155 [Morro]

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▪︎ MARCOLA ▪︎

A parada tava tensa naquele hospital. Era enfermeira correndo de um lado e mais um monte de mulher grávida gritando de outro.

Titu chegou assim que nós botou os pés no lugar e voou pra sala com a doida da Flávia. Tava aguentando os grito dela não, parecia que tava com capeta no corpo pô.

Já tinha ligado pras meninas tudo e tava sentado num canto esperando elas chegarem.

Encostei a cabeça na parede e fechei os olhos pra tentar esquecer os problemas que eu tava tendo. Não eram problemas, mas era umas parada que tava tirando meu sossego.

O lance com a Giulia tava estranho demais. A doidona falava uma coisa e fazia outra! Tem mais de duas semanas que nós não se fala e o foda é que eu sinto falta.

Raissa é outra que tá atormentando a cachola. Foi embora e não deu notícias até hoje. Já liguei, mandei mensagem e os caralho mas nada da filha da puta responder.

Meu celular começou a vibrar no bolso e eu peguei, vendo o nome da Raissa brilhar na tela.

📱Ligação on

Marcola: Lembrou que tem irmão?

Raissa: Nunca esqueci de você... Só que aconteceram coisas que é difícil de explicar por telefone, principalmente pra você.

Marcola: Custa responder a porra das mensagens que eu te mando Raissa? Atender as ligação? A única família que eu tenho tá do outro lado do mundo me ignorando pô, tu acha que eu tô de boa com isso?

Raissa: Desculpa Marcos, mas é complicado e eu não tô te ignorando... eu não quero brigar com você, por favor não faz eu desligar na sua cara.

Marcola: O que aconteceu? Tá precisando de alguma coisa?

Raissa: Não, tá tudo bem. Já me estabilizei por aqui, conheci uma menina que me ajudou com tudo e já arrumei um emprego, não precisa ficar me mandando dinheiro.

Marcola: O dinheiro é meu, paro de mandar quando eu quiser... oque tu quer?

Raissa: Como tá a Flávia? O bebê tá bem? E o pessoal?

Marcola: Tá geral bem... tô com saudade.

Raissa: Eu também... irmão, tenho que ir mas prometo que te ligo mais tarde.

Marcola: Enfia promessa no cu, Raissa.

Raissa: Mas...

📱Ligação off

Assim que guardei o celular no bolso escutei o grito das meninas e todas com o rosto inchado.

Parecia até que eram elas que tavam tendo bebê.

Marcola: Senta o cu aí e se acostuma com o lugar que já já vai ser você - Falei com Valentina. A barriga dela tava pontudinha já e pelo oque entendi era uma menina.

Tina: Quero voltar a dormir de bruços, tá foda - Comentou sentando.

Malu: A Nath tá aqui? - Neguei. - Vocês viram o Ricardo? Tem tempo que não vejo ele... tô com saudades.

Marcola: Tu só vive na porra daquele morro, pô. Quer oque? - Ela fez careta e se virou pra Valentina.

Giulia entrou toda afobada com RD, Jaqueline e Nathalia atrás dela e eu levantei indo pro lado do bebedouro. Tava afim de falar com ela não.

Peguei um copo de água e fui pra parede de vidro fora da sala. A vista era foda e ainda dava pra ver o morro a alguns metros de distância.

Giu: Ei, Marcos... A gente pode conversar?

Marcola: Agora você quer falar comigo? - Ri irônico. - Quer esperar mais algumas semanas não?

Giu: Para de graça, eu tenho que te contar uma coisa.

Marcola: Então fala - Virei pra ela. - Me diz por que ficou mais de duas semanas sem olhar na minha cara - Cruzei os braços encarando ela serinho que tava de olho no chão e nervosa. - Bora Giulia!

Giu: Espera cara, uma hora vai sair, só espera - Soltei a respiração pelo nariz e cocei a barba por fazer. - É complicado...

Marcola: Porra! Ou tu fala agora ou quem vai ficar mais de duas semanas sem falar contigo sou eu... situação feiona, tá ligada? Tu fala que quer um relacionamento e sem eu nem ter feito nada já para de falar comigo? Que relação é essa cara?

Giu: Eu sei que tô errada, cara... Tem como você se acalmar e esperar?

Marcola: Quem espera é mulher grávida, Giulia - Fui saindo dali mas ela segurou meu braço me puxando pra frente dela de novo.

Giu: Exatamente - Fiquei olhando ela sem entender. Nós ficou assim mó tempão, um olhando pro outro. Eu sem entender nada e ela com cara de idiota.

Marcola: Exatamente, oque?

Giu: Misericórdia, sua lerdeza me assusta e espero que nosso filho não puxe você - Sorriu. Estalei a língua e fiz bico me afastando.

Marcola: Filho? Oh Giulia, tu não brinca com essa porra não.

Giu: Tô com cara de quem tá brincando, Marcos?

Marcola: Por isso ficou sem falar comigo esse tempo todo? - Assentiu. Soltei o ar e olhei pro chão coçando a cabeça. Ter filho agora não tava nos meus planos não, papo reto mas já que Deus mandou vou ter que segurar a pica né. - Tu tem certeza?

Giu: Absoluta! - Ela sorriu se aproximando de mim e eu abracei ela forte. Cheirei seu cabelo e beijei seu pescoço vendo ela se arrepiar. - Desculpa ter feito isso é que eu não sabia como você ia reagir... Tava com medo.

Marcola: Medo de quê, filha? - Balancei a cabeça rindo. - Te amo pra caralho nojenta, tu acha que ia te largar com um bebê na barriga é?

Giu: Pior que achei... aí! - Puxei o cabelo dela.

Marcola: Tá engraçadona você - Riu. Beijei ela e a abracei mais forte. - Te amo pô.

Giu: Também te amo.