Família

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Desde que Janne se juntou a família, essa foi a primeira vez que programamos para sair nós três juntos, tirando essa viagem para o Texas.

Não era falta de interesse. Antes eu estava estudando e eles trabalhando, depois aconteceu toda aquela merda, o que nos fez viajar de última hora para cá, mas agora fizemos planos. Bom, ontem decidimos que dariamos um passeio, mas não sabíamos bem pra onde; não chamo isso exatamente de plano, mas ficou por isso mesmo.

Mineral Wells não tem nada de muito interessante, é uma cidade com poucas atrações turísticas. Pra começar nem viemos para passear e sim para visitar meus avós, mas meu pai queria fazer algo além de ficar em casa.

Saímos com tudo certo e nada resolvido, nossa primeira parada foi um parque público que tem local para caminhada e pesca. Não foi uma experiência desagradável, mas meu pai me fez passar protetor solar a cada dez minutos e sinto até minha pele mais grossa. Não pescamos, afinal ficaríamos muito tempo no sol e não seria bom para a pele de ninguém já que aqui a temperatura é bem alta, principalmente no horário entre as duas e cinco da tarde.

Normalmente nem sairíamos nesse horário, mas se saíssemos muito tarde não teria muita coisa para fazer. Na verdade poderia ser de manhã, mas eu gosto de dormir até tarde para compensar os anos que acordei cedo para ir a escola. E também, Janne não se sente muito bem disposta pela manhã, ultimamente ela tem acordado com bastante enjoo, mas quem precisa lidar com isso é meu pai; azar o dele.

Depois do passeio no parque, fomos dar uma olhada em algumas lojinhas e compramos alguns bibelôs, – nada muito interessante – por fim paramos em um bar & club, e é onde estamos no momento. Aliás, esse lugar parece muito aquelas lanchonetes de beira de estrada que aparecem em seriados, me sinto até em um episódio de supernatural, só faltava o impala 67.

— Poxa, filho! — meu pai diz do nada — Você tá com o rosto um pouco vermelho. Não tem jeito, só saíndo quando o sol estiver se pondo para que não agrida sua pele.

— Relaxa com isso! Não é como se eu fosse pegar câncer de pele só com esse solzinho. — pego em minhas bochechas, eu estava de óculos, então certamente são as bochechas que estão vermelhas, é provável que a ponta do nariz também esteja — De qualquer forma, eu topei sair naquele horário. Eu gosto de sair perto da noite, mas não é tão legal. Se fosse em Fort Lauderdale poderíamos ir a praia, mas aqui não tem nada pra fazer.

— É verdade. Quando nós chegarmos em Fort Lauderdale, iremos para a praia! Mas só no final da tarde.

— Eu gosto da ideia! Ver o pôr do sol, aproveitar um clima agradável de fim de tarde e a ventania da praia. — diz Janne, bem sonhadora — O melhor de tudo é que não faz tão mal para a pele.

— Parem de se preocupar tanto com pele, tá me dando nos nervos!

Eu não entendo minha pele, acho que só o calor é o suficiente pra me deixar vermelho, porque no parque tinham as árvores e nós procuramos justamente lugares com bastante sombra pra passar um tempo. Talvez tenha sido nas lojas, algumas eram na beira da estrada.

— Pelo menos não vai descascar, só tá um pouquinho vermelho mesmo! — meu pai tenta dar uma de descontraído, mas aposto que ele morre de medo que eu pegue um câncer. Bom, eu não gostaria nada de ter câncer, mas meu pai exagera no medo.

— É só fazer uma skin care quando chegar em casa, acho que vai diminuir a vermelhidão — diz Janne. — Eu tenho alguns produtinhos muito bons.

— É verdade, são bons!

Faço uma careta e encaro meu pai, que começa a passar a mão no rosto, talvez para mostrar a pele sedosa dele, embora ele esteja passando a mão na barba. Mas pensando bem, isso significa que ele faz skin care com Janne? Não que isso seja problema, mas é estranho.

Heitor Onde histórias criam vida. Descubra agora