10 - Troco pra cinquenta

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          Daniela sentiu suas mãos suarem de nervoso, o correto era dizer o que houve, mas se Duda manteve aquele segredo era porque obviamente não queria que ninguém mais soubesse, e ela tinha bons motivos para isso. Duda continuou esperando pela resposta da cunhada, que, por mais que não tenha demorado a responder, parecia que cada segundo tinha a duração de um ano.


– Eu? Nada! – sorriu – Sua mala caiu da cama e derrubou tudo. Estou juntando o que caiu. Inclusive, isso fez não valer de nada nosso trabalho em arrumar seu quarto! – espalmou as mãos na coxa e se levantou.


          Apesar do sorriso nervoso, Duda não desconfiou de nada. Era Daniela, ela sempre tinha um sorriso estampado. Talvez tenha se irritado com o fato de as roupas recém dobradas caírem, por isso o incômodo em sua voz. De qualquer maneira, a caixa parecia intocada. Duda se apressou em pegar o objeto do chão e guardá-lo no fundo do armário. "Essa caixa não vai?", Dani perguntou sem demonstrar muito interesse. "Não, são só uns papéis sem importância", ela respondeu igualmente desinteressada.

***

          "Eu não acredito que você vai levar só isso", Duda sorriu ao ver Steve carregando apenas uma sacola não tão grande com suas roupas. "Meu estilo é minimalista. E o mais importante está aqui, são as cuecas", ele deu de ombros. Ela sorriu e revirou os olhos enquanto esperava por Jonathan e Daniela.

          Logo os dois saíram do quarto com suas mochilas. As roupas de Arthur se dividiram nas três bolsas e na sacola de Steve, que desceu na frente com o menino no colo. Daniela foi em seguida, precisava esquentar o Fusca antes de pegarem a estrada. Os irmãos ficaram por último. Enrolaram propositalmente, pois queriam se despedir do apartamento. Jonathan não saberia quando voltaria, já Duda tinha a certeza que em poucas semanas estaria naquele mesmo pequeno quarto, vivendo na casa de seus pais, porém sem a companhia deles. Algumas lágrimas aconteceram e um aperto no peito também, mas não podiam enrolar mais, precisavam sair antes de ficar muito tarde.

          Os cinco se acomodaram no carro, Daniela e Jonathan revezariam o volante, a começar a viagem por ele. No banco do passageiro estava Steve, que ficou um tanto quanto apertado no lugar. Com os homens na frente, a cadeirinha de Arthur no meio do banco traseiro tornava o veículo ainda mais apertado, espremendo Duda e Daniela nas laterais.

          Para variar, com pouco menos de uma hora de estrada Duda estava dormindo. Steve e Jonathan conversavam animados, mesmo com um não entendendo algumas coisas que o outro falava. Já Daniela observava Arthur, que assim como sua mãe, dormia.

          Agora parecia ser tão óbvio que ele era filho do Diego que ela se questionava como não percebeu antes. Na verdade, sabia bem o porquê de não ter percebido: sequer lhe passou pela cabeça que seu melhor amigo já havia se envolvido com sua cunhada. Já havia notado um ou outro olhar entre os dois, mas pensava apenas se tratar de uma atração física reprimida, o que ela não julgava, afinal ambos eram bonitos e pelo o que conhecia do amigo, Duda possuía praticamente todas as características que o atraíam.

          Ela olhou para Jonathan focado na pista e mais uma dúvida martelou em sua cabeça: será que ele sabia que sua irmã e seu primo já tiveram um caso? Acreditava que caso ele soubesse, teria contado a ela. Mas os dois irmãos eram tão unidos que talvez ele guardasse esse segredo. Ah, não, ela achava que não. Talvez o lance entre os dois tenha sido de fato algo de uma noite só, como Duda afirmou mais cedo. Mas e se Jonathan soubesse até mesmo da paternidade de Arthur e nunca contou para a esposa? Ele faria isso com ela?! Bom, na verdade faria e ela não poderia reclamar, afinal, irmãos possuem segredos. Cansada de tanto criar teorias, decidiu fazer companhia aos demais do banco traseiro e tirar um cochilo também antes de assumir o volante.

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