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▪︎ RATO ▪︎

Assim que um dos caras falou que ela tava subindo eu não acreditei. Papo do coração sair pela garganta, não tava nem me entendendo.

Passei a mão pela cabeça várias vezes, tentando raciocinar e ver oque eu ia fazer. Fiquei horas nessa e decidi ir pra casa, sabia que ela ia pegar as parada dela e era provável que aquela seria a última vez que eu a veria.

Deixei RD no comando de tudo e parti pra casa. Parei um pouco antes, vendo ela parada no portão. Sempre que ela ameaçava dar mais um passo, parava e olhava pros lados nervosa. Maria abaixou a cabeça e ficou daquele jeito por uns minutos até passar pela porta de uma vez.

Esperei um pouco e resolvi deixar a moto ali mesmo. Cumprimentei os segurança e entrei. Poucos minutos ali dentro e o cheiro dela já tava por toda parte.

Subi as escadas e encontrei ela no nosso antigo quarto jogando todas as roupas dentro de uma mala grande. Ela chorava baixinho e eu entrei de uma vez, vendo ela balançar a cabeça me mandando sair.

Rato: Nós tem que conversar, Maria.

Malu: Eu não tenho nada que conversar com você - Soltei o ar e me aproximei dela, sentando na cama. Fiquei olhando ela ir de um lado pro outro, segurando a vontade de fazer ela parar. - Para de me olhar assim e sai daqui.

Rato: Eu tô na minha casa.

Malu: Verdade - Falou sorrindo falso, fechando a mala. - Eu saio... - Levantei no pulo e segurei seu braço. - Me solta. Não tô querendo ter que fazer a mesma coisa que você fez comigo.

Rato: Eu já falei que tava drogado e te pedi desculpas. Até quando vai ficar jogando isso na minha cara?

Malu: Suas desculpas não vão mudar nada - Soltei seu braço. Maria sentou na poltrona perto da porta e eu voltei pra cama. - O fato de você ter me traído também não muda minha vontade de me afastar de você.

Rato: Se afastar de mim? Por que você quer se afastar de mim?

Malu: Porra! Não tá obvio?

Rato: Não. Não tá obvio. Quero você olhando nos meus olhos, dizendo que não quer mais nada comigo e que não me ama.

Malu: Eu tenho que ir embora - Antes dela sair, puxei seu braço e tranquei a porta, colocando a chave no meu bolso. - Destranca a porra dessa porta! 

Rato: Maria Luiza fala olhando pra mim, vai! - Ela fez uma careta segurando o choro e me olhou, tentando falar. Cheguei mais perto e ela abaixou a cabeça resmungando. - Olhando pra mim!

Malu: Para! Para, William. Não da, não consigo.

Rato: Não consegue porque sabe que a gente tem que ficar junto - Negou. - Temos que ficar junto sim Maria. Pelo amor de Deus, garota. Eu te amo - Ela me olhou impassiva. 

Malu: Você fala isso pra todas na hora da despedida? - Riu. Continuei sério e ela desfez o sorriso. - Eu não sinto o mesmo.

Rato: Então fala olhando pra mim caralho! - Gritei. Ela se afastou de mim e eu respirei fundo. - Se tu diz não sentir o mesmo, vai ser fácil essas parada sair da tua boca.

Malu: Não da - Falou sem me olhar. - Você não entende.

Rato: Então explica - Bufei. - Porra qual é o problema? Fala caralho!

Malu: William, o problema é que te amar dói - Fiquei olhando ela sem reação, mas aquilo tinha doido. De novo ela começou a chorar, mesmo fazendo força pras lágrimas não descerem. - Me machuca e me quebra aos poucos. E eu não tô aguentando mais.

Ela olhava pro chão e eu encarava o nada. Tava no puro ódio, com vontade de socar a cara de alguém e quebrar a porra toda.

Amo ela pra caralho e se o melhor for deixar ela ir, vou deixar.

Rato: Então eu te faço mal? - Ela não respondeu e eu fui até  ela, parando em sua frente. - Não faz eu repetir meu erro, Maria. Me responde.

Malu: Por que faz perguntas que você já tem a resposta? 

 Soltei o ar e olhei ela.

Eu era um puta de um otário. Um cuzão mesmo. Fui babaca e o pior de tudo é que só me liguei no erro depois que perdi ela.

Rato: Então sai daqui - Peguei sua mala e desci com ela atrás de mim. Paramos na porta e eu entreguei suas coisas, vendo ela sair sem olhar pra trás. - Se você voltar aqui eu te mato!

Malu: Oque? - Perguntou em grito se virando. - E como eu vou ver as meninas, William? Você não tem esse direito!

Rato: Passei a ter depois que virei dono desse morro - Ela abriu a boca pra falar, mas fiz sinal pros caras tirarem ela dali. - Passar bem!

Fechei a porta e me joguei no sofá, acendendo outro baseado. Cabeça foi longe, mas como sempre, meu sossego não durou muito.

Brenda: Oque aquelazinha tava fazendo aqui, Rato?

Rato: Se fosse pra você saber tinha te chamado pra conversa - Levantei vendo sua cara de bosta e fui pra cozinha. - Oque você quer? 

Brenda: Vim ver se você precisava de alguma coisa.

Rato: Preciso que tu suma da minha frente antes que eu te quebre na porra da porrada - Sorri na direção dela e peguei a garrafa de Whisky dentro do armário. 

Ela saiu sem falar nada e eu agradeci. Peguei os saquinhos de cocaína dentro do bolso e despejei na bancada, cheirando quase tudo.

Tava ligando pra nada e muito menos pra ninguém.

Eu não tinha nada a perder mesmo.  

155 [Morro]Onde histórias criam vida. Descubra agora