Eu detesto sentir dor, principalmente quando essa dor me impede de fazer algo básico como andar direito. Tem duas semanas que estou fazendo fisioterapia e não tem nada mais chato que isso, na verdade até tem, que foi passar um mês de repouso no meu quarto. A maca, os elásticos, os mesmos exercícios. Só de pensar em repetir tudo de novo, me deu um desânimo pesado. O fisioterapeuta estava lá, com aquele sorriso animado que ela sempre tem, e mandou eu começar com o aquecimento. Eu fiz, meio no automático. Daí ele trouxe o elástico azul, aquele que sempre me faz suar de leve. Tentei puxar o pé pra cima, dobrar o tornozelo, mas ele queimava. Era uma dor chata, tipo uma fisgada que eu já conheço bem demais. Nessa hora que a tristeza bate e minha mente viaja para o dia em que me lesionei. Minha vida não será mais a mesma, posso estar totalmente curado, mas vou viver com medo de romper o ligamento do tornozelo de novo. Mas felizmente não precisei fazer uma cirurgia.
O médico me garantiu que em dois meses eu já estaria andando, mas aqui estou eu, ainda precisando de muletas e mantendo o pé imobilizado. O fisioterapeuta falou que em um ano devo estar 90% recuperado.
Estamos quase no meio de março, e logo será o aniversário do Anthony. Juntei-me com a Liz para pensarmos em algo para ele. Sim, ela voltou a falar comigo normalmente, embora tente flertar de vez em quando. Às vezes eu ignoro, outras vezes entro na brincadeira, mas espero que ela entenda que é só isso mesmo.
Falando do aniversário do Anthony: nunca liguei muito para comemorações, mas acho que ele merece uma atenção especial. Ele é bastante solícito, me ajudou bastante depois da minha entorse no tornozelo e ainda ajuda muito, sendo que eu nunca pedi. Ele se importa comigo como poucos amigos fazem, e quero retribuir isso.
Aliás, ele começou a treinar com o time da escola. É claro que fui vê-lo e apresentá-lo aos caras. Ele já fez dois treinos e está pegando o ritmo. Até começou a acompanhar os jogos profissionais. Ele só precisava se abrir para novas experiências, e fico feliz que tenha dado esse passo.
— Podemos levá-lo para a Ramp48. Talvez ele goste. — sugeriu Liz, mas a ideia não me parece boa.
— Ele nunca vai querer ir a um lugar onde se sinta deslocado. — mordisco o lábio, pensativo, e olho de volta para Liz — Talvez dar um skate seja uma boa ideia. Algum dia ele vai tentar andar e, quem sabe, se interesse em aprender.
— Pode ser. Mas também precisamos levá-lo a um lugar legal que funcione para nós três!
Ela tem razão. Cinema é uma opção, mas não há filmes interessantes estreando. Lanchonete parece simples demais. Como o aniversário dele cai na sexta e sábado ele tem treino, precisamos organizar algo para a sexta à tarde. Quero algo especial, mas que caiba no meu orçamento.
Conversamos sobre o assunto, mas sem decidir nada definitivo, exceto pelo presente. Eu insisti na ideia do skate, mas ela quer dar outra coisa. Levei ela até a porta, porque sou uma pessoa muito educadas. Já consigo pisar no chão, mas ainda preciso de pelo menos uma muleta para não colocar muito peso no meu pé direito.
— Até amanhã então, no intervalo a gente pensa em mais ideias! — disse ela.
— E correr o risco de o Anthony nos pegar conversando? Nem pensar! Vamos para a sua casa; não aguento mais ficar no meu quarto. Estou prestes a surtar.
E olha que eu sempre adorei meu quarto, decorei ele com muito carinho, tem tudo que eu preciso e gosto.
— Por mim, tudo bem. Podemos ir depois da aula... seu pai pode nos levar, já que ele te busca de carro todo dia.
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Heitor
Teen FictionTodos adoram uma história com um garoto complicado, e aqui você vai encontrar um pouco disso. Mas, acima de tudo, talvez você se identifique com os personagens, já que não há nada de excessivamente fantasioso no mundo adolescente que apresento. Paix...