▪︎ MARIA LUIZA ▪︎
Meu corpo pedia cama e muita muita comida.
Era muito cansativo ter que ficar subindo aquele morro todo santo dia depois de ter ficado mais de cinco horas em pé.
Malu: Meu Deus eu preciso de um carro! - Parei num canto pra descansar.
Aqueles meninos só apareciam quando eu não precisava e agora que eu preciso ninguém aparece.
Voltei a subir e cumprimentei algumas pessoas. Cortei caminho e acabei saindo na rua da minha antiga casa.
Ela parecia intacta, mas com as paredes pretas e meio quebradas. Coração apertou dentro do peito e eu me segurei pra não desabar no meio da rua.
Eu ia embora, mas acabei escutando barulho vindo de dentro. Curiosa do jeito que eu sou, fui entrando na casa e dando de cara com meu pai que revirava as tábuas queimadas.
Malu: Pai?
Era a primeira vez em quatro anos que eu via ele e admito ter sentido falta. Ele era diferente antes das drogas, das bebidas, das más amizades. Ele me dava amor, carinho, brincava comigo e era o melhor pai do mundo.
Rael: Achei que tinha morrido com a cadela da sua mãe - Olhei sem entender. Ele parou de mexer nas tábuas e se levantou, virando pra mim. Ele parecia péssimo!
Malu: Oque?
Rael: Você não nasceu surda, Maria Luiza - Debochou.
Malu: Qual é o seu problema? - Ele respirou fundo e cruzou os braço me olhando.
Rael: Como vai a vidinha de mulher de traficante? Pelo jeito vai bem né?! Tá de roupinha nova, tem tudo na mão, não precisa trabalhar...
Malu: O único homem de quem eu sempre dependi foi o senhor e mesmo depois de quatro anos isso nunca mudou - Ele riu.
Rael: Sua modéstia me comove, Maria Luiza - Ele tirou uma garrafa de cerveja debaixo do sofá e bebeu. - Cadê sua mãe?
Malu: Ela morreu, não ficou sabendo?
Rael: Demônios não morrem - Falou rindo. - Acha mesmo que Ester morreria assim? Do nada?
Malu: Ninguém manda um aviso prévio antes da morte, pai.
Rael: Pai! pai! pai! - Resmungou me imitando. - Puta merda, para de me chamar assim. A gente nem se parece.
Malu: Oque você quis dizer com isso?
Rael: Eu não te criei surda nem burra - Riu. - Você é esperta demais e vai saber ligar as pecinhas desse pequeno quebra-cabeça.
Malu: Mas - Segurei seu braço e vi seu rosto machucado, nariz branco e olhos com olheiras fundas. - Por que o senhor sumiu por todo esse tempo e só voltou agora?
Rael: Senti saudades da minha filhinha - Debochou. Soltei seu braço e revirei os olhos, escutando sua risada. - Tenho negócios a tratar com seu pai.
Malu: Por que o senhor fala como se isso fosse a coisa mais normal do mundo?
Rael: Porque é.
Malu: O senhor me criou, me deu tudo que eu precisava - Ele desviou o olhar. - Some e volta dizendo que não sou sua filha? - ri. - Não era você a pessoa que dizia que pai é quem cria? Não tá sendo um pouco hipócrita da sua parte?
Rael: Eu não vou ficar batendo boca contigo, porque não foi pra isso que eu vim aqui. Sumi sim e foi por motivos meus, não vou ficar te dando satisfação das coisas que eu tenho que fazer.
Malu: Pai, não é questão de dar satisfações. O senhor é a única família que me resta e quando volta solta essa bomba? Oque foi que eu fiz de tão errado pra você?
Rael: Você nasceu, Maria Luiza! - Gritou. - Você nasceu e virou...
Malu: Virei oque? - Eu já chorava, claro. Não é fácil ter que lidar com mais uma notícia ruim e minha armadura estava se quebrando aos poucos. - Vai pai, fala!
Rael: Já falei pra não me chamar assim - Falou impaciente. - Eu vou embora.
Malu: Não! - Gritei. - Termina de falar!
Rael: Vai se foder, Maria!
Acompanhei ele até a rua e encarei suas costas. Meu coração se despedaçou total e eu já não me aguentava mais em pé.
Desmoronei ali mesmo.
RD: Malu? - Apoiei os cotovelos nas pernas e chorei mais. - Oque aconteceu? Quem era aquele cara?
Malu: Me tira daqui, Ricardo. Por favor!
▪︎▪︎▪︎
Maratona dos amigos nos próximos capítulos 🤭
VOCÊ ESTÁ LENDO
155 [Morro]
Fanfiction➝ Rio de Janeiro, Complexo da Maré📍|| Se eu não puder fazer você a pessoa mais feliz, vou tentar chegar o mais perto disso possível. iniciada em: 23/03/2020