Duas semanas se passaram e o mês de janeiro chegava ao fim. Na semana anterior foi aniversário de Gabriela e Steve fez questão de ligar e desejar os parabéns em português. Claro que precisou da ajuda de Duda, que traduziu em um papel tudo o que o gringo queria desejar e treinou com ele a pronúncia. Apesar de todas as felicitações de seus amigos do trabalho e da faculdade, aquela foi a que a deixou sorrindo sozinha.
Era o último dia do mês, aniversário de Steve. Duda chegou cansada do trabalho e acelerou o passo até sua casa, não queria correr o risco de encontrar com Glória. Parecia até mesmo uma perseguição, pois em todos os dias que se passaram, a senhora de alguma forma a alfinetava, fosse por uma falsa ligação próxima à janela em que a criticava em voz alta ou coisas absurdas, como reclamar do barulho de choro de criança que vinha da casa dos fundos.
Por ser uma quarta-feira, não seria possível fazer uma festa de aniversário para Steve com os amigos que ele fez no Brasil (ainda mais que a grande maioria estava em Minas Gerais), então Duda trouxe apenas um bolo para a data não passar em branco. Carol e Cíntia apareceram para desejar os parabéns para o gringo, mas ficaram para comer o bolo. A noite estava agradável, então, por sugestão de Carol, ficaram sentados no quintal conversando sobre a vida.
– Ah, a minha mãe me ligou no mesmo dia dizendo que você terminou com o meu irmão – riu – Ela ainda vê o Bernardo como um bebê.– Não tá fácil viu, Carol? Ela me alfineta todos os dias...
– Minha mãe não é uma má pessoa – torceu a boca – Quer dizer, não o tempo todo. Eu tentei conversar com ela, dizer que vocês dois são adultos e que términos acontecem, mas ela não entende...
– Eu queria falar com o seu irmão, de verdade. Me desculpar e tal... mas com a sua mãe o tempo todo causando é tão difícil! – bufou.
– Ah, fica de boa, o meu irmão tá bem! Fiquei sabendo até que ele e a Jéssica andaram conversando! Esquece isso. Além do mais, você tá feliz?
– Muito.
– Então pronto. Ignora minha mãe.
– Eu faço isso com frequência – Cíntia entrou no assunto – Cada vez que a sogra me dá alguma indireta sobre preferir a filha dela namorando um homem, ou como sente falta do ex-namorado da Carol... Eu finjo que ela tá falando com a parede – deu de ombros – Melhor do que se estressar.
Duda e Carol deram risada, Glória definitivamente não era fácil de lidar. As três continuaram conversando e brincando com Arthur, que chutava uma bola pelo quintal. Steve estava meio alheio à conversa, já que estava ao telefone com Gabriela, que desejava os parabéns para o gringo. Ele estava com um sorriso que entregava quem era do outro lado da linha enquanto tragava seu cigarro apoiado na parede, em sua clássica pose de James Dean.Glória saiu para tirar o lixo e viu o rapaz escorado na parede, assim como via todas as noites. Olhou para o lado e viu sua filha e sua nora conversando com sua inquilina e se irritou. Duda a ignorou mais uma vez. "Se esse menino acertar minhas plantas ela vai ouvir!", reclamou sozinha.
– Você está querendo falar comigo, dona Glória? – Duda perguntou já irritada.– Se esse moleque chutar a bola nas minhas plantas você vai ter que pagar novas!
– Fica tranquila que se esse moleque chutar a bola nas suas plantas, eu trago uma floresta inteira pra você!
– Mãe, deixa o menino brincar, a gente está no quintal da Duda! – Carol revirou os olhos.
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Incompletos
RomanceLivro 2 da Duologia Sete Bilhões! Para entender este, é preciso ler Imperfeitos primeiro! ••••• Dizem que o tempo cura tudo. Sejam as dores, sejam antigos amores. Mas o tempo é capaz de apagar o amor em duas pessoas apaixonadas? Seria o tempo ca...