sei que se ele quiser, ele vai saber, a menos que eu diga que já resolvi o problema.
— Ninguém importante! — levanto e pego minha mochila. Melhor minimizar, assim ele vai perceber que é algo trivial e não vai interferir. — Só uns colegas irritantes. Alguns acham que sabem mais que o professor, outros ficam jogando papel... é um caos na sala de aula!
Aliás, meu pai é investigador da polícia e conversa com a gente como se falasse com suspeitos. Quando está bravo, é como se estivéssemos sendo interrogados. Comigo ele pega leve, mas com meu irmão, a coisa é tensa; só falta partir para a agressão.
— Olha a boca! — ele me repreende. — Mas se tiver algum problema, me fala que eu dou um jeito nesses delinquentes!
Ele sai, e eu sorrio comigo mesma. Sou uma ótima mentirosa. Se eu fosse meu pai, mandaria alguém me seguir, porque a maioria das informações que passo são inventadas. Ele fica preocupado achando que estou saindo com garotos, sem imaginar que eu também gosto de garotas e que tenho mais experiência com elas é muito mais fácil sair escondida. Hoje, até disse a verdade sobre ter ido para a casa de uma amiga, mas menti para o Heitor. Não sei o que deu em mim, mas eu queria deixá-lo com ciúmes.