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▪︎ MARIA LUIZA ▪︎

Cacau: Então meu papai virou estrela? - Mordi o lábio e encarei Uriel que claro chorava. - Eu nunca mais vou ver meu papai, mamãe?

Enfim tínhamos decidido contar a Catarina oque tinha acontecido com Galego. Tomar essa decisão não tinha sido fácil mas é que tava cada dia mais difícil mentir pra ela; dizer que o pai estava viajando e que logo ia voltar já estava começando a deixar Cacau irritada.

Malu: Vem cá - A peguei no colo. - Seu pai foi pra um lugar bem melhor que esse... lá não tem violência, preconceito, ódio ou qualquer outra coisa ruim - Ela me olhou de cenho franzido. - Ele te ama e com certeza não ia querer te ver triste.

Cacau: Quem fez isso com meu papai?

Malu: Você não precisa saber disso agora - Beijei seu rosto. Senti ela meio quente e olhei seu rosto. Catarina encarou Uriel que tava com as mãos tampando o rosto e voltou a me olhar com os olhos cheios de água. Coração saltitou e eu agarrei a mesma, sentindo minha blusa molhar. - Não chora, filha. Não chora, por favor.

Cacau: Mas mamãe...

36: Vem aqui no Dindo - Cacau foi pro colo dele e eu fui pro canto da cama. Fiquei olhando os dois, intercalando o olhar entre eles e uma foto minha e do Galego emoldurada em cima da cabeceira do meu quarto.

Acho que ninguém superou a morte do Paulo ainda. Superar a morte de uma pessoa que você amou muito é difícil. Mesmo sendo amigo, colega ou conhecido.

A morte é algo inexplicável que vem quando você menos espera.

36: Quer ver a bailarina? - Ela negou ainda chorando e ele a apertou mais forte. Ficamos ali até ela dormir e acabou que dormi logo depois dela, sentindo as mãos do Uriel na minha nuca.

▪︎▪︎▪︎

Horas depois...

Malu: Que pergunta é essa? - Encarei ele. - Não.

36: Não pro bora transar ou não pro ficaria sério comigo se não fosse seu irmão? - Soltei o ar saindo do quarto e desci as escadas indo até a cozinha.

Malu: Não pros dois - Olhei ele. - Para de insistir nesse assunto... tô grávida, enjoada...

36: E sem cabeça pra aguentar coisa besta - Me cortou completando a frase. - Não é coisa besta. Só perguntei porque queria saber.

Malu: Queria saber se quero transar com você?

36: Pode não perceber mas você tá dando sinais típicos de uma grávida com tesão acumulado - Ergui a sobrancelha e coloquei os braços na cintura. - Maria, cê tem banheiro no seu quarto, não precisa usar o meu e sair sem roupa dele...

Malu: O seu tava mais perto e eu não sabia que cê tava lá dentro - Ele riu. - É sério, Uriel.

36: A minha cama é de frente pra porta do banheiro e é impossível você passar e não me ver ali - Sentei no sofá e ele sentou do meu lado. - Cara, tipo assim... em nenhum momento escondi que tava afim de você e muito menos que queria uma parada mais séria - Olhei ele. - Não nego que ser seu meio irmão atrapalhou meus planos, mas é que tá sendo inevitável não te desejar.

Malu: Uriel...

36: Maria, papo reto. Não dá! Sinto falta de dormir junto contigo, mesmo que isso tenha acontecido poucas vezes. Sinto falta do sexo, das brincadeiras...

Malu: Mas a gente ainda brinca - Ele negou, balançando a cabeça.

36: Não é a mesma coisa que antes e você sabe disso - Fiz bico, assentindo de leve. - Não sei se é amor, paixão ou só pensamentos da minha cabeça de baixo, mas é que isso tá crescendo mais a cada dia que passa e eu não tô conseguindo evitar não.

Malu: Você sabe que a gente não pode - Falei virando o rosto pra TV.

36: Você quer?

Malu: Querer não é poder, Uriel - Riu.

36: Se os dois querem, os dois podem fazer acontecer.

Malu: Não.

36: Mas, Maria...

Malu: Uriel - O cortei. - Não.

Levantei dali e corri de volta pro meu quarto. Tranquei a porta e me sentei ali mesmo.

Tinham se passado só umas quatro ou seis horas desde que falamos sobre o Galego pra Cacau e eu realmente tava querendo entender oque tava se passando na cabeça dele pra fazer aquelas perguntas.

Eu tinha acabado de "sair" de um relacionamento e perdi o cara que tava me fazendo feliz. Não tava pronta pra começar uma coisa nova, muito menos com o meu irmão.

155 [Morro]Onde histórias criam vida. Descubra agora