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▪︎ MARIA LUIZA ▪︎

Acordei cedo cedo e me enfiei dentro do chuveiro. Saí enrolada na toalha e vesti uma roupa quente, já que chovia horrores lá fora.

Rato dormia todo aberto na cama. O sem vergonha tinha entrado de fininho no meu quarto ontem, veio com papinho de filho e eu já cortei. Nada a ver gente, eu nem tinha nada com ele.

Arrumei minhas coisas na bolsa e sai do quarto. Tomei café e sai de casa, encontrando Nathalia na porta com o carro do Ricardo.

O palhaço tinha os dois: um jeep preto e uma XRE 300 branca.

E outros ainda dizem que dinheiro não trás felicidade...

Malu: Ele vai te matar - comentei entrando. Se Ricardo andou no carro três vezes foi muito.

Nat: Se ele não souber, não vai poder fazer nada - Neguei rindo. Coloquei o sinto e ajeitei meu casaco.

Malu: E você acha que ele não vai sentir falta de uma Jeep Renegade dentro da garagem? - Ela deu de ombros, ligando o carro. - Depois não diz que eu não avisei.

Nat: Tá bom, mamãe - Bati nela que resmungou. Nat trabalhava algumas ruas depois da minha e quando dava vontade ela me levava. Eram raras essas vezes viu. - Bora no shopping depois do trampo?

Malu: Quer fazer oque lá?

Nat: Plantar bananeira, boba - Ri. - Parece idiota. Bora lanchar pô. Vou receber meu pagamento hoje. Tenho mais oque fazer não.

Malu: Vai pagar?

Nat: Eu sempre pago - Ri. - Tô te dando muita moral. Quero ver quando que tu vai retribuir.

Malu: Eu já retribuo te aturando todos os dias - Ela deu um tapa na minha coxa e eu resmunguei, aumentando o som. - Se acionar a tropa vai rolar resenha. Tudo no sigilo, tudo no esquema...

Nat: Sete e pouca da manhã, Maria Luiza - Abaixou o som. - Nada a ver isso aí.

Malu: Cuida da tua vida - Aumentei o som e fui cantando até ela me deixar na porta do trabalho. - Te amo, amiga. Cuidado tá?!

Nat: Também te amo, piranha - Beijou minha bochecha. - Quando terminar aí me liga!

Assenti e saí do carro, entrando na galeria. O pessoal tava abrindo as lojas e corri pra minha, vendo Selso, o dono da loja, abrindo a porta.

Selso: Que susto, menina - Ri. Ele abriu e entramos. - Achei que só vinha mais tarde.

Malu: Eu nunca venho tarde.

Selso: Claro - Riu. - Pontual como sempre!

Malu: Palhaço!

Comecei a ajeitar as coisas e logo o celular começou a tocar e eu já fui agendando os horários.

▪︎▪︎▪︎

Selso: Pode ir, Malu - Sorri pra ele. - Deixa que hoje eu fecho.

Malu: Obrigada seu Selso - Peguei minhas coisas e mandei mensagem pra Nat. - Até amanhã!

Selso: Até, doida! - Fizemos o toque e me afastei. Ele era o chefe mais legal que eu já tive e um velho tatuado de lamber os beiços. Eu já tentei da uma chegada, mas depois que descobri que ele era casado meti meu pé.

Fiquei esperando lá fora e por sorte tinha parado de chover. Nat chegou uns dez minutos depois e eu entrei no carro.

Malu: Hmm - Olhei ela. - Chupou quem que tá com esse sorrisinho no rosto?

Nat: Tu não conhece - Ergui uma sobrancelha. - Tu não conhece, pô!

Malu: Você não falou quem é. Vai que eu conheço?

Nat: Cala a boca, Maria Luiza - Dei os ombros e aumentei o som. A doida nem reclamou e seguimos caminho conversando.

Chegamos rapidinho e ela foi estacionar enquanto eu esperava na entrada do shopping. Eu Fiquei paranóica do nada, porque olhei pro lado e achei ter visto alguém me olhando.

Toda hora eu olhava pros cantos e eu tava xingando Nathalia mentalmente pela demora.

Malu: Tava onde cara? - Ela me olhou entediada e eu agarrei no braço dela.

Nat: Tá doida é? - Ignorei minhas paranóias e voltei a conversar com ela. - E o Rato?

Malu: Que que tem?

Nat: Como tá a convivência? - Entramos no BK e fomos pra fila.

Malu: Até que tá boa, mas ele da umas vacilada de vez em quando e você sabe que eu não tenho paciência com gente escrota.

Nat: Ele é bom de cama? - Encarei ela que ria.

Malu: Sim - respondi. - Da pro gasto.

Nat: Não adianta fazer essa cara de desinteressada que eu te conheço bem  - Ela fez cosquinha em mim e eu só não gritei porque ela parou. - Tá gamadinha já, pode falar.

Malu: Vai se foder! Desde quando piranha se apaixona? - Riu.

Nat: Me diz você - Ignorei.

Pegamos nossos lanches e fomos andando pro carro. Nat parou pra comprar chocolate na Americanas e eu fiquei sentada no banco em frente.

Gente eu sentia que alguém tava de olho em mim. Uns homens que passavam até olhavam com cara de quem queria, mas eu sabia que era outra pessoa.

Coração até acelerou.

Nat: Bora?

Assenti, pegando na mão dela. Fomos pro estacionamento e entramos no carro, conversando.

Ela saiu dali e parou em frente à entrada, onde tinha muita gente. Desviei meu olhar das brincadeiras da Nat e vi minha mãe parada ali, perto dos seguranças.

Ela tinha um sorriso estampado no rosto, mas chorava com as mãos no peito.

Nat: Maria Luiza! - Gritou, quando tentei sair do carro, Nat andou com ele e eu acabei caindo. Olhei na direção dela e não vi mais ninguém ali. Comecei a chorar e senti as mãos da Nathalia em volta de mim e as buzinas atrás de nós, me deixando com dor de cabeça. - Que isso, cara? Tá maluca?

Malu: Minha mãe - Choraminguei, apontando. - Eu, e-eu, eu vi minha mãe ali, Nat! - Ela ficou me encarando com cara de pena, mas eu nem ligava. Tudo que eu sabia fazer ali era chorar, pensando no porquê da minha mãe ter sumido assim.

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Eai babys ✌🏽😗

Oque estão fazendo nessa quarentena? 🤔

155 [Morro]Onde histórias criam vida. Descubra agora