15 - Oi, sumido.

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          A primeira semana de trabalho de Duda foi surpreendentemente fácil. Fotografar crianças em ensaios não era o que costumava fazer nos Estados Unidos, mas Steve já havia a ensinado alguns truques para esse tipo de experiência e ela se saiu muito bem.

          Já o gringo aproveitou para turistar por São Paulo enquanto sua amiga trabalhava e a criança estava na escolinha. Ficar sozinho o entediava e apesar de estar habituado a viver com Duda e amar Arthur como se fosse de fato da sua família, ele sentia saudades de casa. Seus pais e sua irmã perguntavam diariamente quando ele voltaria e ele afirmava não saber, afinal ele poderia permanecer no Brasil até dezembro.

          Ao mesmo tempo que Steve tinha vontade de voltar para abraçar seus pais, cuidar de Emma e brincar com Christmas Eve, ele sabia o quanto Duda precisava dele e ele dela. Por mais de dois anos eles dividiram o mesmo teto e seria estranho o momento em que cada um seguisse para um lado, por mais que soubessem que um dia ele chegaria. Nenhum dos dois jamais imaginou que aquele encontro desajeitado em uma festa infantil renderia uma amizade tão forte quanto a que construíram.

***

          Em Minas Gerais, Jonathan chegou cansado do trabalho e milagrosamente não encontrou Daniela afobada na cozinha da casa nova. Andou pelos cômodos até que a viu sentada na cama com o notebook em seu colo. Deitou-se ao seu lado e nem tirou os sapatos, só queria absorver a maciez do colchão.


– Que milagre é esse que você não tá correndo? Sem pedidos hoje? – ajeitou o travesseiro sob sua cabeça.

– Eu acho que sua irmã tem razão – desviou o olhar da tela para ele, ignorando sua pergunta.

– Razão em quê?

– A gente deveria abrir um bar.

– Mas você não disse que era um salto grande demais?

– Talvez a gente devesse arriscar – vira a tela do notebook para ele – Eu estava pesquisando e fazendo contas aqui, com o tanto que a gente tem, a gente consegue.

– Você sabe que eu topo, mas a gente precisa de ajuda.

– E é por isso que eu sei a pessoa perfeita pra ajudar a gente.


          Jonathan concordou na mesma hora quando ela disse em quem estava pensando. A ligação de Daniela foi rápida, logo Gabriela estava tocando a campainha com o sorriso de satisfação no rosto. Assim que entrou, já começou a falar sem parar.


– Ai, eu tô feliz por demais com isso! – abraçou o primo.

– Eu percebi! Você até desviou seu caminho da faculdade pra cá – riu.

– A Dani disse que não precisava ser hoje, mas eu fiquei tão animada que não ia conseguir esperar outro dia! E outra, eu moro a dez minutos da sua casa e uma hora da faculdade, não foi uma escolha difícil... Mas vamos lá – puxou a cadeira e se sentou – O que vocês já sabem? Vai se chamar como? Vai ser temático ou um bar normal? Quanto vocês podem investir? Qual bairro vocês querem? Eu sugiro o centro, porque vocês sabem que apesar da concorrência, é o único lugar que presta nessa cidade. O que vocês vão servir?


          Gabriela falava tão depressa que os dois sequer conseguiam acompanhar seu raciocínio. A ideia do bar era tão boa que ela não sossegaria até que seus primos estivessem com um estabelecimento funcionando e com clientela fixa.


– Gabi, calma! – Dani riu – A gente ainda precisa encontrar um lugar, abrir a empresa, tem a parte burocrática... É tanta coisa que eu canso só de pensar.

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