Ela

38 4 15
                                    

Desde o aniversário de Anthony se passou três semana, sendo que na semana entre Março e Abril tivemos o feriado de primavera, além de mais dois dias extras por ser sábado é domingo.

Mas não mudou nada para mim, eu tinha que continuar indo para a fisioterapia e ao dermatologista, mesmo não saindo de casa, qualquer dia vou falar para meu pai esquecer um pouco do dermatologista. Eu não tenho nada, minha saúde está boa e minha vista também. Pois é, também tive que ir ao oftalmologista nesse meio tempo.

Meu pai gasta muito dinheiro comigo e fico me perguntando de onde ele tira, qualquer dia vou perguntar.

Janne se mudou de vez pra casa e eu já consigo andar sem muletas, mas não posso me dar ao luxo de correr ou dar ponta pés à vontade, ainda não estou cem por cento. Também não posso andar de skate ainda, o que é uma pena, pois acho que já estou enferrujado e gostaria muito de voltar. Ainda sinto dor, mas é suportável.

Em relação a Liz, eu até tentei evita-la, mas ela acaba sendo uma companhia bem divertida. Às vezes ela e Anthony iam até minha casa jogar videogame, às vezes só ela e não ficava aquele clima estranho que eu achei que ficaria. Agora ela me olha de um jeito diferente que eu não sei decifrar. Nunca fui bom em ler a pessoas.

É segunda e eu finalmente estou indo para escola de metrô, o resto do caminho farei andando, tanto para exercitar meu tornozelo quanto para matar a saudade.

Assim que coloquei os pés do lado de dentro da escola, suspirei aliviado - sim, aliviado -, pois me sinto livre novamente. Cheguei sem nenhum problema e dei até uma corridinha para me testar, felizmente só senti uma dorzinha e isso é bom.

Melhor uma dorzinha do que uma dor insuportável.

Fui rumo ao pavilhão das salas e sorri para Anthony que estava escorado na parede perto da nossa sala, ele parecia surpreso ao me ver andando, tem uns três ou quatro dias que não vejo ele; afinal, era feriado. Ele se aproximou de mim quase correndo e segurou em meus ombros, me fazendo parar.

Okay, isso está estranho. Seu olhar está tão intenso que a única coisa que penso é que ele vai me beijar a qualquer momento, e a segunda coisa que penso é em quantos socos vou dar nele se ele se quer aproximar o rosto do meu.

— Cara! — ele exclama — Você precisa se preparar para ver quem está naquela sala, você vai ficar surpreso!

— É a Beyoncé por acaso?

Ele não diz nada e apenas me puxa em direção a sala. Meu coração começa a acelerar quando ouço uma música que me atormentou por meses: Toxic. Me sinto nervoso, por isso o bantimento acelerado. Assim que chego em frente a sala, me deparo com ela, Isabella, minha ex em pessoa. Ela tinha ido embora no final do nosso 10° ano escolar, e semanas antes havíamos terminado porque enjoei dela, mas agora ela está de volta.

Ela está dançando com as amigas daquela época uma coreografia que acho que elas inventaram. Mas confesso que estou de queixo caído, ela está com um corpão e nem se quer notou minha presença.

— Heitor, que milagre é esse? — ouço a voz de Liz e a olho. Agora que percebi que a sala está quase cheia — Você chegou cedo, nem a professora chegou ainda!

— Eu poderia dizer o mesmo sobre você. Além disso, eu tenho chegado cedo há dois meses!

— Porque o seu pai te trazia! Desde quando você chega cedo por vontade própria? — ela arqueia uma sobrancelha.

— Heitor? — a voz doce de Isabella me faz olha-la de imediato e para minha surpresa, ela sorri para mim — Quanto tempo, não achei que você ainda estaria estudando aqui!

Heitor Onde histórias criam vida. Descubra agora