16 - Sonho americano

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          Steve demorou a conseguir entender o que Duda falava, ainda estava sonolento e as palavras demoraram a fazer sentido em seu cérebro. Quando finalmente fizeram, ele arregalou os olhos e todo o sono parecia ter ido embora. Ela não podia estar falando sério.


– Duda... você tem certeza?

– Sim – deu de ombros – Eu era feliz lá, com você e com a Elisa.

– Você sabe que a chance de conseguir entrar no país é mínima, não sabe?

– Sim, pensei isso a noite toda.

– E o Jonathan?

– Ele tem toda uma vida com a Daniela agora, vai ficar bem.

– Bom, você sabe que minha casa sempre terá um sofá pra você – sorriu.

***

          Durante aquela semana, os dois correram atrás das passagens de volta. Compraram para o dia vinte e seis de outubro, dali um mês e dois dias. Duda fez questão de pagar, afinal, Steve pagou a vinda de última hora. Ela aos poucos voltava a conversar com Jonathan, que parecia reviver a ida da irmã há quase três anos, mas dessa vez não tinha tempo para drama, estava focado na reforma do bar junto com Daniela e Gabriela.

          Gabi, assim como havia prometido, estava se desdobrando para agilizar todo o processo burocrático. Até disse um "eu te amo" para o sobrinho do prefeito, só para o rapaz ajudá-la. Jonathan e Diego passaram o final de semana inteiro pintando de cinza as paredes que antes eram beges. Até mesmo Nicole estava ajudando Daniela, que se desdobrava entre o delivery e as compras para o bar. Este já estava registrado com o mesmo nome: Bobiça's Bar.

***

          Duda respirou fundo antes de ligar para o irmão. Ele já sabia que ela ia embora, mas agora ela tinha uma data exata para isso e precisava contar para ele. Ele era a única família que a restou, então o medo de entristecê-lo era grande. A chamada de vídeo logo foi atendida pelo rapaz que estava com os cabelos úmidos de suor.


– Oi! Estou te atrapalhando?

– De forma alguma! Nós estamos pintando o bar – virou a câmera e ela pode ver Diego pintando uma parede ao fundo enquanto Gabriela conversava animadamente com o sobrinho do prefeito.

– Então vocês decidiram me ouvir – se vangloriou – A Dani me falou, mas pensei que ainda estivesse só no papel...

– Não, graças à Gabi tudo está saindo mais rápido do que o imaginado.

– Que bom, fico feliz por vocês – sorriu.

– Mas como estão as coisas por aí, o Arthur está bem? O Steve?

– Tá tudo bem. A gente... – suspirou – A gente comprou as passagens.

– Ah... – seu rosto ficou inexpressivo – E quando vocês vão?

– Dia vinte e seis.

– Depois de amanhã?! – seus olhos se arregalaram.

– Não! De outubro...

– Dois dias antes do que a gente pretende inaugurar o bar... – suspirou desanimado – Nem vou poder me despedir do meu sobrinho.

– Me desculpa, Johnny. Eu preciso...

– Você quer. Eu não vou ser quem vai te pedir pra ficar.

– Ninguém mais pediria.

– Então pronto. Nada mais te segura aqui.

– Não fala assim...

– Não Du, de todo o meu coração, se você acha que sua felicidade está lá, então vai. Se você está feliz, então eu estou feliz.

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