▪︎ RATO ▪︎
Estávamos praticamente no topo do morro e parei em frente à uma casa grande que pelo estado estava abandonada. Por fora não se via ninguém, mas assim que entrei com Barão atrás de mim, vi o tanto de homem armado que estava nos fundos.
Barão: Senta ali - Apontou pra cadeira no meio da rodinha. Sentei e encarei ele que cruzou os braços na minha frente. - Confortável?
Rato: Achei que a conversa era comigo, não com mais cinquenta - Ele riu coçando a barba e balançou a cabeça, rindo fraco. - Tô suave.
Barão: Por pouco tempo - Sorriu. Um menor veio correndo com outra cadeira e colocou ela de frente pra minha. Barão fez o toque com o menino e puxou uma nota de cem do bolso, dando pra ele que saiu sorridente dali. Barão sentou, me encarou por alguns minutos e depois acendeu um baseado de maconha. - Tava pensando... tem oque? Umas duas semanas desde que você atirou na cabeça do namorado da minha filha?
Malu: Águas passadas - Ele riu.
Barão: Não pra mim - Logo ele parou de rir e me encarou com a frieza de sempre. - Sabe a quanto tempo eu tô querendo te dar uma surra? - Cruzei os braços negando. - A muito tempo, bem antes da Maria Luiza estar envolvida nesse caralho todo.
Rato: Ela não tá envolvida em nada.
Barão: Tá dizendo isso pra diminuir o peso na consciência? - Ele balançou a cabeça se encostando na cadeira. - Você bateu na minha mulher - Falou levantando um dos dedos das mãos. - Tirou minha filha de casa contra a vontade dela... bateu nela, duas vezes... invadiu o meu morro e matou meu sub e alguns moradores - Riu. - Rato, olha pra mim e diz que tu não merece a surra que eu vou te dar, diz.
Fiquei em silêncio.
Quem tava ali me encarava com o semblante cheio de raiva. Provavelmente alguns eram parentes dos tais moradores que matei e estavam ali pra ajudar Barão a me surrar.
Não tiro a razão deles. Eu no lugar deles faria a mesma coisa e mataria quem quer que tivesse feito mal a minha família. Só quem é do morro sabe o sofrimento que é com cada invasão.
Uma hora você tá de boa na rua olhando seu filho brincar enquanto conversa com a vizinha e no instante seguinte você vê seu filho estirado no chão quente com um puta furo no peito.
Isso dói. Sempre dói e ninguém nunca vai se acostumar com isso, porque não é normal.
Barão: Eu ia te matar - Encarei ele. - Eu juro que ia te matar mas pensei em como meu neto ia se sentir quando soubesse que matei o cuzão do pai dele... porra! Certeza que o moleque ia se revoltar e querer meter uma bala no meio da minha testa, imagina!
Rato: Se você quer me bater, por que não bate logo?
Barão: Te bater? - Riu. - Eu? - Negou se levantando. - Eles vão te bater - Apontou pros caras. - Eu provavelmente vou ficar pra assistir você quase morrer... ou não. É melhor eu meter o pé porque se não eu vou te matar.
Rato: Tem mais de dez caras aqui - Me ajeitei na cadeira. - Não acha isso covardia?
Barão: Você quer mesmo falar sobre covardia, Ratazana? - Falou vindo até mim puto. Seu rosto ficou bem próximo do meu. Aquilo sim era olho no olho. - Tu é um covarde - Falou baixo dando um tapa na minha cara. Passei a língua nos dentes e encarei ele de novo. - Tu é um covarde, filho da puta que fodeu com o emocional e o psicológico da minha filha - Outro tapa. - Matou gente inocente - Mais outro tapa. - Deixou uma criança de três anos sem o pai - Outro tapa, dessa vez mais forte. - A minha vontade é de te torturar até escutar tu implorando pelo caralho dessa tua vida de merda!
- Patrão! Tentei segurar mas não deu.
Malu: Que isso? Por que ele...
Barão: Tira ela daqui - O mesmo cara que alertou pegou ela no colo e saiu voado dali. Barão cuspiu pro lado e me olhou. - Eu sou um filho da puta mas tu consegue ser dez vezes pior.
Rato: Acaba logo comigo - Ele negou se afastando.
Barão: Você tem filho pra criar, esqueceu? - Riu. - Tá achando oque? Que vai deixar o moleque com a mãe e vai meter o pé pra pista? - Negou estalando a língua. - Foi bom na hora não foi? Então agora tu vai segura a pica.
Ele riu fraco e tirou um cigarro do bolso o acendendo em seguida.
Barão: Arrebentem essa Ratazana - Falou saindo. - Fica vivo em, bonitão! Caso contrário, deixa comigo que vou lembrar ao moleque o quão forte você foi na hora da morte.
Escutei a risada escrota dele se afastando e encarei os caras que vinham se aproximando cada vez mais de mim. Me derrubaram da cadeira e fiquei por ali mesmo, enquanto sentia cada soco e chute sendo desferido no meu corpo.
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tava pensando em passagem de tempo pro próximo capítulo maaass primeiro quero saber... oque cês querem 🤔 ???? falem p mana 😝
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155 [Morro]
Fanfiction➝ Rio de Janeiro, Complexo da Maré📍|| Se eu não puder fazer você a pessoa mais feliz, vou tentar chegar o mais perto disso possível. iniciada em: 23/03/2020