A noite de Ano Novo chegou e assim como no ano anterior, o bar estava decorado com luzes piscantes e balões dourados que formavam o número 2019. Tudo parecia igual, mas dessa vez Jonathan e Daniela não quiseram fazer uma festa aberta ao público. A comemoração seria apenas entre eles, já que a festa da virada para 2018 foi um fiasco em questão de clientes. Dos convidados do ano anterior, apenas Samuel e Bernardo não estavam presentes, mas por razões óbvias.
A música estava alta, a geladeira liberada e todas as comidas consistiam em petiscos de bar. A festa era apenas para oito adultos e duas crianças, mas eles eram a prova de que não era necessário ter muita gente para conseguirem se divertir. Praticamente todos usavam branco como manda a tradição, com exceção de Nicole, que vestia um macacão azul marinho e Daniela, que exibia um vestido verde-claro.
Enquanto todos dançavam e conversavam, Duda tentava a todo custo fazer Arthur comer alguma coisa, mas o menino estava mais interessado em correr pelo bar junto com seu irmão. Já cansada de ir atrás do filho, jogou-se na cadeira e deixou a criança brincar. Nicole riu da situação e se sentou ao seu lado, enchendo um copo de cerveja e o empurrando em sua direção.
– Esses dois quando se juntam parece que pegam fogo, né? – Nicole sorriu.– Eu não sei como eles não se cansam! – deu um gole em sua cerveja – Eu acho que eu não era uma criança tão hiperativa assim.
– Ah, com certeza era... é que a gente não lembra mais.
Nicole voltou a olhar para as crianças, já Duda continuou tomando sua cerveja. Os assuntos ainda eram um tanto quanto escassos entre as duas, mas qualquer um podia ver que elas realmente estavam empenhadas em interagir.
– Eu preciso agradecer ao seu irmão pelo convite... Senão eu passaria a virada do ano sozinha – Nicole suspirou.– E os seus pais? – Duda a olhou nos olhos.
– O Diego não te contou? – a encarou de volta e Duda negou com a cabeça – Já tem mais de um ano que eu não falo com o meu pai. Com a minha mãe sim, ela não tem culpa, é uma vítima... mas o meu pai não – desviou o olhar para a parede e tomou um gole de cerveja.
– Desculpa por entrar nesse assunto, eu não sabia... – Duda sentiu o rosto corar.
– Tudo bem – Nicole jogou o cabelo sobre o ombro e sorriu para ela – Pelo menos vocês abriram uma exceção pra mim hoje.
– Nicole... – Duda colocou sua mão sobre a dela – A gente não abriu uma exceção pra você. Você é parte do grupo.
– Só por causa do Diego... – revirou os olhos.
– E o Steve só entrou nesse grupo por minha causa e olha como ele já está!
Duda apontou para o gringo, que exibia seus passos de dança um tanto quanto ruins em meio a risos dos demais. As duas riram da ausência de habilidade de Steve e o silêncio mais uma vez surgiu. Nicole voltou a encher os copos que já estavam vazios e mesmo um pouco reticente, iniciou o assunto mais uma vez.
– Duda, você... você ainda tem amigos? Não eles... – apontou para os outros – Eu estou falando de quem não é da família. Amigos mesmo, que continuaram a amizade mesmo depois de você ter filho.– Eu nunca tive muitos amigos – deu de ombros – Eu tenho três amigas lá em São Paulo, mas a única que eu realmente posso contar é a Carol. Por quê?
– Eu não tenho nenhuma – sorriu envergonhada – Sabe, quando eu engravidei as minhas amigas ficaram felizes, ficavam dizendo "titia já ama" – afinou a voz – Mas depois que o Pedro nasceu, esqueceram totalmente de mim. No começo eu questionava, mas chegou uma hora que eu cansei. Não vou mendigar atenção. Não mais.
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Incompletos
RomanceLivro 2 da Duologia Sete Bilhões! Para entender este, é preciso ler Imperfeitos primeiro! ••••• Dizem que o tempo cura tudo. Sejam as dores, sejam antigos amores. Mas o tempo é capaz de apagar o amor em duas pessoas apaixonadas? Seria o tempo ca...