Uma semana se passou desde que viemos para a fazenda de meus pais e Heitor é como uma outra pessoa. Ele parece muito feliz e bem disposto, eu gosto muito de ver meu filho assim. Mas também tenho um pouco de pena, pois ele quer fazer as coisas e não pode por causa do sol. Por exemplo, quando Jonathan e a irmã têm que dar comida para os bichos, Heitor não pode ajudar a não ser que seja para os cavalos, afinal o lugar é coberto. Nunca pensei que Heitor se daria bem aqui sendo que ele é um moleque da cidade que curte skate e festas.
Ele tem andado bastante a cavalo no finalzinho da tarde, é até estranho, pois normalmente ele daria em cima de Hilary e passaria o tempo com ela para se distrair. Não foi minha intenção criar um filho tão safado, acho que dei liberdade demais para ele, mas provavelmente não mudaria o jeito que criei ele.
Já são um pouco mais de sete da noite quando vejo o carro do meu pai chegando, ele e os três adolescentes saíram mais cedo para levar um porco para uma pessoa. Sorrio ao ver meu filho saindo do carro todo animado balançando duas garrafas de whisky, bato na minha testa para fazer uma graça e balanço a cabeça negativamente. Não é surpresa que ele beba e goste disso, bom, talvez para a avó dele quando descobrir.
— Hoje tem! — diz Heitor assim que sobe no pátio.
— Eu pensei que estaria com trauma depois do que aconteceu.
— Bom, eu escolhi a bebida e vou servir meu próprio copo, então tá tranquilo. Além disso, estamos entre família.
— Podia parar de beber!
Ele faz uma expressão meio indignada, mas vejo divertimento em seu olhar. É estranho que ele esteja tão animado para beber, ele nunca bebeu por estar feliz, era sempre quando estava frustrado com algo. Bom, pelo menos foi o que percebi desde que ele começou a beber.
— Eu já parei de fumar, então vou continuar bebendo!
— Parou é?
Realmente já faz um certo tempo que não sinto fedor de cigarro nas roupas dele, mas sei que ele ainda está no processo. Como o vício dele só dura uns dois anos, é mais fácil para parar, fico feliz que ele esteja se esforçando.
— Vai guardar isso logo, moleque! — diz meu pai, dando um tapinha na cabeça de Heitor.
Ele se manda lá pra dentro de uma vez, meu pai senta ao meu lado com uma expressão divertida. Arqueio uma sobrancelha, estou curioso.
— O que foi?
— Meu neto cresceu, só isso! E ele tá apaixonado, sabia?
— É, eu sei... ele só não quer admitir para si mesmo! Mas como o senhor sabe?
— Uma menina ligou, ele estava conversando bem animado, mas depois que desligaram ele parecia meio frustrado e pediu pra eu parar o carro em um bar, ele só queria uma cerveja. — meu pai ri um pouco — Tive que comprar algo mais forte pra ele afogar as mágoas!
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Heitor
Подростковая литератураTodos adoram uma história com um garoto complicado, e aqui você vai encontrar um pouco disso. Mas, acima de tudo, talvez você se identifique com os personagens, já que não há nada de excessivamente fantasioso no mundo adolescente que apresento. Paix...